China e Rússia não assinam sanção ao Irã pelos testes nucleares

Vou deixar registrada minha opinião, para eu ser cobrado pelas futuras gerações e pela História. Tenho uma filha de 11 anos.

Não acredito muito em conflito nuclear entre Rússia e a OTAN, massa de manobra dos EEUU, nesse conflito com a Ucrânia.  É claro que nesse conflito tudo é possível, menos um conflito nuclear.

Agora, é evidente que o caso do ataque de Israel ao Irã, que desenvolve suas armas nucleares, aí não existe espaço para a tolerância e nem para o diálogo.

Israel é hoje um país belicoso e altamente ávido pelas guerras. Saiu da condição de oprimido e tornou-se opressor. Estranhamente, se armam e não querem que o Irã se arme. O que eles se acham melhor? Tudo que diz respeito a Israel é manipulação, malversação e mentira.

É claro que Israel vai atacar o Irã e é claro que o Irã vai rebater e reagir.

A posição da Rússia e da China tornam esse conflito ainda mais temerário e perigoso, pois aí – certamente – o conflito será nuclear.

Pobre humanidade e esses assassinos falando em nome de Deus e amparados num suposto arquétipo religioso.

A HORA, UM JORNAL QUE FOI DIFERENTE

Dia 1° de maio de 1997. Circulava pela primeira vez, em Santiago, a primeira tiragem do Jornal A Hora, com 2.000 exemplares. A data é sugestiva.
A proposta era clara,  textos longos e opinativos, poucas ilustrações e circulação restrita; nasceu diferente dos jornais tradicionais, apostou na essência, no conteúdo e não foi indiferente frente a sociedade santiaguense e regional.

A manchete do primeiro número dava o tom:

“Santiago: a estética de uma sociedade contraditória”. A seguir, uma longa matéria de minha autoria sobre o deslocamento do eixo campo-cidade que fez emergir um forte proletariado urbano e ocasiona a formação de grandes bolsões de miséria. O primeiro texto discutia a proliferação de vilas, o inchaço habitacional e as novas demandas oriundas da urbanização forçada e semi-espontânea em face de novas conjunturas econômicas, tecnológicas e políticas.

Também, nesse primeiro número, publicamos uma longa matéria, intitulada “Excertos para entender o neoliberalismo” e demontramos com argumentos bastante didáticos o que eram essas propostas e como elas se constituiam, trazendo luzes e entendimentos para uma sociedade.

E nossa primeira Pesquisa foi exatamente sobre clonagem humana e como os santiaguenses se posicionavam diante do assunto.

Fiel ao propósito de intervir no debate político da cidade, saímos de sola atacando o lixão da Bonatto, os casos de doenças oriundos desse, os problemas sociais que se derivavam dessa condição imposta aos moradores e tivemos a felicidade de sensibilizar – aos poucos – nossos agentes políticos, que foram compreendendo a força dos argumentos e a essência de nossa proposta.

A partir daí o Jornal nunca mais parou nesse propósito político, redefiniu-se várias vezes, deu nome ao primeiro veículo on line de Santiago – a horaonline – feito por Luciano Barreto e esse blogueiro, com um domínio próprio aqui de Santiagonet, lançado em março de 2000. Com a pouca adesão a esse tipo de jornalismo digital, numa época em que pouquíssimas pessoas tinham internet em Santiago, o jornal on line durou apenas 2 anos e foi substituído, em 2003, pelo meu primeiro blog juliocesarprates.blogspot. Como naquela época o BLOGGER só aceitava até 1.000 postagens, era necessário criar um blog novo uma vez por ano.

Assim, nosso protagonismo jornalístico em Santiago foi se consolidando, partiu do papel para a vertente digital e ainda segue fiel ao propósito de textos opinativos, interpretando os fatos e avesso a política publicar a notícia pela notícia.

Hoje, seguimos com o blog e agora vamos investir num canal no youtube.

