MARCHA PARA JESUS ESCANCARA NEGLIGÊNCIA DA ESQUERDA PARA EVANGÉLICOS – Parte 1

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Essa matéria assim intitulada está estampada na capa digital do Jornal Folha de São Paulo.

A matéria tem um viés, obviamente. Um viés que tenta na subliminariedade virar o jogo em favor dos petistas.

É claro, ao produzir uma matéria, quem a redige, combinado ou não, coloca o viés que melhor entende.

Só que existem fatos que marcaram os evangélicos e a esquerda, que os analistas políticos não percebem, ou fazem-se de desconhecidos para não desagradar os públicos que já estão enfileirados na esquerda, mas o furo é bem mais embaixo.

Eu me filei ao PT em 1980, aqui mesmo em Santiago. Só que eu já era evangélico desde os 12 anos de idade. Em outra palavras, eu já era evangélico antes de ser petista.

As contradições eram terríveis e caberia um extenso artigo somente para analisar o alinhamento dos evangélicos, no final dos anos 70 e anos 80, com as ditaduras latino-americanas. Onde tinha um general assassino e torturador, do Chile a El Salvador, podem ter certeza que os evangélicos estavam alinhados.

No início, tinha dúvidas para entender a fomentação daquele daquele pensamento nitidamente de direita no meio evangélico.

Depois, sem a facilidade de acesso as informações de nossa época, comecei a entender que esse alinhamento era nacional e internacional. As literaturas evangélicas, boa parte delas, até impressas nos EEUU, numa linguagem acessível, mastigada e didática, faziam a cabeça da maioria dos pastores. Militarismo e evangelismo andavam de mãos dadas. É claro, existiam exceções, mas eram, por isso mesmo, exceções.

Esse fenômeno do Bolsonaro, a rigor, não é – nem de longe – novo. Esse fenômeno tem, muito por baixo, mais de meio século. Embora, boa parte dos jornalistas de esquerda, sociólogos, analistas políticos, cientistas políticos … tenham um erro analítico muito grave, pois eles acham que o engajamento evangélico na vida partidária é coisa muito recente. Eu me lembro bem, na legislatura estadual de 1983 a 1986, na AL-RS a bancada evangélica já tinha uma base de 4 deputados estaduais, 3 deles de Assembléia de Deus. De 87 em diante a coisa corporificou-se ainda mais, especialmente pela aparente confusão do PTB de Sérgio Zambiasi.

Na câmara federal e no senado havia o mesmo fenômeno, embora não despertasse atenção de ninguém, dentre historiadores, sociólogos, cientistas políticos e até mesmo jornalistas, louvável exceção de José Barrionuevo, editor de política de Zero Hora, que percebia muito bem essa emergência nos anos 80.

Deputado Federal Guaracy Silveira
Deputado Federal Guaracy Silveira

Eu me criei dentro de uma igreja evangélica e ainda criança ouvia as histórias do deputado federal Guaracy Silveira,  pastor metodista eleito constituinte em 1934.

 Com uma tremenda imperfeição histórica nossos anais, sem fontes confiáveis, dizem que Guaracy, em 1934, foi o primeiro deputado federal evangélico do Brasil.

Curioso observar na trajetória política de Guaracy é que ele defendia o ensino laico e, em 1930, opôs-se ao projeto-de-lei de Getúlio Vargas que defendia a implantação do ensino religioso facultativo nas escolas. Ele defendia, abertamente, já em 1930, a laicidade estatal.

Segue amanhã, mais uma parte dessa análise.

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