Lula condena a ocupação da Ucrânia e defende a ditadura cubana. Há intelligentsia no PT e no governo Lula?

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A segunda-feira foi agitada no Brasil. Lula na Argentina com discursos fortes e pontualidades que chamaram muito a atenção.

Flávio Dino acertou em cheio ao patrocinar o resgate do povo Yanomami, massacrados nos últimos anos, especialmente pelo incentivo aberto de Bolsonaro aos garimpeiros. O governo Bolsonaro nunca teve uma visão crítica sobre o massacre que era patrocinado contra os indígenas e errou feio ao apostar que ficaria ad perpetuam no poder e que os garimpeiros lhe garantiriam estabilidade e permanência no poder. É claro que tudo se configura – sim – genocídio.

Agora, o discurso de Lula na Argentina, ao lado do presidente Alberto Fernandes, teve dois pontos de alto impacto mundial. De um lado, defendeu a moeda comum com a Argentina e citou o exemplo dos países que não podem comprar dólares. De outro, criticou seriamente a Rússia pela invasão da Ucrânia e aqui seu discurso ganhou repercussão mundial imediatamente, pois fez coro com o atlanticismo e com a OTAN, deixando as construções discursivas da esquerda em maus lençõis.

A crítica dos estrategos de geopolítica internacional, inclusive os brasileiros, era pela defesa de uma aliança com a Rússia, China, Brasil e Argentina, inclusive incentivando a construção, pela China,  de uma base naval, em Ushuaia, Argentina.

Lula declarou que vai incentivar o gasoduto da Argentina, pois realmente o Brasil precisa do gás argentino, mas jogou um balde de água fria na sonhada aliança China, Rússia, Brasil e Argentina.

O discurso de Lula defendendo a ditadura cubana foi a parte mais medíocre e absurda. Lula esquece-se de que os cubanos vivem uma ditadura cruel e que não tolera oposição. Se de um lado é verdade que o embargo existe desde 1960, de outro, também é verdade que não existe democracia nenhuma no país e aqui Lula errou muito feio.

Lula, apesar das grandes sapiências do PT, está muito mal de analistas. É claro, ganhou muito quando defendeu o apoio a Argentina, ao gasoduto, e quando condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, ao mesmo tempo em que abortou a sonhada aliança com Rússia e China.

Seria mais palatável defender a ocupação da Ucrânia que defender a ditadura cubana.

Lula se afastou da Rússia, isolou a China e ameaçou, por tabela, os EEUU, ao defender uma moeda comum, que certamente envolveria Argentina, Venezuela e Brasil. O discurso de Lula deve ter desagradado ao Kremlin Moscovo e, ao mesmo tempo, a Casa Branca em Washington, D.C, onde estará em fevereiro próximo.

A Casa Branca se preocupa mais com o dólar e com a criação de uma moeda comum do que com a Ucrânia, onde os americanos estão nessa guerra mais pelos ingleses que pelos ucranianos.

Lula poderia ter saído da Casa Rosada mais forte se acenasse com a aliança com a Rússia e a construção da base naval em Ushuaia, Argentina, pela China. Lula errou ao não defender a aliança russa-chinesa e também errou ao atacar o dólar, pois colheremos as consequências.

É claro, isso são conjeturas minhas que conheço o pensamento da esquerda e da direita nacional. Agora, admito, em tese, que ao defender a moeda comum e ao defender o atlanticismo e a OTAN, sem citar nada, mas ao combater a Rússia pela ocupação da Ucrânia, Lula possa também estar se firmando como uma alternativa de poder, tipo uma terceira via ou terceira força no complexo tabuleiro geopolítico da nova ordem internacional.

Existe, ainda, subjacente, um outro elemento que pode ter pesado na construção discursiva de Lula e nisso o general Paiva pode ter um dedo, só um dedo, que é a ampla simpatia das altas cúpulas das FFAA a Putin e a ocupação da Ucrânia. Nessa hipótese, Lula pode ter jogado com as premissas corretas, embora eu ache que o PT não tem intelligentsia para sacar essas jogadas e nem acredito que o generalato brasileiro 4 e 3 estrelas também consiga perceber além do óbvio da geopolítica mundial.

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