Do fim do ensino superior a ausência de debates em Santiago e região. Amanhã será o fim do SUS

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Em nossa cidade e até mesmo a região, fronteira-oeste e vale do Jaguari, o debate sobre a PEC 206,  de autoria  do deputado federal General Peternelli (União-SP), que institui a cobrança de mensalidades nas universidades e institutos federais, parece extremamente superficial, nem mesmo em Jaguari e São Vicente do Sul, onde temos o IFF, não há debates nem reflexões afins.

Debater e refletir não significa – necessariamente – ser a favor ou contra a PEC do General Peternelli. Entretanto, isso não significa, de maneira nenhuma, subestimar a importância desse debate. Pelo contrário, o debate enseja uma tomada de posição.

Santiago é hoje um polo regional devido sua importância geoestratégica, e, gostem ou não, nos constituímos em importante polo depois de Santa Maria.

Dentro de Santiago temos, hoje, a URI de Erechim, com um campus local que sintetiza toda a luta dos pioneiros, nos finais dos anos 60, com o FUSAN e depois FESAN, tentando implantar o ensino superior em nossa cidade. Dessa luta, tivemos a emergência da FAFIS, faculdade de filosofia, ciências e letras de Santiago. Foi a genealogia do ensino superior em Santiago.

Depois de anos de ensino superior, no começo dos anos 90, em 19 de maio de 1992, assistimos a entrega do patrimônio de Santiago para a URI de Erechim, ficando o comando a cargo da FURI/Erechim.

Já no início dos anos 2000 em diante, mais notoriamente nos governos Lula e Dilma, tivemos uma política de ampliação do ensino superior, especialmente com a criação da UNIPAMPA, uma universidade federal, pública e gratuita, que  se espraiou pela região, mas nunca conseguiu entrar em Santiago.

Santiago também ficou fora da UERGS, uma universidade pública e gratuita, porém, estadual. Da mesma forma, a ampliação dos Institutos Federais Tecnológicos não beneficiou nossa cidade, sendo que Jaguari, modesta cidade de pouco mais de dez mil e 500 habitantes, ficou duplamente beneficiada pelo IFET, de São Vicente do Sul, distante apenas 25 kms de Jaguari e no Chapadão, dentro de Jaguari.

Contudo, apesar dos esforços das elites santiaguenses que biocotaram insistententemente a chegada do ensino superior público em Santiago, o descontrole do ensino EAD, com preços módicos e pela internet, acabou gerando uma massiva proliferação dentro de Santiago, com pesadas perdas à URI e abrindo crises setorizadas, das licenciaturas, num primeiro momento, e, depois, para outros cursos indistintamente. A URI vive hoje momentos complicados em sua trajetória. Cursos tradicionais como Direito e Psicologia já estão sendo oferecidos na modalidade EAD.

Talvez essa singularidade marcou Santiago definitivamente e isso explica a ausência de debate sobre a PEC 206 do General Peternelli.

Em todo o Brasil crescem os movimento estudantis ... em Santiago e região, apenas silêncio.
Em todo o Brasil crescem os movimento estudantis … em Santiago e região, apenas silêncio.

A rigor, não sabemos o que os santiaguenses pensam sobre o ensino superior público. Nossa imprensa, como sempre, não estimula o debate, nossas rádios, não contrariam a vontade das elites e não debate o assunto, embora a exceção da Rádio e TV Tchê, em fase inicial nos trabalhos on line em nossa cidade e região. Nossos grêmios estudantis e centros acadêmicos se limitam a festinhas e beberagens, apenas ampliam a alienação.

O momento nacional que acaba ditando o nosso futuro enseja a participação de todos nesse importante debate. Dias atrás, publicamos – com exclusividade – o documentos dos generais 4 estrelas, que defendem o fim do ensino público e gratuito superior e que defendem, a partir de 2025, a cobrança pelo atendimento dos brasileiros pelo SUS, que deixa de ser universal e democrático.

Pateticamente, esse debate nunca floresceu em Santiago.

Estamos em campanha para a eleição de presidente, de governador do Estado, de senador, de deputado federal e estadual.

Curiosamente, ninguém sabe o quem pensam os candidatos majoritários e nem proporcionais. Nosso povo, alienado, vai votar em quem vai acabar com o SUS e daqui uns anos estarão todos morrendo nas portas dos hospitais.

A tendência é acabarem com os centros acadêmicos avançados. O ensino público e gratuito marcha para a extinção, assim como o atendimento público e universal pelo SUS.

Sou uma voz sozinha. Mas reconheço minha limitação. E lamento a alienação que reina em nosso meio.

Hoje, é o ensino superior. Amanhã, será o SUS.

Preparem-se.

 

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