As duas construções discursivas sobre a política de preços na Petrobrás e a cegueira governamental

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Ouvindo as explicações do presidente Jair Bolsonaro sobre esse aumento descontrolado e sem explicações razoáveis no gás, gasolina e diesel, a gente custa até a acreditar. Os preços obedecem a lógica do mercado mundial, especialmente porque colocados sobre países não produtores. Mas e o Brasil?

Esses aumentos terão um impacto muito forte na economia, com aumentos sendo repassados aos alimentos, roupas e calçados. É claro, daqui uns dias ninguém segura o impacto na educação e nos remédios. O quadro é sombrio, a penalização atingirá as classes mais vulneráveis e ampliará a miséria em nosso país.

A juíza Flávia de Macêdo Nolasco, da 9ª Vara Federal de Brasília, acertou em aceitar a ação cível pública proposta pelo Conselho Nacional do Transporte de Cargas, Sindicatos dos Transportadores Autônomos de Cargas de Guarulhos e de Jundiaí e pela Frente Parlamentar Mista do caminhoneiro autônomo e celetista. É louvável essa intervenção do poder judiciário, que poderia até alegar incompetência. Mas não, dignificou o poder judiciário como um todo perante os brasileiros.

O presidente Bolsonaro erra feio ao alegar que não não tem poder de veto nessa política cruel de aumentos escorchantes praticados pela diretoria bolsonarista da Petrobrás e que só pensa no lucro pelo lucro e sintonia com o mercado mundial. A pesquisa IPESPE (ex-IBOPE), divulgada ontem, onde Lula está com 43% contra 28% do presidente Bolsonaro, deveria ser um alerta nos bastidores bolsonaristas, mas não, continuam os discursos furados e transferências de culpas. Pior que isso, é o cenário para o segundo turno, onde Lula venceria em todas as simulações.

O resultado desses aumentos escorchantes poderá sair caro para toda a direita e liberais do país, pois é notório a aceitação pelos brasileiros da construção discursiva petista. Não será errado dizer que quem ressuscitou o PT foram os próprios políticos de direita e liberais alinhados com Bolsonaro.

É possível evitar o pior? Claro que sim. Basta uma forte intervenção do governo federal segurando esses aumentos absurdos com reflexos em toda a economia.

Estão em choque no país duas visões de governo. A petista, alegando que pode intervir na Petrobrás e mudar a política de preços e a liberal/bolsonarista negando poder de intervenção nos preços dos derivados do petróleo. Está claro que o povo acredita no poder de intervenção.

Será caro para Bolsonaro a falta de pulso firme e omissão diante de um desastre anunciado.

O pior cego é aquele que não quer enxergar.

 

 

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