“O homem de Morin, Plantu e Houellebecq é esse ser que sabe, aprende, ensina, produz, fabrica, inventa, joga, brinca e comete loucuras desmesuradas”.

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*Júlio Prates

Houve uma época em minha vida em que eu vivia ligada a todos os movimentos culturais da França, em especial, na sociologia, antropologia e filosofia. Com o passar dos anos, mudei.

Entretanto, por acaso, nem certo sábado, acessei ao Jornal Correio do Povo e tive atenção presa ao Caderno de Sábado. É claro, com um gênio como Juremir Machado por trás do Grupo, o sucesso é sempre garantido.

A entrevista com Edgar Morin é algo espetacular, uma ponderação, um equilíbrio, uma sabedoria… há muitos anos não é uma matéria tão bem produzida e nem uma riqueza de um conhecimento exposto com tanta clareza e escorreiticidade. Morin é apontado como um dos maiores pensadores de nossa época, aos 94 anos, ainda em plena atividade. Recomendo sua leitura.

Mas vale essa reflexão do próprio Juremir, ao comentar Morin, o filósofo, que também é formado em Direito, Plantu, o cartunista e Houellebecq, o escritor. Senão vejamos:

“O homem de Morin, Plantu e Houellebecq é esse ser que sabe, aprende, ensina, produz, fabrica, inventa, joga, brinca e comete loucuras desmesuradas”.

Outro dia, madrugada adentro, eu conversava com minha querida companheira KA e contava-lhe aspectos da vida do próprio Juremir, do seu Doutorado em Paris, as divergências com Luiz Fernando Veríssimo sobre Érico Veríssimo, a saída do grupo RBS, o Marcelo Rech, a FAMECOS, e, finalmente, Correio do Povo. Juremir Machado é um dos nossos grandes sábios, tem uma erudição fantástica, tem o dom da comunicação escrita, é um intelectual sério, certamente o nome mais influente do nosso Estado na atualidade. Não sem razão, esse Caderno que trás sua assinatura é uma rara leitura de boa qualidade.

Fiquei feliz por Morin, de quem já li muito coisa na faculdade de Sociologia, e, mesmo depois, nos debates do Fórum Social Mundial e mesmo por curiosidade pura. Porém, confesso que com o tempo fui abandonando os franceses decepcionados com a própria França e a boçalidade de sua sociedade. Nesse final de semana, reencontrei-me um pouco, gostei tanto de reler o Juremir e saborear toda a sabedoria de Morin, que, não sem razão, é judeu sefardita, que é  o termo usado para referir aos judeus descendentes portugueses e espanhóis .

E não venham os moralistas de plantão dizer que a loucura e a razão não estão incorporadas em nossas vidas, apesar dos mimetismos racionalistas. Eu me permito.

*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro Internacional nº 908 225, Sociólogo e Advogado inscrito na SA OABRS sob nº 9980.
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