A morte de um desembargador honrado e digno, por MARCO A. BIRNFELD

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Aos 80 de idade, morreu nessa segunda-feira, 17 de abril, em São Leopoldo (RS), o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) Sejalmo Sebastião de Paula Nery (foto). Era uma pessoa ímpar e generosa. Vítima de um incêndio quando bebê (ficaram sequelas) e recolhedor, quando menino, de lenha nos rigorosos invernos dos campos de cima de Serra – ele foi criado, desde cedo, em patronatos, sem a presença dos pais.
“Em 15 anos, devo tê-los visto duas ou três vezes, esparsamente. Sem mágoas! Tenho orgulho do que fui e do que sou, de minhas origens e das minhas lutas, de meus ancestrais, principalmente de meus avós maternos e de minha mãe” – contou ele ao Espaço Vital, ao se aposentar em novembro de 2012.
Sejalmo lembrou que, ao cursar o primário, quando uma professora leu uma redação sua no colégio (“O que quero ser quando for adulto”) fora motivo de risada de todos. A pretensão dele – garoto pobre ser advogado – foi considerada absurda. Quase o mesmo ocorreu quando ele estava por concluir Direito, em 1971: “Revelei entre os colegas universitários que queria ser juiz, e não faltou quem dissesse que isso era impossível. Mas a palavra de ordem é a permanente atualização e jamais desistir diante do primeiro revés, ou obstáculo”.
Um relato sobre sua rotina na magistratura: “À esposa, elogios pelo companheirismo em anos de mudanças por diferentes cidades. Lembro o impacto da chegada de um juiz negro, com família numerosa constituída – cinco filhos – ao chegar em cada comarca. Por si só, causava surpresa. Mas a repercussão quase sempre era positiva, em razão da minha formação sócio-política e educativa, e da minha esposa, Elenita, professora atuante do ensino médio, que muito contribuiu comigo, com seu dinamismo e cultura”.
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