Por que a repetição das tragédias com o volume de chuvas?

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*JULIO CESAR DE LIMA PRATES

Eu estudei em Sociologia Urbana o grande problema de construírem cidades ao redor de rios. Depois, vivi na prática a extensão desses erros do setor público.

O cálculo é que tínhamos, na noite dessa quarta-feira, algo em torno de 107 municípios com graves problemas de alagamentos, famílias com perdas terríveis e até óbitos.

A pergunta que emerge? Será que os urbanistas não perceberam que as chuvas, em grandes proporções, podem causar danos irreversíveis aos locais baixos e alvo de acesso fácil da água dos rios?

É óbvio que essas cidades, por alguma razão, foram edificadas em locais errados.

Conversei longamente nessa tarde com o Arquiteto e Urbanista Artur Viero e ele tem a mesma leitura minha, sem termos trocado nenhuma ideia prévia.

Por que em Santiago, embora o grande volume de chuvas, nunca existe um perigo real e iminente? A explicação é fácil, nossa concepção originária prendeu-se numa região longe de rios e num lugar alto. Estamos a 409 metros acima do nível do mar. É claro que as chuvas afetam residências mais pobres, mas nunca viveremos grandes tragédias devido a nossa localização muito alta, especialmente quando o Estado do Rio Grande do Sul é apenas 6 metros acima do nível do mar.

Já tivemos grandes problemas, por exemplo, com a grande proporção de granizos em 2005 e isso afetou, basicamente, as casas cobertas com brazilit 5 e 6 mm. E estes se demonstraram visivelmente frágeis para segurar o grande volume de pedras/granizos.

Outro caso que eu conversei com o arquiteto e urbanista Viero foi a construção de pontes coladas na margem dos rios, e isso fica evidente, com o excessivo volume de chuvas, acaba levando as pontes cuja sustentação é frágil e nada resistentes, justamente por serem feitas coladas nas margens dos rios, até nos vídeos que rolam pelas redes sociais fica óbvio o pouco espaço e a fragilidade dos barrancos e encostas. Esses desabam, cedem pela pressão do volume de agua e as pontes ficam sem sustentações. Acabam sendo levadas.

Artur Viero insistiu que nas obras pouco zelam pela qualidade e sempre estão mais preocupados com os baixos custos das obras.  O resultado disso é o desmoronamento das pontas de pontes coladas nas margens dos rios, como se fossem projetadas para nunca enfrentarem grandes volumes de águas das chuvas. Quando ocorre o excesso natural de chuvas, logo estamos todos com graves problemas e novos gastos públicos, sem dinheiro em caixa, pois até as crianças sabem o caos que estamos vivendo nas finanças públicas estaduais.


*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro Internacional de jornalista nº 908 225, Sociólogo e Advogado inscrito na SA OABRS sob nº 9980, Pós-graduado em Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual. Também é Pós-graduado em Sociologia. 

 

 

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