Da destruição ao preconceito. Aquilo que não entendem, o rótulo, é loucura …

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A amplitude da assertiva de John Locke, que assevera que o  “O homem é lobo do próprio homem“,  revela-se muito maior no campo psicanalítico que no campo político propriamente dito.

Apesar dos freios morais que as religiões impingem-nos, e aqui devemos nos render a tomística e a escolástica, as pessoas têm uma sede de destruição com relação ao seu semelhante. Parecem que cultivam o prazer em fomentar a torpeza e esse conjunto de sentimentos vis relacionados com à depreciação, com o ato de desfazer, incentivar o ódio e semear sementes de discórdias.

Ninguém gosta de cultivar o elogio às virtudes, apostar na grandeza da alma e valorizar o que temos de bom dentro de nós. O apelo à destruição sempre fala mais alto; o ciúme é um sentimento torpe, que até hoje, com todo o avanço no campo da ciência mental, ainda não conseguimos domesticar, nem estou falando em reprimir, estou falando apenas em domesticar.

O que as pessoas não entendem, elas preferem rotular de loucura. O que escapa ao seu alcance, não é parte da cultura limitada de suas vidas, nem da razão e nem do seu conhecimento parco. A loucura é o rótulo mais fácil para destruir e desqualificar com uma pessoa.

Não sei como esses seres se defrontam com Deus em suas intimidades. Não sei como trabalham perante Deus, se é que têm consciência do mal que praticam ao destruir uma pessoa, aniquilando com ela, seus valores, seus conhecimentos e reduzindo toda uma complexidade de saberes e conhecimentos a um simples rótulo de satisfação intimista subjetiva: “aquilo é louco”, “aquilo é loucura”.

Eu vivo num meio triste, onde citar um simples autor e refletir sobre esse, implica em receber uma carga de depreciações; não sou irracional, pelo contrário, mas não tenho prazer em viver numa sociedade onde não há sintonia, onde as pessoas não estudam e criticam com virulência e destruição, os que ousam estudar e tentam partilhar com os demais reflexões que podem somar e ter alguma utilidade na vida.

A pobreza de espírito é a maior das misérias humanas. A riqueza material existe somente aos olhos de quem quantifica os valores da vida em pedaços de matérias. Haverá o dia, se é que haverá, que todos cairemos na realidade, primeiro, que somos todos iguais, uma só raça na face da terra, que nada dos difere uns dos outros, a doença e a impiedade da morte atinge aos adeptos da matéria e de todo o conjunto de bens materiais. Não importa a casa, a mansão, o casebre ou mesmo o chão do morador de rua, não importa o carro, a marca do carro, o ano, o valor, o certo é que todos nós, os possuídos e os despossuídos, arderemos o mesmo destino, a mesma fatalidade da vida que a tudo e a todos consome.

Eu me exponho com a escrita. Sou um alvo fácil. Por ler e estudar, fora dos manuais e por buscar outras fontes de saberes, sou o alvo preferido, sou o ataque mais fácil, nunca ninguém viu virtudes, não que as busque, mas porque reconheço que sempre pesa e fala mais alto contra a mim é a voz da destruição. Todas as pedras sociais têm em mim um endereço. O endereço de minha vida, é o ponto cativo do carteiro-destino.

Minha filha, quando vai tirar fotos comigo, insiste: sorri papai. Domingo quando a levei, sentamos num campo. Rolamos no chão, ela brincou tempo comigo, sorriu, me beijou, mas ela já mimetizou o quadro social da minha dor, por isso me entende e – nos limites de sua compreensão – procura passar-me o afago e o afeto tão necessários para eu sobreviver, enquanto perdurarem meus dias na face da Terra.

O mais, a voz e a ação dos destruidores e dos que se perturbam pela existência alheia, somando aos que abominam o que não entendem, formam um caratujo coral diabólico, esses – sim – são os agentes do demônio, esses fazem o papel do diabo, às vezes, pessoas do nosso próprio sangue, lastimavelmente.

Da mesma forma, de pessoas que convivem ao nosso lado, de pessoas que conviveram embaixo do nosso mesmo teto e fizeram de nossas vidas escadas para suas subidas.

Por fim, temos ainda aqueles e aquelas, que, compreendendo, mas não conseguindo captar a dimensão além dos seus próprios limites, esquecendo-se de que a limitação está em si e não nos outros, partem para o mesmo ataque de depreciação e destruição. É sempre mais fácil e mais cômodo destruir com palavras e juízos do que enfrentar com os mesmos argumentos, arquétipos e arqueologias, pois um aporema mal sabem se é manteiga ou geleia, se é de passar no pão ou recheio de um peixe.

A cruz e o madeiro de Cristo é um fato histórico. Contudo, o cruciato de vidas na vida em sociedade é um fato diário, real e concreto. Basta não gostarmos do que uma pessoa escreve ou mesmo não entendermos o que ela quer dizer, que emerge o cruciação da depreciação, do rótulo de louco, dos juízos despudorantes contra a honra e do achincalhe como resposta às próprias insipiências do espírito humano.

Não me lamento, enfrento. Tenho a consciência consciente. Sei de mais coisas que os vulgos imaginam. Os ataques pueris e destrutivos caberão ao Eterno julgar, não a mim. Os que se perturbaram com a minha presença e existência e investiram pesado, Deus sabe de tudo, Ele tudo vê. Estou sereno. A dor, se aprende a conviver com ela. Aprendi a conviver com toda a sorte de retaliações e perseguições. Sobrevivo. Estou nas mãos de Deus, O Eterno.

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