A próxima chefe da Fazenda do Rio Grande do Sul

BRAZIL JOURNAL – GERALDO SAMOR

É comum escutarmos de um governante eleito que ele está à procura de um “nome forte” do setor privado para compor seu secretariado ou ministério. No entanto, algumas vezes a “joia da coroa” não está no setor privado, e sim no próprio setor público.

Em geral é uma pessoa que teve a paciência e maturidade de trabalhar por anos com diferentes chefes, em diferentes governos, e fez seu trabalho sem buscar holofotes e sem se preocupar com o reconhecimento da imprensa ou da opinião púbica.

Há vários funcionários(as) públicos que se encaixam neste perfil, e hoje o Governador Eduardo Leite nomeou uma delas, Priscilla Santana, secretária de Fazenda do Rio Grande do Sul. Funcionária de carreira do Tesouro Nacional, onde é Subsecretária de Relações Financeiras Intergovernamentais desde 2015, Priscilla exerceu a difícil tarefa de acompanhar as contas dos estados e municípios — o que muitas vezes significa dizer “não” a prefeitos e governadores ávidos por conseguir garantias do Tesouro para operações de empréstimos com bancos públicos ou organismos internacionais, mesmo quando esses entes não gozavam de uma situação fiscal saudável para merecer a garantia.

Mas em geral, antes de proferir o “não” inevitável, a ‘Doutora Priscila’ sempre prefaciava com uma frase carinhosa: “Meu querido, não é possível atendê-lo porque a Lei não permite. Mas vamos procurar uma forma de você melhorar a sua nota e conseguir a garantia”. Essa forma de dizer “não” de uma maneira técnica e suave ganhou o respeito de muitos interlocutores. Um desses governadores que escutou “não” por várias vezes da subsecretária Priscilla foi justamente Eduardo Leite, quando negociou com o Tesouro para que o Rio Grande ingressasse no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Num País capturado pelos grupos de interesse, o cidadão brasileiro não sabe, mas tem que ser grato à Doutora Priscilla pelos vários “nãos” ao longo dos anos, que defenderam a coisa pública e incentivaram os estados a melhorar suas contas. Nem sempre é difícil encontrar um colaborador quando se sabe onde procurar e se respeitam critérios técnicos em vez de indicações políticas.

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Jantar com celebridades e um mar de cocô. Artigo de Marcos Nogueira

Para uma cidade com 150 mil habitantes, se tanto, Balneário Camboriú (SC) aparece no noticiário nacional com frequência demasiado alta.

Ora são os arranha-céus do balneário, eleito como ponto de veraneio dos ricaços de Santa Catarina e do Paraná. Na orla da cidade ficam seis dos dez prédios mais altos do Brasil.

O exagero fálico dos empreiteiros resultou na eliminação do sol na praia central da cidade. Aí Balneário virou notícia porque alargou a faixa de areia, empurrando o mar para além da sombra dos pirocões de concreto. Obra controversa, para dizer o mínimo.

A prefeitura diz que o caldo fecal nada tem a ver com sistema de esgoto ou com a obra de ampliação da praia. Põe a culpa nas chuvas que caem fortes na região.

Difícil engolir essa desculpa. Nuvem não defeca, só transporta o cocô de um lugar para outro. Os coliformes de Balneário estavam dando sopa quando a enxurrada os carregou para o mar.

Balneário Camboriú, com sua mania de querer ser Dubai, é um retrato do modelo de desenvolvimento abraçado pela elite que mandou erguer seus arranha-céus. Uma classe ignorante, predatória e jeca até o último fio de cabelo (aquele que Luciano Hang perdeu há tempos).

A abertura de uma filial do restaurante paulistano Paris 6 ilustra bem esse circo de caipiras ricos.

A comida é atração acessória da casa, cujo hype se deve à frequência de influenciadores, boleiros e subcelebridades. No cardápio, cada prato leva o nome de um famosinho: o penne da Gkay, o fettuccine do Pedro Scooby, o cheesecake da Jade Picon.

Paris 6 de São Paulo é um zoológico de ex-BBBs que serve, na sobremesa, um picolé atochado num petit gâteau.

Os sócios – entre eles, o papai do menino Neymar – certamente abastecerão a filial de Balneário com convidados egressos de algum reality show.

Jantar no templo da cafonice é programa numa cidade com um monte de gente rica e nada de prestável para se fazer. Nem a praia, imunda e desprovida de luz solar, é opção de lazer no balneário.

Balneário Camboriú tem uma orla que ostenta riqueza e, atrás dela, uma cidade pobre e feia de doer. Mais ou menos como todos os outros balneários do Brasil, só que com prédios bem mais altos.

O modelo de prosperidade implantado em Balneário vale só da porta de casa para dentro. Para que coleta de esgoto? Para que preocupações sociais e ambientais? O que importa é o barco, a Ferrari, o apê de mil metros no 51º andar e sua adega com vinhos de quatro dígitos.

Quem construiu Balneário Camboriú achava que poderia domar a natureza. É a mesma presunção ignorante que quem pensa que pode, impunemente, asfaltar a Amazônia ou transformar Angra dos Reis na Cancún milicana.

A natureza sempre devolve. A chuva e o oceano esfregam excremento no nariz de quem vai ao Paris 6 comer os churros da Vih Tube.

Gioda será o vice de Piru?

Eu conversei com um líder do PP ontem e ele me disse que o vice de Piru, será Gioda, secretário de desenvolvimento econômico do município e cujo irmão, arquiteto, promove obras icônicas para a prefeitura de Santiago. Ele é responsável pela reestilização de fachadas de escolas, pela praça do avião, dentre outras obras importantíssimas para Santiago. É claro, é tudo legal e licitado.

Eu achei que o líder do PP me diria que o vice seria Éldrio ou Jhonata, vereador e genro de Chicão. Mas esse líder me contou que ensinou Tiago aparelhar o diretório e que hoje está tudo controlado e que só passa quem Tiago quiser.

Com a oposição cega e burra e ainda se reunindo em torno de Marcelo Brum, eu prevejo um  passeio para Piru e seu vice, embora eu – pessoalmente – ache o nome de Éldrio fortíssimo. O vereador Jhonata eu não o conheço e nunca sequer falei com ele.

Mas, vamos ver o que vem pela frente.