A Universidade como um remédio.

*Fernando Freire Dutra

Fernando Freire Dutra
Fernando Freire Dutra

O que mais me preocupa no Brasil, não é especificamente o que é escrito diariamente por repórteres e editores pouco preparados.

O que me preocupa de fato, é o que está ocorrendo dentro das universidades brasileiras – lugar sagrado, que deveria ser o berço de ideias, de civismo, de exemplo, de intercâmbio em nossa sociedade.

Ao longo da minha vida, tive a oportunidade de estudar em diferentes lugares no Brasil. E o que talvez mais me chamou atenção, foi a falta total de predisposição de muitos professores em tentar serem medidadores das diferentes ideias e posições do pensamento.

Existe claramente uma linha de interesse a ser ensinada, e aquilo que não conversa com aquela linha, é visivelmente abafada ou colocada de lado, e em muitos casos humilhadas pelos próprios professores.

Alunos que buscam ampliar as suas respectivas abordagens intelectuais, são constrangidos por uma corrente do pensamento apenas. Creio que, para ansiarmos por uma sociedade mais democrática, livre de pensamento, e com formadores de opinião comprometidos com as diferentes versões, necessitamos revisitar o que está ocorrendo dentro das salas de aula em nosso país.

Quanto mais raiva direcionarmos a determinados grupos, mais esses grupos ficarão na defensiva, e mais ódio e intolerância brotará dali.

Para viabilizar um entendimento entres as partes, a história inúmeras vezes nos ensinou que a melhor forma de fazer isso é por meio da empatia, do ensino, do entendimento do diferente – e não da retaliação, como tem sido feito.

Na universidade, o ensino é o principal instrumento de pacificação social. Não podemos admitir seu uso como arma de ataque.

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*Fernando Freire Dutra, * Mestrando em Política Internacional pela Georgetown University em Washington, DC.
* Mestre em Gestão e Políticas Públicas (FGV-SP);
* Pós Graduado em Marketing Estratégico (FGV-RJ);
* Pós Graduado em Gestão de Negócios (Fundação Dom Cabral);
* Pós Graduado em Concessões e PPP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo em Parceria com a London School of Economics)
* Bacharel em Relações Internacionais (ESPM).

Mensagem de Despedida de Fernando Freire Dutra da posição de Adido Econômico Adjunto do Brasil em Washington, DC

MINISTÉRIO DA ECONOMIA
Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais
Escritório do Ministério da Economia junto à Embaixada do Brasil em Washington

DESPACHO

Processo nº 19960.100016/2023-96

Assunto: Mensagem de Despedida do Adido Econômico Adjunto do Brasil em Washington, DC. Sr. Fernando Freire Dutra

Prezados Srs:

Fernando Freire Dutra
Fernando Freire Dutra

Hoje me despeço das minhas funções no Ministério da Economia. Foram três anos de trabalho! Dois deles
servindo em Brasília, DF, e o último representando a equipe econômica junto a Embaixada do Brasil em
Washington, DC.

Em uma recente visita ao memorial de George Washington, me deparei com um curioso relato sobre sua vida. Ao final da Guerra da independência americana em 1783, G. Washington proclamou ao Congresso
Americano – “Having now finished the work assigned me, I retire from the great theatre of Action” . Na
sequência, renunciou à sua Comissão de Comandante Geral do Exército Continental e retirou-se para sua
fazenda em Mont Vernon para recomeçar sua vida como cidadão privado junto a sua família.

Esse pequeno trecho de sua história esteve comigo desde então. O cargo público como uma passagem, que
deve ser aproveitado para acrescentarmos uma semente a mais, dentre tantas que já foram semeadas, e
tantas mais que serão plantadas por outros que ali ocuparem. O cargo público como um instrumento para
ajudarmos nosso povo, para doarmos as habilidades que temos em prol do país. O cargo público, como a
melhor forma de deixarmos o exemplo para os próximos que virão.

Sempre considerei o serviço público como a função mais nobre a ser exercida em uma democracia. Uma
doação do nosso tempo, da nossa energia, do nosso espírito cidadão em prol de nosso país. Tenho muito
orgulho das muitas entregas que fizemos, e das amizades que criamos! Serão anos jamais esquecidos.
Nesse período, estive ao lado dos profissionais mais incríveis que já conheci. Que time de ouro, que sorte
que teve, que fase extraordinária! São tantas as pessoas para agradecer.

Agradeço a todos os colegas do
Ministério da Economia nas pessoas do Ministro Paulo Guedes e do Secretário Especial Carlos Da Costa.

Deus abençoe o Brasil,

Washington, 10 de janeiro de 2023.

FERNANDO FREIRE DUTRA
Deputy Economic Attaché
Escritório do Ministério da Economia em Washington, DC

Os zumbis político-ideológicos atrás de um Frankenstein de direita, mesmo que seja à Mary Shelley

Os atos violentos promovidos no último domingo contra a sede dos 3 poderes da república representam, em síntese, o confuso desdobramento do pensamento de direita em nosso país.

Isso ocorre pela ausência de pensamento crítico, pela ausência de formulação de políticas públicas, pela ausência de leitura de conjuntura, e pela ausência de simples formulações com rumos acerca do que fazer e do que não fazer.

