Eu achei ótimo que o prefeito Tiago Gorski tenha atacado a imprensa santiaguense que não é lhe é servil na frente da juíza Ana Paula Nickel.
Primeiro, eu estava no evento convidado pela direção do Hospital, que até hoje nunca teve críticas a minha atuação enquanto jornalista, tanto que sou amigo pessoal de Ruderson Mesquita há mais duas décadas.
Segundo, nenhum prefeito é unanimidade, nenhum governador e nenhum presidente. Toda a unanimidade é burra. E louvo a sabedoria do governador Eduardo Leite, que, dias atrás, enaltecia o papel dos críticos.
Bolsonaro, que foi nosso presidente, pensava exatamente como Tiago e via quem lhe era adverso, como lixo, marron, caudatários…Tiago Gorski não apontou até hoje uma fake news minha. O que eu lhe sou é adversário seu e o considero, como ser humano, uma pessoa deplorável. Onde está meu crime em não gostar dele?
O consenso que Piru falou, elogiando tudo em Santiago, só existe na cabeça dele, pois existem muitas coisas erradas em Santiago, embora a saúde seja de altíssima qualidade e eu vivo elogiando e reconhecendo o trabalhado de Ruderson Mesquita e Éldrio Machado, que, no evento, teve um postura grande e elogiável, conversou com as pessoas, cumprimentou as pessoas, a exemplo do senador Heinze.
Esperem uns dias e eu vou contar o que fizeram para um santiaguense que quis reformar o túmulo do seu pai, também santiaguense, uma alta personaldade do governo João Goulart.
Convite ao Jornalista e Advogado Dr. Júlio Prates
A grosseiria evidente, aos olhos da própria juíza, por isso eu disse que achei excelente que ele tenha atacado a imprensa que não lhe é servil e nem submissa, na frente da mais alta autoridade do poder judiciário, pois serviu para a juíza ver que nosso prefeito é deselegante, usa a festa dos outros e ataca os convidados dos outros, afinal eu estava lá não convidado por ele e sim pela direção do Hospital, que é de unidade e faz um trabalho com a imprensa local, sem discriminar ninguém.
Quando eu disse ao TJRS que o prefeito age como dono da cidade, citei o exemplo de feira do livro de Santiago, a qual ele nunca me convidou a despeito de eu ser autor de 6 livros, e de eu ser santiaguense. Alguém entende um autor santiaguense, não ser convidado para a feira do livro de Santiago por que o prefeito não quer? Só aqui em Santiago isso é possível.
E vou mais longe, embora eu ache o governo do PT muito bom, eu discordo dessa secretária que o PT quer criar para controlar a mídia social, em especial, a imprensa digital. Sou a favor da liberdade total de expressão. Ponto final, é minha opinião. Pior, é a censura. Sei que o debate é emergente em vários países e vejo os socialistas europeus divididos sobre o controle da imprensa digital.
Foi no curso de pós-graduação em Letras ( Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual ) que eu tive a oportunidade de ler, refletir a aprofundar no pensamento de Saussure e a reflexão necessária sobre os meios e sistemas de comunicações vigentes numa sociedade.
Aí reside o maior impasse. Justamente, estudar e entender os meios e sistemas de comunicações. Não vou entrar aqui no debate sobre silogismos, paralogismos.
Quando presidente estadual da comissão de ética do PSB, em Porto Alegre, anos 88/89/90 defrontei com uma fake news terrível, pois os neonazistas distribuíam livros e xerox desses dando conta que as ossadas humanas era ossos de gados e tudo malversação de judeus. Vejam que não é hoje que eu lido com o assunto.
Este é um artigo breve para meu blog, portanto, não se trata de nenhum ensaio acadêmico, mas, sim, uma reflexão em cima dos fatos e como se dá a leitura desses. Jornais e canais do Youtube censurados, que pega desde o canal do PCO do comunista Ruy Costa Pimenta até canais de direita.
