Ana Flores era minha amiga, muito mais que amiga, uma verdadeira Irmã.
Ana era uma sonhadora, pensamento complexo.
Sempre nos recebia com carinho e afeto. Cuidava da NINA, fazia penteados na Nina e sempre dava um toque especial na culinária.
Era minha amiga da madrugada. Ana sempre me ligava por volta das 4 horas da manhã. Conversávamos muito sobre Freud, Jung, Lacan … Muitas vezes, conversávamos até o clarear do dia. Ana sabia do meu sofrimento pela ausência da Nina e era a única pessoa sincera, que me ajudava sinceramente.
Ana não era desse mundo. O mundo dela deve o mesmo meu, espero, na fantasia das almas, que a reencontre.
Quando ele testou positivo, avisou ao Dr. Marcos, que me avisou. Conversei com ela posteriormente. Ela sabia que não morreria e eu também. A gente sempre acha não vai.
Brincando, ela fez um acordo verbal comigo: se existir alguma coisa do lado de lá o primeiro que for, vem avisar o outro.
O quadro no Capão do Cipó tá demais. Sei de vários amigos em observação. Tem vírus demais para pouca gente.
Quero ver os cínicos que a perseguiram em vida. As cínicas, também. Devem estar postando emojis com lágrimas de crocodilos.
Sabia que pouco antes do óbito que o quadro era irreversível. Não levou mais que meia hora.
Ana sabe que eu não tenho mais lágrimas…era a pessoa que melhor entendia minha dor diante da destruição da minha família e a separação da Nina.
Ligou para a Eliziane, há poucos dias, e tentou acertar tudo em paz … sempre tudo em vão. Ela própria me disse que estava céptica quanto a um acordo de convivência minha com minha filha.
Era uma gigante para trabalhar.
Era uma luz no Capão do Cipó.
Hoje, na noite fria, certamente o céu está sem estrelas, e, mesmo que aparecerem algumas, a estrela da Ana não estará entre nós.
Eu perdi a melhor amiga da minha vida. Fui advogado dela, conhecemos realidades ocultas mais do que ninguém.
Ao Paulo, seu esposo, aos seus 3 filhos, e demais familiares, amigos e amigas, só nos resta a reflexão acerca da brevidade da vida e da fugacidade dos nossos sonhos.
Não sei nada sobre o velório, creio que nem deverá ocorrer, apenas o cortejo fúnebre. Estou a 600 kms de Santiago.
Doente, eu pedi para uns amigos me cuidarem. Espero melhorar. A gente sempre espera. Assim como não acreditamos na morte. A merda, é que ela vem e – às vezes – nos pega desprevenido.
A noite é fria. Faz muito frio no Rio Grande do Sul. Dificilmente vou dormir nessa noite.
Não quero que ninguém acredite em mim, longe disso. Mas eu pressenti a hora que a Ana se foi. Só eu sei. Estranhas sensações. Estou completamente isolado, fechado num quarto, a sensação da perda é horrível. Computo perdas em vida e mortes de vidas. Está tudo muito estranho.
Ana Flores era minha amiga, muito mais que amiga, uma verdadeira Irmã.
Ana era uma sonhadora, pensamento complexo.
Sempre nos recebia com carinho e afeto. Cuidava da NINA, fazia penteados na Nina e sempre dava um toque especial na culinária.
Era minha amiga da madrugada. Ana sempre me ligava por volta das 4 horas da manhã. Conversávamos muito sobre Freud, Jung, Lacan … Muitas vezes, conversávamos até o clarear do dia. Ana sabia do meu sofrimento pela ausência da Nina e era a única pessoa sincera, que me ajudava sinceramente.
Ana não era desse mundo. O mundo dela deve o mesmo meu, espero, na fantasia das almas, que a reencontre.
Quando ele testou positivo, avisou ao Dr. Marcos, que me avisou. Conversei com ela posteriormente. Ela sabia que não morreria e eu também. A gente sempre acha não vai.
Brincando, ela fez um acordo verbal comigo: se existir alguma coisa do lado de lá o primeiro que for, vem avisar o outro.
O quadro no Capão do Cipó tá demais. Sei de vários amigos em observação. Tem vírus demais para pouca gente.
Quero ver os cínicos que a perseguiram em vida. As cínicas, também. Devem estar postando emojis com lágrimas de crocodilos.
Sabia que pouco antes do óbito que o quadro era irreversível. Não levou mais que meia hora.
Ana sabe que eu não tenho mais lágrimas…era a pessoa que melhor entendia minha dor diante da destruição da minha família e a separação da Nina.
Ligou para a Eliziane, há poucos dias, e tentou acertar tudo em paz … sempre tudo em vão. Ela própria me disse que estava céptica quanto a um acordo de convivência minha com minha filha.
Era uma gigante para trabalhar.
Era uma luz no Capão do Cipó.
Hoje, na noite fria, certamente o céu está sem estrelas, e, mesmo que aparecerem algumas, a estrela da Ana não estará entre nós.
Eu perdi a melhor amiga da minha vida. Fui advogado dela, conhecemos realidades ocultas mais do que ninguém.
Ao Paulo, seu esposo, aos seus 3 filhos, e demais familiares, amigos e amigas, só nos resta a reflexão acerca da brevidade da vida e da fugacidade dos nossos sonhos.
Não sei nada sobre o velório, creio que nem deverá ocorrer, apenas o cortejo fúnebre. Estou a 600 kms de Santiago.
Doente, eu pedi para uns amigos me cuidarem. Espero melhorar. A gente sempre espera. Assim como não acreditamos na morte. A merda, é que ela vem e – às vezes – nos pega desprevenido.
A noite é fria. Faz muito frio no Rio Grande do Sul. Dificilmente vou dormir nessa noite.
Não quero que ninguém acredite em mim, longe disso. Mas eu pressenti a hora que a Ana se foi. Só eu sei. Estranhas sensações. Estou completamente isolado, fechado num quarto, a sensação da perda é horrível. Computo perdas em vida e mortes de vidas. Está tudo muito estranho.