A origem de Jesus, filho de Deus, e outras reflexões sobre o poder divino e o governo em nome de Deus

Em respeito aos cristãos, que sequer sabem por que se dizem cristãos, vou tentar contextualizar o assunto sob 2 enfoques: 1 – de ciência política e o outro 2 – sob o enfoque da sociologia das religiões e demografia.

Quanto anos mesmo tem o cristianismo? Dois mil e alguma coisinha. Isso não é nada, em termos históricos, se pensarmos que os primatas têm 32 milhões de anos. Da mesma forma, se pensarmos que o a evolução do homo habilis, que deu origem ao homo erectus (homem em pé) tem cerca de 2 milhões de anos. Aliás, desses 2 milhões de anos até 15 mil anos atrás a Terra viveu a era glacial, ou como muito dizem, a era do gelo. E é do frio que surge o homem de neanderthal, uma evolução do homo erectus. É sabido, ademais, que o homem de neanderthal travou relacionamento com outra espécie mais evoluída, o homo sapiens (nós aí ó) que surgimos – mais ou menos na região da África, há cerca de 200 mil anos.

As primeiras organizações sociais, rudimentares, viviam da caça e da coleta, em bandos, pegando raízes, às vezes pescando…E em busca dos alimentos, os homens eram nômades.

Um detalhe importantíssimo, e que muitos desconhecem, é que a agricultura foi responsável pela fixação do homem num determinado local. E a agricultura surgiu, mais ou menos, há cerca de 10 mil anos atrás, na Mesopotâmia.

É a partir desse período de fixação e paragem que começa uma história interessante na escolha do líder de uma determinada organização social. É claro que o assunto é bem anterior. Mas é importante entender que critérios norteavam essas escolhas. O líder (rei, faraó…o nome aqui não importa) já foi o mais bravo e o mais guerreiro. Já foi o mais sensato e mais ancião.

A ciência política trabalha com detalhes essa origem de escolha e eventual aceitação e/ou contestação. Registra-se que o escolhido, primeiramente forte, belo e esbelto, deveria morrer pelo bem na nação, da tribo … assim, a ele era dado o direito de viver um certo tempo, digamos que fosse um ano, em regalias, com direito a virgens para deflorar, com direito a fartura de alimentos…provavelmente bebidas. Era um rei que reinava por curto espaço de tempo. Depois, era sacrificado.

Com o passar dos anos, os escolhidos para morrer em nome dos deuses, foram organizando sua corte, sua burocracia e – ao invés de morrer em nome dos deuses – conceberam uma teoria de que podiam era governar em nome dos deuses. (Nem vou entrar aqui em monoteísmo ou politeísmo e nem origem do Estado) Mas a origem do poder divino dos reis vem dessa construção discursiva e dessa formulação teórica. É claro que com o passar dos anos tudo foi se aperfeiçoando, foram sendo criadas grandes cortes, é lembrar as cortes egípcias, por exemplo.

E assim “perpetuou-se” o entendimento de que os faraós, os reis … governavam em nome dos Deuses. Pronto. Esse entendimento fez escola e passou a ser aceito ao longo de milhares de anos.

Os judeus, hábeis e inteligentes como sempre, vivendo na opressão, na escravidão…resolveram inverter essa construção discursiva e essa formulação teórica. Para contrapor aos faraós que diziam governar em nome de Deus, os judeus inventaram uma outra história, qual seja, “o nosso rei, o rei dos judeus, vai ser o próprio filho de Deus…nada de governar em nome de Deus”.

Do ponto de vista de uma formulação teórica, isso é fantástico. O nosso rei ta vindo aí e é filho de Deus.

E assim nasceu Jesus Cristo, um judeu, filho de judeu, que pregava para os judeus …

Saulo de Tarso, que também era judeu, (os cristãos falam em Paulo de Tarso) foi quem deu uma reinterpretada na formulação teórica de cristo e abriu o leque da salvação (judia) para todos os povos ímpios que o aceitassem.

Os judeus não esperavam que Jesus Cristo fosse um pacifista, um pregador do amor, eles queriam a guerra, o confronto com os faraós, a insurreição…Cristo não era o rei que os judeus esperavam.

O catolicismo, assim, nesse contexto, é um penduricalho do judaísmo, como o protestantismo.

Agora, cá entre nós, que mal tem algum ateu concordar com os pressupostos teóricos da doutrina cristã, como a solidariedade, a igualdade, o amor, o respeito e a irmandade entre as pessoas? Eu acredito que Jesus Cristo tenha existido, foi um homem normal, como qualquer outro, só foi um líder político, só isso. Essa história de que é o filho de Deus, bem, essa história fica condicionado ao tamanho da crença de cada um e dos limites cerebrais. Eu acredito em papai noel. Outros acreditam em despachos de saravas, outros em orações evangélicas, outros em karma…

A população mundial, hoje, é de aproximadamente 8 bilhões de pessoas. Só o islamismo já bate na casa dos 2 bilhões de pessoas. E temos gente pra caramba seguindo o Confucionismo, o Taoísmo, o hinduísmo, o budismo, o xintoísmo … O problema é que cada um deles acha que suas verdades são as únicas que existem no planeta (isso é olhar o mundo a partir do nosso próprio umbigo).

