A CEF de Santiago não tem mais dinheiro vivo e suspendeu todos os saques. Os cartões, altamente atingidos pelos problemas de internet, só ampliam as dificuldades.
Sábado a tarde. Saí para almoçar, como sempre faço. Ruas vazias, poucos carros e nenhum veículo pesado. Apesar das angústias que invadiram a todos, Santiago vive um ambiente de tranquilidade e aparente calma. A mais de 400 metros acima do nível do mar, todos respiram aliviados em Santiago, embora a escalada dos preço assuste a todos. A dono do restaurante onde faço minhas refeições, pintou-me um quadro bem complicado, pois o aumento da cesta básica afetou os comerciante de alimentos. É óbvio que quem tem um kilo ou dois de arroz, sabendo da crise alimentar que se avizinha, vai sempre comprar dois ou três pacotes de 5 kilos. O mesmo raciocínio envolve o azeite, o feijão, farinhas e apenas o consumo de carnes é o que não está afetado. O que houve foi uma busca massiva nos mercados e Santiago se ressentem pela falta de verduras e todos começam a ficar preocupados pelo excessivo consumo dos últimos dias, pois isso pode comprometer o abastecimento sem reposição dos estoques. O mesmo raciocínio afeta o mercado de gás de cozinha.
Mas, no contexto trágico do nosso Estado, com mais da metade dos municípios afetados de alguma forma, Santiago vive uma relativa paz, com problemas normais e que não chegam a assustar. É claro que a facilidade com que as redes sociais espalham as notícias há que se reconhecer um certo assombro nas pessoas, mas como não existem profecias de dilúvios bíblicos, os mais fantasiosos evangélicos apenas acham que tudo é castigo divino e ninguém se preocupa com o descaso aberto do governador Eduardo Leite que, mesmo a despeito de todas as previsões pessimistas, não tomou nenhuma providência para o enfrentamento do caos que se avizinhava.
A situação em nosso Estado é grave, as perdas são enormes e não será fácil o reordenamento de nossa economia. Cidade bem vizinhas a nós, como Jaguari, por exemplo, estão duramente castigadas.
É claro que as redes sociais ampliam o pânico, pois há evidentes impasses climáticos nos EEUU e até na CHINA, isso – de certa forma – assusta as pessoas que têm uma visão apocalíptica.
As previsões climáticas aludem que o temporal dissipa-se nos próximos dias e daí partiremos para a reconstrução, e não será fácil reordenar lares destruídos, com perdas das casas e até mobília inteira. É claro, nem se falando na tragédia das pessoas que faleceram nesses desastres, pois essas perdas são irreparáveis e marcantes para o fim dos nossos dias na terra.
Entretanto, há que se reconhecer o grande empenho de bondade e solidariedade das pessoas, o que é altamente positivo, assim como a solidariedade de outros Estados. Elogiável a atuação da nossa BM, dos Bombeiros e defesa civil, assim como elogiável a presença do Exército e da aeronáutica.
Ponto alto para nossa imprensa, cobrindo os fatos sem medo e com o compromisso de repassar as informações sérias.
Espero que extraíamos lições dessa crise climática, especialmente sobre as construções de casas em lugares baixos e alagadiços, em encostas de rios e de tudo mais que possamos tirar lições, inclusive de pontes coladas em barrancos.
Não creio que seja possível a volta ao ritmo normal na próxima semana e levaremos alguns dias em clima de angústia e espera de condições climáticas ideais.
Ficaremos meses colhendo os frutos dessa tragédia e dos erros de nossos políticos. Mas o Exército está com uma chance de ouro nas mãos. É só mostrar o braço forte e a mão amiga.
Santiago agora distribuíndo novos containers para coleta de lixo. Serão novos focos de baratas, moscas e mosquitos em frente as casas. Não sei como não pensam nos absurdos desses coletores e nem extraem lições altamente corretas, por exemplo, em Canela e Gramado, assim como muitos municípios gaúchos, onde cada um tem seu carrinho do lixo e os coloca na frente das casas na hora do recolhimento, quando estão passando os caminhões do lixo. Santiago repete o erro, sem extrair lições.