Passadas as eleições, onde Bolsonaro obteve uma espetacular votação, a resposta imediata – nos meios bolsonaristas – foi a que de que houve fraude, com o TSE não entregando os códigos fontes e o pessoal mais aguerrido voltou-se para concentrações em frente aos quartéis, pedindo intervenção militar e aplicação do artigo 142 da CRFB/88.

É claro, na esteira dessas propostas, estava embutido o golpe militar, sendo que boa parte da direita nacional perdeu a noção democrática e tomada pela cegueira passou a defender o golpe militar, pois ao pedirem intervenção das FFAA, nada mais pediam que isso.

Eu acompanhava o movimento aqui no Sul, especialmente no RS, SC e PA. O pensamento de direita ficou órfão e cego.

É claro que essa viagem de Bolsonaro aos EEUU foi um desastre e deixou o povo ainda mais confuso. Circulavam mensagens com todo o tipo de loucura e insanidade, tipo que os militares já tinham dado o golpe, que o general Heleno já era o presidente e o povo era mantido com base uma sucessão de mentiras.

O potencial dessa massa nunca foi canalizado para algo construtivo. O resultado, a quebradeira geral, a invasão dos poderes, embora a simbologia, trouxe somente desastres e legitimidade – cada vez maior – a Lula e sua gente.

A própria polarização verificada no país foi atropelada por um grupo desvairado, que, ante a ausência de respostas eficazes e aglutinadoras, agiram sem rumo, cheios de ódios e rancores.

Não houve um líder da direita nacional que tivesse equilíbrio, que pensasse e sistematizasse um pensamento crítico. Foi um bando de loucos. Uns, desavergonhadamente, aderiram a Lula, como vários bolsonaristas de primeira linha. Foi uma perda total de pudores e ética política. Diria até: – um desastre.

Pessoas como Sérgio Moro, ficaram perdidas, e ninguém da dita direita civilizada soube raciocinar ou mesmo produzir um texto, por simples que fosse, mas que desse um rumo as pessoas que vagavam desorientadas pedindo golpe ou intervenção militar.

Não houve leitura nenhuma acerca da contextualização das FFAA, que também ficaram à deriva, sem rumo, sem tendência e sem orientação. O clube militar mostrou-se falho e os mesmo os generais 4 estrelas, que, em tese, deveriam saber alguma coisa, ficaram embriagados ideologicamente.

Ficou escrachado, para quem quis ver, a pobreza intelectual da direita nacional, rica em bens materiais, campos, camionetões, dinheiros, aplicações, mansões, mas miseráveis e analfabetos a ponto de não conseguirem redigir meia folha de ofício acerca da conjuntura que se apresentava.

O ápice desse desgosto, dessa amargura, dessa falta de lideranças, dessa pobreza intelectual e miséria acadêmica, resultou nessa estupidez sem precedentes em nossa história, onde o caminho foi o caminho da miséria e da cegueira, descontando a ira e o desgosto no patrimônio público.

É claro que não foi uma tentativa de golpe de estado, até minha filha de 12 anos sabe entender esses devaneios e isso não tem nada a ver com golpe de estado. Foi a ação de um grupo marcado pela desilusão, pela desencanto, pela ausência de lideranças, pela miséria política e pela pobreza intelectual, que imaginou que quebrando a poltrona no escritório de Alexandre de Moraes estaria recolocando o pensamento de direita nacional em órbita e em sintonia.

Onde estão os famosos grupos conservadores que faziam reuniões aqui e ali, de Estado em Estado, onde estão os teóricos falastrões de direita?

O que sobrou a direita nacional são cacos e pedaços de móveis, vidros quebrados, e cenas chulas como defecação pública e despudorada, escárnio patético e sonhos golpistas enterrados.

É claro, eu não seria estúpido a ponto de dizer que tudo está morto e perdido. Ainda restou uma base perdida do pensamento nacional de direita, mas que precisa ser reedificado sob novas bases, se é que conseguiram extrair alguma lição de tantos erros.

Do contrário, seguirão como Zumbis político-ideológicos atrás de um Frankenstein de direita, mesmo que seja à Mary Shelley.

 

 

20 anos do lançamento conjunto de dois livros meus: PAMPA EM PROGRESSO e BOCA DE LOBO

Cenas do lançamento dos meus livros PAMPA EM PROGRESSO e BOCA DE LOBO, 3 de janeiro de 2004. Foi a primeira vez na história que 3 canais de Televisão vieram a Santiago fazer uma cobertura local de lançamento de livro, RBS, SBT e TVE. A mesa, teve 32 autoridades, na foto primeira, Chicão, o Secretário-geral do Ministério da Ciência e Tecnologia, Dr. Vanderlan Vasconcelos, representando a Presidência da República, Advogado Júlio Prates e o Deputado Federal Wilson Covatti representando o Congresso Nacional.
Cenas de uma parte do Auditório, Deputado Celso Bernardi, Deputado Covatti, Juca, Prefeito da Bossoroca e de costas Roger Ross. Estiveram presentes, ao final, 351 pessoas, 32 autoridades, dentre 4 deputados estaduais, dois deputados federais, 8 prefeitos da região, liderados pelo Prefeito Ivo Patias, de Jaguari. Atrás de Celso Bernardi, aparece meu amigo de todas as horas, Promotor Barbará. Também compareceu o Comandante do Estado Maior das Forças Armadas General Roberto, que foi orador na cerimônia.