A vida não é assim, gente. É burro achar que só a gente é que sabe das coisas e que todos os outros estão errados. A essência do fundamentalismo no mundo é esse mal de cada qual achar que suas verdades são universais, prontas e concluídas.

Nós conhecemos muito pouco. De um modo em geral, todos somos ignorantes. O mistério da vida é muito mais complexo do que a “síntese” que as religiões querem lhe atribuir. Não existe uma Verdade universal, única e absoluta. Nós é que criamos o absoluto e fizemos o absoluto absoluto. Mas esse absoluto não é uma mera criação humana?

Assim é tudo na vida social. Acreditamos no que nos dizem. Os evangélicos acreditam nos pastores. Os católicos acreditam nos padres. Os espíritas acreditam em seus pregadores. O pessoal da umbanda acredita nos pais de santos, nos caboclos, pretos velhos. E assim vamos indo. Eu procuro acreditar na ciência, por isso eu leio, por isso eu invisto o que ganho em livros e na busca de informação. Mas me acho pobrezinho, pequeno, limitado…queria saber mais.

Acredito que o conhecimento liberta.

Busco e sou curioso. Só isso.

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O existencialismo que habita em mim

Às vezes, a vida é um tanto irracional. Nossas paixões naturais, difíceis de explicá-las, fazem-nos escravos. Dependendo do grau de seriedade e maturidade de cada ser, esse sofrimento é ampliado. O mundo a nossa volta e nossa compreensão sobre os fenômenos sociais, ativa nossos princípios de cidadania. Afora esses, outros valores subjazem. São valores, a rigor, eivados de subjetividade, como a ética decorrente da moral, conquanto o ethos é a ciência dessa.
Valores como bondades, amabilidades, ódios, rancores, tristezas, frustrações e inseguranças também habitam nossas almas e acabam sendo uma espécie de vetor de nossas vidas em nossas caminhadas terrestres.
Várias vezes entro em crise com meus valores, mas prefiro guardá-los nos porões do meu consciente racionalíssimo ser. Dói-me o florescimento da mendicância humana e quando vejo tudo errado a minha frente, sinto-me fraco e impotente. Prefiro chorar sozinho, sufocando o pranto por debaixo dos cobertores. A dor que invade minha alma, muitas vezes, é abismal. Pessoas como eu tendem a sofrer mais que as demais. Faltam-me crenças, outros valores. O mundo e a lógica da vida nos limites puros da razão, é um fardo difícil de ser carregado.
O ateu e o agnóstico, por não compartilharem de crenças subjacentes a moral religiosa, tendem a mergulhar num mundo estranho, sem sonhos, sem fantasias e sem esperanças. O tecido social tem um limite e as convenções da vida em sociedade obedecem ritos que se casam na conjunção de interesses entre a ética afeta a cidadania e a ética derivada de valores religiosos.
A mim, falta a ética espiritual e religiosa e o mundo é um vazio imenso quando os outros valores entram em crise. Hoje é um dia desses bem atípicos em minha vida. Estou em profunda crise. Mergulhado numa dor sem precedentes, minha alma é um caos. Tudo começou ontem quando decidi reler meu último livro. A política, que é o que mais amo, cada vez mais se apresenta podre e feita por gente cada vez mais tola e imbecil. Minha opção de escrever sobre como vejo o outro lado disso, abre-me fendas espirituais profundas. É tudo podre.
A lógica das convenções discursivas é podre, os jogos, técnicas, macetes, articulações, falas, tudo é eivado de podridão. Aí passo a questionar-me profundamente. Até onde eu não sou totalmente podre na medida em me seduzo tanto por tudo isso?
Em política, tudo é mentira ou quase tudo. Não existe decência. Ninguém fala a verdade, crassa o cinismo. Fingimos que aceitamos a mentira como verdade e tornamo-nos cúmplices da mentira e da falsidade.
Meu último livro versou sobre essas mentiras, daí porque afirmei que era um livro amoral. Com ele, veio uma crise enorme sobre meus ombros. Que bom que eu encontrasse um refúgio para minha alma. Que maldição eu carrego por meu ser não aceitar um pouquinho de abstração, seja do terreiro, da igreja, do templo, em suma, seja da manifestação que for.
Psicalizando-me, o que faço diariamente, vejo a contradição entre a herança de uma moral cristã e judaica que habita minha alma e a inquietação de não acreditar em praticamente nada que soe religião. Se alguém tiver alguma fórmula, por favor, mande-a para mim. Do contrário, sigo. Sigo tateando espaços vazios, ocos, inconclusos, confusos e misteriosos, como é o próprio destino das almas.