A sociedade em rede e a lanterna de Diógenes

Um amigo, de São Leopoldo,  liga-me e pergunta  se eu escrevi a matéria abaixo inspirado numa fonte do Jornal EL PAÍS. Respondo-lhe que não, esse artigo foi publicado há alguns anos, mas ganha uma atualidade fantástica. Primeiro, porque Santiago viverá sua primeira eleição sob a égide de uma nova ferramenta política: a sociedade em rede. Aliás, não faz muito tempo que eu vivo recomendando a leitura do livro A SOCIEDADE EM REDE, do sociólogo espanhol Manuel Castells, aliás, o livro mais consistente que já li sobre a nova sociedade, especialmente depois de o GRANDE IRMÃO  e CABANA ELETRÔNICA de Alvim Tofler, onde estaria surgindo o indivídeo no lugar no indivíduo. É claro, o segundo é mais futurista, o primeiro, o espanhol, é bem mais realista e chega ser assustadoras suas previsões.

No meu livro PAMPA EM PROGRESSO sustento que a eleição de Vulmar Leite, em 1992, teve vários ingredientes que – somados – resultaram na derrota do PDS. Sinteticamente, dá para dizer que houve uma sucessão de erros na reação, desde o troca-troca de candidatos em cima da hora, alguns antecedentes explorados bem na opinião pública, especialmente um incidente envolvendo o ex-prefeito Cássio, mas – sobretudo – existia uma conjutura favorável à mudança.

Naquela ocasião havia uma revolução (para os padrões da época) nas comunicações, e, Santiago, também vivia os reflexos de uma urbanização forçada e a forte emergência de um proletariado urbano composto por amplas parcelas da população que saiam do meio rural para a cidade e impunham uma série de exigências para as quais os governos de então não estavam preparados para atender.

Mas – nessa eleição de Vulmar – havia também um elemento imperceptível,  não visualisável e eu sou o único em Santiago que sustentei essa tese e a sustento até hoje.

Que elemento era esse?

Vou ser didático para me fazer compreender. Esse elemento estava entrando em todas as casas, estava em todos os jornais, radios e todas as televisões…era a queda do socialismo real, a desagregação do leste europeu, o fim dos regimes autoritários que – um a um – iam caindo. Havia uma redefinição na política mundial, os jovens saíam às ruas, enfrentavam os tanques, os militares, haviam confrontos em várias partes do mundo e foram 3 anos marcados por quedas sucessivas de governos. Em nosso país, emergiu o movimento dos cara-pintadas, os jovens íam às ruas, vestiam preto enquanto o estabhisment pedia que vestissem verde e amarelo. De repente, todos queriam mudanças, mudanças na Alemanha, na URSS, na Polônia, na Romênia…mudança lá, mudança aqui.

Esse sentimento mudancista dentro de nossas casas sendo mostrado a toda hora na TV, em todos os canais, cria – subjetivamente – um espírito de mudança também no passivo telespectador ou leitor santiaguense. Ninguém fica indiferente a essas manifestações, nem que seja inconscientemente ela ocorre.

Discutir psicanaliticamente como isso se processa é assunto para o curso de psicologia da URI e seus teóricos, a mim, cabe mostrar os fatos que identifico e abrir à discussão com a sociedade.

Transcorridos 20 anos da vitória da Vulmar Leite, eis que surge no mundo uma nova conjuntura mudancista. Esse questionamento aos velhos poderes que emerge no mundo árabe, incentivado pelas redes sociais da internet, é sem sombra de dúvidas a repetição da história que aconteceu no leste europeu, resguardadas as especificidades, especialmente de época. Agora os sentimentos que contaminam são os mesmos, senão como explicar o rastilho de explosões da Tunísia ao Egito e que agora se espande para diversos outros países? De um lado, os protestos pegaram à direita no Egito, mas também pegaram Kadaffi, na Líbia, de esquerda. Agora, que o processo está deflagrado, e fomentado pela velocidade da internet, se torna imprevisível saber o que acontecerá no dito mundo árabe.

