Sobre o discurso de posse de Lula: preocupante para quem sabe entender o óbvio além das palavras.

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Escutei atentamente o discurso de posse de Lula. Nenhuma novidade expressiva, para quem o conhece, exceto que ele assumiu o controle das redes sociais. Ademais, declarou, sem citar nomes, que o negacionismo da pandemia, deverá ser punido. Criticou o desmonte do ensino superior e reafirmou a defesa do ensino tecnológico e superior, bem como o incentivo à Pesquisa.

O revogaço do decreto de armas e munições é só o começo. Atinge em cheio os armamentistas.

Lula fez ampla referência aos negros e propôs um resgate da ancestralidade violada. Invocou a proposta de defesa da Amazônia e dos nossos biomas, sem citar nenhum deles, sem deixar claro a quais se refere, se os biomas constitucionais ou não. Deu muito ênfase ao resgate do projeto minha casa minha vida, assim como deu destaque à condição de combate a pobreza e lembrou a importância das 3 refeições por dia. Mas não falou na picanha.

Criticou muito a violência e a discriminação contra a mulher, prometeu rever a reforma trabalhista e previdenciária. Prometeu incentivar a integração a partir do Mercosul e ampliou o leque aos EEUU, a Àsia e aos países árabes (sem nominá-los), mas não propôs um governo social-democrata, sequer. Apologia forte as estatais e promessa de revisão das privatizações.

Não citou uma linha e nenhuma palavra no combate a corrupção nos órgãos públicos e deu destaque a liberdade religiosa. Citou Deus ao afinal de seu discurso e chamou a todos de companheiros.

Eu diria que foi um discurso óbvio, sem novidades, com fortes tons revanchistas ao governo passado. É óbvio que Bolsonaro vai para a cadeia, se depender de sua vontade. Mas – estranhamente – nada citou sobre o abuso de poder do judiciário, lawfare,  que o levou a cadeia, algo que eu não acredito que fique assim. O silêncio não foi proposital, assim como a proposta petista de desestruturação da atual concepção das forças armadas.

É claro que seu discurso, omisso em muitos pontos, particularmente sobre o agronegócio, controle estatal das redes sociais, revanches contra os que saíram, serão temas que emergirão, especialmente porque o Senador Dino já vem defendendo suas propostas há muitos dias e Lula reafirmou a importância do ministério da justiça e segurança pública.

Eu diria que não foi um discurso equilibrado, de conciliação nacional e nem pacificador. Pelo contrário, sem deixar claro, estava cheio de revanche e ódio, apesar da reafirmação do compromisso com os pobres e com velhas bandeiras do PT. Se posto em prática, será bom, sem sombras de dúvidas, para os setores mais pobres e marginalizados da sociedade brasileira.

Trocou a gravata vermelha e usou uma gravata azul, da mesma cor do terno. Seu vice é que usou a gravata vermelha. Deve ter sido combinado.

É o começo de uma nova realidade no país. Um discurso preocupante para quem sabe entender o óbvio além das palavras.

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