Eu gostaria muito de ter um lado místico e acreditar um pouquinho em assombrações e fantasmas. Sei que elas não existem, mas sei que existe gente que age como elas. Não podem ver ninguém bem, aí elas aparecem.
O místico e a realidade têm em comum apenas uma unicidade: ambas são derivadas dos esgotos; do misticismo, derivam-se as assombrações de almas sofredoras, que não encontraram a paz e vivem nos esgotos do invisível, sendo que, às vezes, tomam forma. Mas é tudo fantasia, mentirinha, como diria minha filha.
Já a segunda categoria dessa espécie, são reais, tem um rosto, um CPF, um RG e CNH. Tiram uma temporada nos esgotos sociais e quando descobrem que alguém está bem, insurgem-se, metamorfoseiam-se, assumem mil faces e fazem de tudo para prejudicar a vida da pessoa.
Só que ao invés do jogo limpo, aberto, com atos transparentes, públicos, com uma assinatura embaixo, essas assombrações agem com puerilidade, disseminando boatos, intrigas, fofocas, fazendo-se passarem por vítimas, escondendo sua inescrupulosidade e – conforme a situação – usam uma máscara social, um choramingo, conforme os desdobramentos dos fatos sociais.
Essas, certamente, são piores que as primeiras; as assombrações espirituais, apenas ilustram a fantasia do nosso imaginário. As segundas, ilustram nossa vida com sementes de ódio, de vingança e de insatisfação em ver alguém bem.
Têm uma atração mórbida pelo mal, não assumem seus próprios atos e vivem sempre da transferência de culpas, tentando responsabilizar os outros pelos seus próprios descaminhos.