Os zumbis político-ideológicos atrás de um Frankenstein de direita, mesmo que seja à Mary Shelley

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Os atos violentos promovidos no último domingo contra a sede dos 3 poderes da república representam, em síntese, o confuso desdobramento do pensamento de direita em nosso país.

Isso ocorre pela ausência de pensamento crítico, pela ausência de formulação de políticas públicas, pela ausência de leitura de conjuntura, e pela ausência de simples formulações com rumos acerca do que fazer e do que não fazer.

Passadas as eleições, onde Bolsonaro obteve uma espetacular votação, a resposta imediata – nos meios bolsonaristas – foi a que de que houve fraude, com o TSE não entregando os códigos fontes e o pessoal mais aguerrido voltou-se para concentrações em frente aos quartéis, pedindo intervenção militar e aplicação do artigo 142 da CRFB/88.

É claro, na esteira dessas propostas, estava embutido o golpe militar, sendo que boa parte da direita nacional perdeu a noção democrática e tomada pela cegueira passou a defender o golpe militar, pois ao pedirem intervenção das FFAA, nada mais pediam que isso.

Eu acompanhava o movimento aqui no Sul, especialmente no RS, SC e PA. O pensamento de direita ficou órfão e cego.

É claro que essa viagem de Bolsonaro aos EEUU foi um desastre e deixou o povo ainda mais confuso. Circulavam mensagens com todo o tipo de loucura e insanidade, tipo que os militares já tinham dado o golpe, que o general Heleno já era o presidente e o povo era mantido com base uma sucessão de mentiras.

O potencial dessa massa nunca foi canalizado para algo construtivo. O resultado, a quebradeira geral, a invasão dos poderes, embora a simbologia, trouxe somente desastres e legitimidade – cada vez maior – a Lula e sua gente.

A própria polarização verificada no país foi atropelada por um grupo desvairado, que, ante a ausência de respostas eficazes e aglutinadoras, agiram sem rumo, cheios de ódios e rancores.

Não houve um líder da direita nacional que tivesse equilíbrio, que pensasse e sistematizasse um pensamento crítico. Foi um bando de loucos. Uns, desavergonhadamente, aderiram a Lula, como vários bolsonaristas de primeira linha. Foi uma perda total de pudores e ética política. Diria até: – um desastre.

Pessoas como Sérgio Moro, ficaram perdidas, e ninguém da dita direita civilizada soube raciocinar ou mesmo produzir um texto, por simples que fosse, mas que desse um rumo as pessoas que vagavam desorientadas pedindo golpe ou intervenção militar.

Não houve leitura nenhuma acerca da contextualização das FFAA, que também ficaram à deriva, sem rumo, sem tendência e sem orientação. O clube militar mostrou-se falho e os mesmo os generais 4 estrelas, que, em tese, deveriam saber alguma coisa, ficaram embriagados ideologicamente.

Ficou escrachado, para quem quis ver, a pobreza intelectual da direita nacional, rica em bens materiais, campos, camionetões, dinheiros, aplicações, mansões, mas miseráveis e analfabetos a ponto de não conseguirem redigir meia folha de ofício acerca da conjuntura que se apresentava.

O ápice desse desgosto, dessa amargura, dessa falta de lideranças, dessa pobreza intelectual e miséria acadêmica, resultou nessa estupidez sem precedentes em nossa história, onde o caminho foi o caminho da miséria e da cegueira, descontando a ira e o desgosto no patrimônio público.

É claro que não foi uma tentativa de golpe de estado, até minha filha de 12 anos sabe entender esses devaneios e isso não tem nada a ver com golpe de estado. Foi a ação de um grupo marcado pela desilusão, pela desencanto, pela ausência de lideranças, pela miséria política e pela pobreza intelectual, que imaginou que quebrando a poltrona no escritório de Alexandre de Moraes estaria recolocando o pensamento de direita nacional em órbita e em sintonia.

Onde estão os famosos grupos conservadores que faziam reuniões aqui e ali, de Estado em Estado, onde estão os teóricos falastrões de direita?

O que sobrou a direita nacional são cacos e pedaços de móveis, vidros quebrados, e cenas chulas como defecação pública e despudorada, escárnio patético e sonhos golpistas enterrados.

É claro, eu não seria estúpido a ponto de dizer que tudo está morto e perdido. Ainda restou uma base perdida do pensamento nacional de direita, mas que precisa ser reedificado sob novas bases, se é que conseguiram extrair alguma lição de tantos erros.

Do contrário, seguirão como Zumbis político-ideológicos atrás de um Frankenstein de direita, mesmo que seja à Mary Shelley.

 

 

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