Quem diz que não é ideológico, não sabe o que é ideológico
Volta e meio surgem as críticas de que faço um jornalismo ideológico. Como fui acusado de ser ideológico, ao defender minha posição, lembro-me que, em 1985, escrevi um artigo no jornal Zero Hora, onde repliquei monsenhor Dalvit, que acusava o clero progressista de ser “ideológico”. A impressão que fiquei é que o Monsenhor não sabia o que era “ideologia”, do contrário, não pronunciaria tal disparate.
É claro que se os detratores que nos chamam de “ideológicos” forem ler o livro “O que é Ideologia” da professora Marilena Chauí, vão ficar mais confusos ainda, afinal ela usa apenas uma visão de interpretação. O termo foi criado em 1801, por Destut de Tracy para designar a análise das sensações das idéias, segundo o Método de Condillac. Isso aprendi com Abbagnano.
Aliás, o mesmo Abbagnano é quem, com melhor precisão, retoma o debate sobre os ideologistas franceses, que eram hostis a Napoleão, recebiam também a pecha. Os bonapartistas, de forma depreciativa, como os detratores locais, acusam seus opositores de “ideologistas” (PICAVET, Les idéoloques, Paris, l891).
Porém, Antônio Gramsci, também teórico italiano, fez ao meu ver a melhor abordagem sobre o termo e afirmou que todas as manifestações intelectuais, produzidas de forma individual ou coletiva, na arte, na literatura, na pintura, na dança e na música, eram manifestações ideológicas (Concepção Dialética da História). Claro fica, portanto, para Gramsci, que ideologia era afeta a uma visão integral de mundo e independia desta ser produzida pelas classes dominantes ou dominadas, visto que ideologia seria mesmo uma manifestação de idéias. Essa visão gramsciana, contudo, choca-se com os ideais do jovem Marx, de 26 anos, retomadas por Chauí, mas que mesmo assim afirma ser um “contra-senso falar em ideologia das classes dominadas visto que ideologia pressupõe dominação” (O que é ideologia).
Ou alguém acha mesmo, de sã consciência, que defender o desenvolvimentismo nas asas do neoliberalismo econômico mundial, não é uma posição ideológica? A posição é tão ideológica quanto a minha. Ao defenderem um modo de produção assentada na exploração das pessoas, ao defenderem a propriedade apenas as famílias tradicionais, também, também, estão defendendo uma posição vivamente ideológica.
O que nos difere é que eu sei que sou ideológico, sei o que é ideologia e não vejo nenhum mal nisso, pelo contrário, tenho lucidez para participar de um debate social sem medo de achar que sou diferente dos outros. O que fico perplexo é que esses outros, não sabem o que dizem, pois defendem posições tão ideológicas quanto as minhas. A diferença que me separa desses, é o conhecimento, mas eles sabem o que isso a partir de vertentes epistêmicas?
A invasão das aranhas
Eu tenho um amigo que é do Centro de Inteligência da Aeronáutica e, agora, reformado, optou por morar em Capão da Canoa. Falando com ele, agora a noite, fiquei sabendo da invasão das aranhas que está ocorrendo em Capão da Canoa. Como ele filma tudo com drones, mandou-me até cenas de fogo num apartamento. Não parece ser grande.
Lembrei-me então do filme A invasão das aranhas gigantes, que eu assisti, creio, em 1976. É uma ficção meio bobinha, mas o caso de Capão é bem mais grave e delicado, pois as aranhas são diminutas e estão se estendendo pela rede elétrica e muitas casas são surpreendidas pela invasão de aranhas.
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Foi muito grande a repercussão do meu artigo, bastante singelo, sobre o futuro das eleições em Santiago. Eu não prevejo uma eleição assim tão pacífica, pois haverá uma explosão de aplicativos e uso da inteligência artificial. Será nossa primeira eleição com o uso da IA e como é fácil a imitação de vozes e falsos personagens reais, eu prevejo muito trabalho duro para os servidores do poder judiciário eleitoral. O que espanta a todos é a grande quantidade de candidatos a prefeitos e a divisão interessante entre os blocos de esquerda e direita, ambos no espectro oposicionista. Ninguém me tira da cabeça que essa cisão fratricida será altamente benéfica para o candidato do PP, Piru Gorski e Mara Rebelo.
Desejo um bom começo de semana a todos meus amigos e amigas e votos de paz nos lares e harmonia nas famílias.
Embora sem família, eu continuo amando fortemente a noção de família e torcendo pelos lares e pela paz entre pais e filhos.
INSIDER
O quadro sucessório municipal em Santiago
Tudo articulado para o pleito de outubro próximo. O PP vai com Piru Gorski e Mara Rebelo. No cálculo negativo o PP faz seis vereadores e no positivo faz 8.
A oposição de direita e esquerda está bem dividida. Bianchini concorre pelo PL e vem sustentado no lastro partidário forte, com especulações de que elejam até 4 vereadores. Alguns, otimistas, falam até em 5 vereadores.
O Republicanos vai mesmo com Marcelo Brum, que faz mais o estilo cavaleiro solitário, apostando na massa desorganizada e sem partido. Não sei quem são os nomes de eventuais candidatos a vereadores de Marcelo.