Gostem ou não, os jovens no mundo inteiro estão se organizando em redes sociais, questionando o poder, cada um ao seu modo, mas estão, e existem revoluções silenciosas e não reveladas até no coração da Europa. A França vive madrugadas em chamas nos seus subúrbios e as explosões estão presentes em vários países, não só do mundo árabe.

É claro que todos já estão tentando entender esse complexo mundo admirável da sociedade em rede; mais do que isso, o sentimento de revolta das pessoas marcadas pelo desencanto, pela miséria é explosivo, ele reage como reação em cadeia, os exemplos do mundo árabe tocam profundamente no sentimento e no íntimo das pessoas. Elas descobrem que podem ser participantes, agentes da história, e então começam a se manifestar.

Aqui em Santiago, as camadas médias urbanas, especialmente as jovens e com maior potencial de revolta e indignação, estão vendo que têm força, estão organizados numa rede nunca vista em nossa cidade; os velhos políticos e coronéis não leem face-book e nem twitteres e por isso mesmo nem imaginam onde já anda essa articulação rebelde. E para agravar tudo, os políticos ainda enveredam pela senda dos mais ricos, dos mais fortes e dos mais poderosos, por exemplo, nessa questão do novo código florestal, nossa juventude rebelde está massivamente contra e os políticos locais estão andando na contramão, jogando gasolina no incipiente incêndio que já começa a ser formar em Santiago ao defenderam as propostas do agronegócio e do latifúndio, ávidos por mais áreas para aumentaram seus lucros, mesmo que isso implique no vilipêndio ao meio ambiente.  É um erro monumental o que eles estão praticando.

Por outro lado, se essa onda de protestos do mundo árabe se estender por mais alguns meses, e agora ela tomou novo rumo com as decapitações ao vivo pela net, e se – porventura – se prolongar como se prolongou no leste europeu do início dos anos 90, até as eleições municipais do ano que vem, eu sustento que estará gerado o clima mudancista em Santiago. Não sei se a oposição local já aprendeu a ler, mas se perceberem que existe o espírito (hegeliano) pairando no ar, como um sentimento entranhado nos corações, será uma eleição bem complicada e toda a lógica que até aqui vínhamos operando, pode se desfazer, surgindo então uma outra lógica, tão irracional quanto a mudança pela mudança. E aí é que reside o perigo, pois a irracionalidade da mudança cega corações e mentes, todo o espírito mudancista é rebelde e aí os que andam defendendo o latifúndio e o agronegócio, dando às costas às suas bases, que não podem nem ouvir falar em agronegócio e latifúndio, pagarão um preço muito alto, pois serão identificados como símbolos adversos.

Outro dia, um blogueiro disse que o que eu escrevo são loucuragens. Mas espero que aqueles que saibam ler um pouco adiante do óbvio, que levem a sério essa postagem, ela é maldita e profética.  Afora isso, é embasada por um bom leitor social, que sabe entender o que está acontecendo e relacionar o todo com o nosso particular microcosmos.

A mudança está ar. Resta saber como nossas forças políticas reagirão ao verem a luz de minha lanterna. (não é loucuragem é a lanterna de Diógenes que uso para  ilustrar a metáfora). Procurem saber o que é lanterna de Diógenes antes de me criticarem.

A imaginação entre a fantasia e a realidade

A célebre escritora francesa Simone de Beauvoir, companheira do filósofo existencialista Jean Paul Sarte, ao escrever acerca da obra de Marques de Sade “Os 120 dias de Sodoma”, observou que permanecemos incrédulos entre duas fantasias que Sartre tenta descrever: crueldade e torpeza.

E vai mais longe a escritora: Até que ponto ele os praticou ? É um grito que se estende desde Marselha as escrementosas orgias dos 120 dias de Sodoma.