Sempre escrevi que emprego o conceito de “ideologia” como visão de mundo, nas manifestações individuais ou coletivas, produzidas na arte, pintura, escultura, dança, música, literatura … Assim, tomo e emprego o conceito de ideologia como sinônimo de ideia, sendo muito mais gramsciano do que marxiano propriamente dito. Com o devido respeito às formulações hegelianas.
A interpretação de um fato social qualquer, comporta – sempre – mais de uma leitura. Depende do enfoque ideológico de quem interpreta esse fato.
O pensamento de direita, por exemplo, colide sempre com o pensamento de esquerda no tocante aos costumes. O nu de um homem pode ser visto como “artístico” ou “falta de pudor”, isso depende dos valores, ritos, costumes …de quem está fazendo a leitura daquele nu.
A leitura de Maquiavel, por exemplo, condensa mais de uma interpretação ou leitura. Para uns, “O Príncipe” pode ser um instrumento de dominação. Para outros, pode ser uma arma útil aos dominados, pois desnuda a dominação em si.
Hoje, existe no Brasil um claro e visível confronto entre duas ideias fundamentais, desde como o cidadão vê as instituições, até como as aceita, crítica ou acriticamente.
A crítica associa-se à liberdade de expressão, por mais dura e áspera que possa ser, senão não é crítica. O próprio presidencialismo não é um dogma em si mesmo, afinal aí existe o parlamentarismo, ou, se quiserem, a própria monarquia. Uma crítica ao STF, por exemplo, comporta mais de uma leitura e não se associa – necessariamente – com uma tentativa de anular o poder judiciário. A crítica pode ser aos ocupantes do cargo e não a instituição. Agora, eu já li vários ensaios sobre inteligência artificial, que incidem na superação humana no ato de julgar. O mesmo, com o avanço da telemática, fala em substituir o parlamento pela auscultação direta do povo (friso que emprego a expresso povo no sentido político e população no sentido demográfico). A mesma crítica pega o debate entre agnosticistas e gnosticistas, entre o Alcorão e a Bíblia. entre budismo e xamanismo … Entre a igreja ortoxa russa e a católica romana, entre Lutero e o Papa Francisco, entre o celibato ou não …
Estudei muito os clássicos de ciência política. Aliás, embora advogado, estudei no curso de ciências sociais, as disciplinas de ciências políticas, isoladamente. Foi ali que tive contato com as teorias de Montesquieu e a divisão dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário). É claro, sempre vamos nas raízes de John Locke e seu aflorado iluminismo.
Anos depois, no curso de Direito, especialmente estudando Direito Constitucional, Teoria Geral do Estado … somei os conhecimentos adquiridos numa área (ciências sociais/sociologia) com outra (Direito). O somatório desses conhecimentos permitiu-me entender – ao lado de outros ramos do Direito – o funcionamento do Estado, origens, desenvolvimento e estágios atuais, desde as formas e sistemas de governos, até a compreensão mais ampla da legitimação que um dos elementos constitutivos do Estado – o povo – concebe aos seus governantes.
É claro, a ciência política levou-me de Maquiavel a Gaetano Mosca, pois o estudo do poder, seu exercício e suas formas de legitimação, são imprescindíveis para entender o Estado em seu núcleo essencial.
Durante muitos anos, confesso, fui defensor da democracia como um valor universal. É claro, com um Estado controlado pelos três poderes harmônicos e independentes entre si.
Em 1998, entrevistando o Juiz de Direito Vanderlei Deolindo, levantei para ele, em conversa fora da entrevista, o debate sobre a legitimidade do poder judiciário.
Ele próprio, um juiz experiente, concordou com a reflexão acerca da ausência de legitimidade. Aliás, eu tive acesso, certa vez, a um debate num grupo de estudos liderado pelo então procurador-geral da Prefeitura de Santiago, Tacely Ceríaco Jr e também pelo Doutor em Ciência Política, Marcelo Duarte, com avançadas teses acerca da desnecessidade do poder legislativo. Raridade de homens sábios e estudiosos nessas bandas do Rio Grande do Sul. Nos EEUU a legitimidade judicial é bem diferente da nossa.