 

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Despolitizações e mentiras

Um dos discursos mais cínicos na política é esse que propugna pela não politização das atividades estudantis, especialmente pela atividade universitária.

Tudo que diz respeito à vida universitária tem a ver com a política e com os rumos políticos do país. Começa com o ENEM, PROUNI, ensino público e/ou privado, cotas raciais e sociais, passando pelo preço do caderno, do livro, da caneta, do computador, da internet grátis ou não…em suma, tudo que envolve a vida dos estudantes dentro de uma universidade é política, sim.

Peguemos um ponto apenas do debate, a questão do ensino público e gratuito. Quem faz esse debate são os partidos políticos. Os estudantes que não quiserem perder o bonde da história, precisam fazer esse debate, precisam debater o que querem para o seu país e o que querem do seu país.

Se de um lado, toda a questão estrutural do ensino é fortemente política, também o é em termos de conteúdo, seja em história, seja no direito, seja nas letras. Alguém duvida que ao cotejar a linha francesa da análise do discurso com a linha americana não estamos diante de duas posições bem ideológicas? Viva Althusser e Noam Chomsky! Alguém duvida que o conteúdo de um ensinamento de história não esteja eivado de visões político/ideológicas? Ou alguém imagina que os professores de Direito ao omitirem as verdadeiras vertentes epistemológicas do Direito, ao fazerem apologia da lei pura e crua não estão fazendo apologia do establishment? E por que os alunos cricri vão além buscando a teoria dialética do Direito?

Os professores de engenharia ao defenderem os transgênicos como uma verdade absoluta não estão adotando uma posição política? E os que estão contra também estão adotando uma posição política.

O ônibus que nos leva até a universidade também é uma questão política, o custo da passagem, o salário do motorista, a capacidade de usuários, o custo do combustível do nosso carro, o valor dos tributos inseridos no custo da gasolina, o preço de um tênis, a carga tributária desse tênis, a internet que temos em casa, tudo, tudo, tudo, são questões vivamente políticas.

A URI, situada nesse debate, volta e meio é assaltada por alguns supostos moralistas, puritanos babacas que não sabem o que estão dizendo, acusam as pessoas de fazerem política dentro da universidade. É claro que é preciso haver um limite na atividade partidária, mas ninguém segura o debate político e esse é essencialmente partidário. A gente camufla, dissimula, diz uma coisa e faz outra, mas no fundo, no fundo, tudo é político. Por fim, reflitamos com Bertold Brechet sobre o analfabeto político:

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

Tem outras coisas que eu conto outro dia só para ver à reação dos que se apropriam da história forjada pela ditadura e falsificam os fatos para ajustá-los aos seus interesses nos dias atuais. Eles sabem que eu existindo, o muro será sempre difícil de ser transposto.

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“Se hoje eu sou a estrela, amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor”

Eu não escrevo para idiotas, que raciocinam apenas em cima do óbvio. Iniciei com um jornal digital no ano 2.000, portanto, pioneiríssimo na internet. Quem conheçe minha história de vida, sabe que as primeiras crônicas no jornal Folha da Tarde, POA, datam de 1980. E daí em diante, nunca mais parei. Afora 6 livros, tenho milhares de artigos escritos ao longo dos últimos 30 anos. EM TEMPO: artigos não são postagens breves como essas que faço no blog. Tem gente que descobriu meu blog na eleição da URI e agora, perturbados, ficam me atacando e querendo me julgar a partir de sua visão de mundo. Pobre gente.

Bem, meu blog é pessoal, não peço para ninguém lê-lo e não peço opiniões. Lê, quem quer.

Já disse que não sou estático, que meu coração é judeu apátrida, adoro mudanças. Sou avesso ao que é como está, hoje tenho uma posição, amanhã, posso ter outra. E aí?Isso é problema meu. Mecanicistas que só veem o mal em contraposição ao bem, jamais vão poder ler meu blog, sob pena de viverem em permanente crise. O ideal é que nem abram mais meu blog. É tão simples. Se eu quiser ser um ateu, que acredita em Deus, qual é o problema? Será que preciso buscar Zélia Gattai? Se eu quiser ser um evangélico, qual é o problema?

Mas não foi o Raul Seixas quem disse isso:

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Há, um detalhe para aquela criança perturbada, eu escrevo sobre assuntos que domino. E mais: se vcs duvidarem, me chamem para um debate sobre EUGENIA, já que fui provocado.

Quanto as criticas ao meu blog?

Será que eu tenho o direito de decidir ou não? Se eu não quero receber comentários, o problema é meu. Sigam me odiando, vcs serão mais inteligentes agredindo o que não conhecem.

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