O livro do Marques de Sade, que deu origem ao filme bem conhecido  nosso, “ Saló, 120 dias de Sodoma”, retrata um período onde o sexo era o cotidiano das pessoas que se entregavam a orgias por pura satisfação bestial de seus instintos e prazeres incontidos.

O que se supõe é que Sade (deriva-se dele a expressão sadismo) tenha em tese praticado tudo o que relata o livro. Entretanto, Simone de Beauvoir lança uma dúvida: “ até que ponto ele praticou e até que ponto ele fantasiou”?

A propósito da fantasia, a fertilidade imaginária em Santiago corre solta.

Quando me contam do absurdo que propagam sobre minha pessoa, lembro-me dessa construção confusa que mescla realidade e fantasia.

Contudo, lembro aos escarnecedores, aos que dão falso testemunho, aos que mentem no poder judiciário na cara do juiz e do promotor, que eu sou a realidade, não sou a fantasia, minhas ações não são fruto da imaginação, vou na fonte, cato provas por conta, não pararei enquanto não desmentir mentira por mentira. E como disse Vergílio em Éclogas, TRAHIT SUA QUEM QUE VOLUPTAS, ou seja, cada um  é arrastado pelos seus pendores. E como para o bom entendedor meia palavra basta: SANS FAÇON.

Quem forma a opinião pública em Santiago? Existe uma opinião pública santiaguense?

