A morte de um raro amigo e outras reflexões noturnas com o Doutor em Psicanálise Davi Damian

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Eu sou 8 anos mais velho que meu amigo Guto Pinto. Entretanto, pelos vínculos familiares próximos e por ter-me criado junto com os filhos do Dr. Valdir e da professora Cleusa, é que fiquei impressionado com sua morte prematura.

Eu não sei a idade do Marco Aurélio e nem da Suzana, irmãos de Guto, mas nos criamos juntos. E também somos parentes pelas linhas tortas, pois a Maria, esposa do Aristóteles Amaral Pinto, tio do Valdir, era irmã do meu pai e sempre teve uma relação cordial e amável comigo. Não sei como e nem bem se deram todas essas histórias, mas eu me criei ouvindo histórias e brigas na repartição dos campos, embora como até hoje eu nunca me liguei em nada material, sempre tratei todos com amor e afeto e nunca me interessei por bens.

O Guto era a pessoa que mais sabia sobre o meu processo da NINA, lia tudo atentamente, pois eu lhe dava as cópias e ele sabia muito de minha dor no caso da NINA.

Quando me pediram exame  psiquiátrico e psicológico, prontamente o GUTO me indicou o médico dele, Dr. Fernando Porto, a quem eu sequer conhecia e fiquei com uma excelente imagem dele. Psicológico, o meu outro amigo, aliás, desde 1978, Dr. Júlio Garcia, indicou-me sua própria filha, a quem eu conheci bebezinha, mas foi muito bom fazer psicoterapia com ela e devo voltar em breve.

O Guto mostrou as cópias para outros professores, pois ele marcou época como excelente professor de Direito Processual Civil. Claro, educado, perguntou-me se poderia dividir as impressões com dois colegas dele da UFSM, com o que eu concordei plenamente.

O dia da morte de GUTO fiquei sabendo quem eram esses professores, pessoas finas, educadas e pegaram meu whatsapp no meu blog. Estava muito mal, porque a morte dele,  para mim, foi muito estranha.

Guto avistou-me ao longo e descia com um pacote de pães nas mãos. O assunto, sempre que falávamos, era sobre a NINA e o processo o qual ele se impressionou muito, conhecia minha rescisória e tinha lido meu agravo interno. No dia em que nos encontramos pela última vez, ele esperou-me no portão da casa de seu pai.

Foi nossa conversa mais longa e derivou-se daí minha curiosa observação, pois eu sou afastado de religiões, e nem sei se temos alma e/ou espírito, mas me marcou profundamente o fato de Guto ter me falando em morte, pela primeira vez desde que somos amigos. Ele me disse que morreríamos, que a morte era natural para nossa idade, mas me chamou muito a atenção o fato dele ter entrado no assunto assim meio de despedida.

Eu fiquei impressionado que fui falar com uma amiga espírita e ela me disse que as pessoas sabem quando vão morrer, embora eu não acredite nessa hipótese. Mas ela me deu um monte de explicações. Nunca saberemos ao certo.

Guto leu todo o meu livro crítico relacionado ao poder judiciário e nunca me fez nenhuma censura, pois ele conhecia a minha dor como ninguém. Ele apenas me perguntou se eu estava preparado, ao que disse, taxativamente, que sim, embora estivesse ainda jogando as últimas cartas.

PASSANDO DA MEIA NOITE E O DIÁLOGO COM O PSICANALISTA DAVI DAMIAN

Passado da meia noite, com o artigo pronto, meu amigo DAVI DAMIAN, uma pessoa fantástica, um psicanalista altamente estudado e logo vai para o PHD em Londres, tendo concluído seu Doutorado na UFRGS,  me chamou para o diálogo, e sempre nossos diálogos são ricos e altamente produtivos. Começamos com a análise do discurso e a confusáo com a análise de discurso, eu entro no meu vício francês e saio atolado na linha francesa, saem as críticas ao estruturalismo e ao gerativismo, e DAVI me diz que eu não devo me desculpar, pois isso parece coisa de cruzado, referência ao católicos militares protetores da terra santa. Entra em pauta ALLAN POE e O CORVO e DAVI me envia o poema de mesmo nome.

É claro, eu conto o quanto essa questão da Palestina me saiu caro com o afastamento de amigos e amigas sionistas, embora sempre reafirmando meu antissionismo e meu sempre semitismo, daí porque eu acho confusa essa questão nas pessoas que sequer entendem a questão sionista e que judeus e palestinos são semitas e irmãos, embora os crimes de Netanyahu contra os palestinos, como se eles não fossem semitas.

MARGAUX HEMINGWAY
MARGAUX HEMINGWAY

Nossa conversa é rica e promissora e DAVI é muito inteligente, qualquer papo com ele sempre se alonga. Davi me recitou Ernest Hemingway, dizendo: “Escreva agora, mas edite pela amanhã como diria Hemingway”. Nem quis aprofundar,  pois Hemingway preferiu estourar sua cabeça com um tiro e sua belíssima neta, MARGAUX (FOTO),  seguiu seus passos, embora ele tivesse 61 anos e Margaux suicidou-se aos 42 anos, no mesmo dia do suicídio de seu avô, que foi premio nobel de literatura pelo livro O VELHO E O MAR. O pai de Margaux,  Jack, também se suicidou, aos 67 anos.  Tal fato levou a cineasta  norte-americana Barbara Kopple produzir o filme  intitulado Running from Crazy, ou Rota da Loucura, sobre os suicídios na família Hemingway, pois a amplidão suicida é mais ampla ainda que minha simples abordagem.

 

 

 

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