Com o avanço da inteligência artificial, futurologicamente falando, eu vejo os poderes clássicos em absoluta superação, principalmente o judiciário e o legislativo.
Discutir a superação de bases epistemológicas da constituição de poderes agora é crime, seja para os comunistas do PCO seja para a direta bolsonarista?
O exercício do poder se relaciona com sua legitimidade e manutenção; e as formas de legitimação vão desde as ditaduras armadas até a criação de um consenso hegemônico de um povo – o que não quer dizer: absoluto.
O Brasil, hodiernamente, vive um choque de ideias e visões de mundo antagônicas entre si. Direita e esquerda pensam de forma diferente as relações sociais encetadas pelos poderes e as formas de comunicações expressas nas manifestações e narrativas.
Um fato expresso na rede globo é considerado falsa notícia por quem não pensa como os ideólogos da emissora. As mídias alternativas, especialmente as redes sociais, lançaram, no debate, uma narrativa que se choca com os atuais padrões de dominação, logo são consideradas falsas notícias, como se a interpretação e a leitura de uma narrativa, por um outro viés, fosse crime.
O que é falsa notícia para um receptor de direita, pode não ser falsa para um receptor de esquerda, e vice versa, seja na interpretação das leis, da Constituição, dos costumes, do modo de vida etc …
Dias atrás, tivemos um nossa cidade, um choque de ideias sobre as mulheres que jogavam saquinhos com tinta vermelha na casa do um dono de vinícula que empregava trabalho escravo. Eu achei o máximo aquelas mulhares do MST. Já o colega João Lemes as criticou. Aí estão duas visões e dois choques de ideias.
Grasso erro mesmo é tentar criminalizar quem pensa diferente, julgando apenas com os instrumentais teóricos de apenas um campo de pensamento, ignorando a pluralidade de ideias e as narrativas divergentes entre si.
Esta encruzilhada em que se encontra o Brasil, seria desnecessária se tivéssemos este entendimento, que é básico para a harmonia numa sociedade onde os campos ideológicos, visões de mundo e costumes, são diferentes. Porém, professados por integrantes de uma mesma sociedade em suas diferentes estratificações e níveis, das classes dominantes às dominadas.
Pensar diferente, seria endossar o monopólio totalitário do pensamento único, a seguir o embate fratricida detonado a partir do entendimento de cada um sobre o que é falsa notícia.
Eu não critiquei o entendimento do prefeito Tiago, que esteve com o engenheiro Marcelo do DENIT, pleiteando colocar um placa de publicidade do posto SIM em pleno trevo. Embora o DENIT tenha autorizado, a própria PRF me disse que discordava daquela placa em pleno trevo. Mas como eu não sabia que horas ele andava lá pleiteando a liberação da placa, sequer o critiquei, embora tenha criticado a placa, pois outros santiaguenses poderão pedir o mesmo direito de colocar placas nos trevos.
Agir ao contrário, é agir como os acendedores de lampiões, revoltados com o advento da luz elétrica.
Tudo é algo a ser superado, desde o fundamentalismo e os dogmas. Inclusive o dogma de Montesqueau e de ambos os lados. Do contrário, a intolerância e a ditadura do pensamento único estará semeada.
Temos hoje no Brasil a secretaria da Verdade, mesmo que com outro nome, decidindo o que pode e o que não pode ser publicado. Está instituída a censura prévia e rasgados os princípios fundamentais da liberdade expressão e de imprensa. Eu sou o maior elogiador do PT, mas sou contra essa iniciativa.
Pior que isso são os aplausos de quem saiu da condição de oprimido e se tornou opressor. Nesse contexto, louvável a exceção pública da OAB-RS, entidade da qual faço parte e que privou por manter o direito à liberdade de expressão.
Se o prefeito Tiago entendesse isso, não seria necessário usar a tribuna para criticar a imprensa que ele não gosta. Sou vocação é totalitária e esse é pior que os piores bolsonaristas, que convivem tri bem comigo, entendem minhas posições e não usam as festas dos outros que acusar os convidados dos outros.
Nem a festa era sua e nem os convidados eram seus.