Pesquisas e apurações de votos

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Poucas pessoas aqui em Santiago sabem, mas no curso de Sociologia eu estudei muito estatística pura, por força de uma imposição curricular.  Para mim nunca foi novidade expressões como: desvio padrão, coeficiente de variabilidade, intervalo de confiança, margem de erro …

Nesse escrutínio do domingo, quando chegamos nos 30% dos votos apurados eu já tinha bem claro a vitória de Lula.

Por quê?

Simples. Lula seguia encostando e Bolsonaro diminuindo sua margem de vantagem. É claro, eu sabia pelos mapas do TSE os Estados que estavam sendo escrutinados e os que estavam ficando por último.

Era uma obviedade ululante.

É claro, a estatística até soa aparentemente erro, em sua crescente pró-Lula, claramente identificada nos 20%.

A vantagem de 13% a 15% que Bolsonaro deveria abrir abrir a partir de SP, MG, RJ e RS, para equilibrar com o Nordeste e Norte, nem de longe aconteceu. Como eu recebia as parciais em tempo real, com 25% dos votos escrutinados, ainda esperei dos 20% aos 25%, não tive mais dúvidas da vitória de Lula.

É possível que eu tenha sido enganado? Claro, não descarto isso em nenhuma hipótese, apenas construo meus argumentos em cima dos índices oficiais.

Assistindo diversos debates ao longo da noite de domingo, apreciei muito a linha argumentativa do Fernando Luís Schüler, nosso amigo gaúcho, no canal livre, da Band, que levantou o debate da votação de MG, onde Bolsonaro acabou perdendo, embora por pequena margem, mas não alcançou os planos de ampliar a votação com Zema e atingir os 15% de diferença antes dos 50% de apuração. Embora, Bolsonaro tenha diminuído muito sua desvantagem com relação ao primeiro turno.

Em qualquer hipótese, preocupante 6 milhões (quase) de votos nulos e brancos. Outra coisa que nenhum Instituto captou, quase 5% dos votos.

Escrutinados 100% dos votos, Lula obteve 50.90% e Bolsonaro 49.10%.

O Instituto Paraná Pesquisas foi o único que acertou sua pesquisa em reta final e quase na mosca; Lula, 50,4% e Bolsonaro,49.6%. 

A situação estava tão confusa que os Institutos estavam até cruzando metodologias, entre quantitativas e qualitativas.  E todos visavam uma proximidade mais perto da realidade. IPEC e DATAFOLHA deviam fechar suas portas ou trocarem de nomes, tão grandes os erros que cometeram. Embora joguem com a chamada margem de erro, dois para cima ou dois para baixo, a verdade é que esse erro é de mais de 8 milhões de eleitores é gritante. Repito, só escapou o PARANÁ PESQUISAS.

As pesquisas foram usadas vivamente para insuflar os eleitores e manipular com a opinião pública.

É claro que nossa legislação sobre Pesquisas é obscura e só agora é que deve crescer o debate sobre o erro dos Institutos. Sem uma legislação rígida o festival de malversações deve continuar com as eleições municipais de 2024.

Uma das falhas mais gritantes em nossa legislação são os poderes dados aos estatísticos, como se esses soubessem sobre extratificações sociais, classes, estamentos e camadas sociais.

Isso são atribuições do sociólogo. Um cálculo sobre a proporcionalidade habitacional por Estados e depois da concentração por regiões é fácil e qualquer estudante de matemática sabe fazê-lo. Díficil mesmo é acertar a metodologia qualitativa do plano amostral  e isso está escrachado nos erros grosseiros de todos os Institutos, com exceção de um apenas.

É óbvio que faltam sociólogos qualificados, do contrário não se explicariam tantos erros, aliás, uma sucessão de erros conjuntos.

Eu insisto numa tecla. Estatístico é estatítico e sociólogo é sociólogo.  Numa época em que a multidisciplinaridade soa fantasma, o erro está em quem faz a leis, são os políticos que caíram no lero-lero dos estatísticos e excluíram os sociólogos da responsabilidade pelas pesquisas, como se tudo em localização das pessoas dentro das classes sociais fosse uma questão pura de cálculo.

Se fosse assim, seria apenas uma coleta amostral dentro dos dados no IBGE,  com proporcionalidade,  e pronto, aliás, é bem assim que é feito.

O resultado a desmoralização e a demonização das Pesquisas, não sem razão.


Confesso que não estranhei a vitória de Eduardo Leite. Meus amigos de direita, quase todos bolsonaristas, me diziam que votariam em Leite e Bolsonaro. A situação era impensável.

Ao longa da semana falei com um amigo que tem 70 anos, da tradicional família Gomes, de Santiago. Bolsonarista doente, Mas, estranhamente, para governo do Estado, ele era Eduardo. Depois parei para conversar com o Lucas, presidente do PTB local. Bolsonarista, claro, mas para o governo do Estado, era Eduardo Leite. Depois, conversei com uma amiga, a Aline, também Bolsonarista, mas … para governo do Estado, era Eduardo Leite. Por fim, andei pelos canais do Youtube e fui assistir ao santiaguense Leudo Costa, Bolsonarista, mas para governo do Estado, Eduardo Leite. Sei lá, para mim não combina votar em Eduardo Leite para o governo e Bolsonaro para presidente. Assim, como não combina os petistas ligados a CUT, combatendo a privatização da CORSAN, e votando em Eduardo Leite. Também descobri que a mocinha do enredo, afinal toda a namorada do bandido é mocinha, também foi de Eduardo e Bolsonaro. Que coisa mais sem lógica nosso Estado.

 

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