Sobre nossa opinião pública, a primeira delas é sobre a existência ou não da assim chamada; supletivamente, cabe refletir – admitindo a hipótese dela existir – como então essa se corporifica? O segundo aspecto, quem a gera, como ela se introduz no seio da sociedade, como transformam a mentira em verdade, como dizem uma coisa e falam outra.
Sabemos que política é arte de mentir, de pensar uma coisa e de dizer outra. Ademais, os políticos falam várias linguagens embutidas numa só. Nesse contexto,  que fala a verdade, constituiu-se numa louvável exceção, destoa apenas porque fala o que pensa, quando a regra é pensar e não falar e quando falar nunca dizer o que se está pensando. As pessoas que escrevem, em Santiago, são as mais visadas, mas mais perseguidas e não é nenhum exagero dizer que existe uma caça às bruxas contra a teoria. Eu sinto isso na pele.
.
Por outro lado, o que mesmo vem a ser opinião pública? Longe de teorizações, de complicadas racionalizações, trata-se de um conceito polêmico. Isso quem diz é Paul A. Palmer, autor do clássico Public Opinion in Political Theory, editado pela Universidade de Harvard. Essa obra de Palmer é uma espécie de clássico na literatura inglesa, francesa e alemã acerca dos estudos de opinião pública.
.
Os gregos e, mais tarde, os romanos, já se debatiam sobre o assunto e empregavam locuções semelhantes, falando em consenso populi. Na idade média, cunhou-se a máxima vox populi vox dei e Maquiavel, na obra: DISCURSOS, comparou a voz do povo a voz de Deus.
.
O conceito de opinião pública como participação popular se liga a revolução francesa de 1789 e foi empregado, pela primeira vez, por Jean Jacques Rosseau.
.
Alessandre Pope, na Inglaterra, escreveu, ironizando: estranha a voz do povo e não é a voz de Deus.
.
Pierre Bordieu, na França, ampliou o debate e revelou que ele não é mesmo dócil. Disse e desdisse que opinião pública não existe. Complicado.
.
Fiz essa pequena introdução para mostrar aos leitores do blog e amigos que o debate sobre opinião pública não é recente e nem consensual seu conceito.
.
Quem é a opinião pública de Santiago e como se forma a opinião pública em Santiago?
.
Eu diria que são vários os agentes e muitos os elementos que incidem na tal formação. Porém, tudo varia de acordo com as informações que as pessoas recebem, suas fontes de leituras, seus círculos sociais, suas condições econômicas e assim por diante.
.
É claro que um assunto de repercussão nacional e/ou estadual depende das fontes macro que abastecem nossas redes de informações. Aí entram os grandes jornais, rádios, canais de televisão e – mais recentemente – os blogs estaduais. Se for internacional, ficamos todos reféns das mesmas agências de notícias. Não acredito que tenhamos cinco ou seis pessoas na sociedade local que busquem outras fontes por conta própria.
Tudo depende de enfoque, de um conjunto de simpatias e/ou antipatias, a forma como a transmitida a notícia, a eventual manipulação ou não informação, entre outros expedientes, essencialmente ideológicos.
.
Eu diria que existem vários níveis de formação de opinião. O público evangélico, em Santiago, em torno de 30% da população, recebe um tipo de influência, é educado a ver os fatos políticos de uma determinada forma. Usei o exemplo evangélico apenas a título ilustrativo, posto que o mesmo raciocínio vale para o comportamento das classes sociais, afinal o volume de informações se relaciona com as condições de acesso dessa mesma informação. O segmento E de nossa sociedade, com seus estamentos, têm pouco acesso a banda larga, não lê blogs, não lê Veja, Isto É, Folha de São Paulo e raramente lê a ZH digital. Portanto, seus limites de informações dominantes são parcos, ficando expostos a dominação direta das classes dominantes locais e seu modo de pensar.
E mesmo entre o público de maior acesso a informação, nossos segmentos A e B, existe uma pulverização na recepção da informação, da TV fechada à internet.
.
Aqui em nossa cidade é  certo que a opinião das pessoas é formada de forma fragmentada. Nossas rádios locais, são pouco opinativas e pouco formadoras de opinião enquanto participação popular na criação, execução, controle e crítica das ideias políticas. Já nossos jornais, foram bem mais agressivos na formação da opinião pública local. E os blogs, então, esses – sim – são vivamente opinativos e realmente influem, para pior ou para melhor, mas influem.
.
Contudo, ouso acreditar que não existe uma opinião pública santiaguense formada, pronta e acabada. Existem segmentos de opinião pública em Santiago e esses são produtos das influências que recebem, leia-se: dos órgãos de imprensa escritos, universidades, autores, religiões, ethos moral …
E não estou entrando nos méritos de um e de outro órgão, estou apenas enfocando a extensão da influência de um órgão de imprensa e seu “poder formar” uma opinião favorável ou contrária a determinada pessoa, órgão, empresa… Notícia pela notícia, tem apenas o condão de informar. Imprensa reflexiva, que valora um fato social e sobre ele abre um debate, praticamente não temos em nossa cidade e região
Por fim, outros elementos precisam ser jogados no debate. Desde a sintonia de uma rádio até a tiragem de um jornal, pois isso reflete na maior fatia de público atingido pela ideologia que esse veículo reproduz. Pesa também, a credibilidade e a idoneidade do jornalista ou do radialista. É fácil inferir que um jornal de grande penetração popular, com jornalistas bem formados, realmente forjam algum tipo de opinião. Mas…
.
O fenômeno mais recente da imprensa santiaguense e regional são os blogs. E o sucesso deles, gostem ou não, está associado a emissão de opinião. Os fortemente opinativos, são os mais acessados. Ninguém gosta da abrir blogs para ler notícias coladas ou releases prontos; a exceção, as extravagantes notícias de crimes e tragédias.
Em tese, vamos admitir que exista – sim – opinião pública, mas essa se expressa em vários níveis, não é uníssona, nem é a voz do povo e nem é a voz de Deus. Ela é formada segmentada, recebe influências distintas e expressa-se por áreas de influências, com suas particularidades. Por fim: tudo depende do poder de fogo dos órgãos de imprensa, sua extensão, sua penetração e sua capacidade de “diálogo” com as massas receptoras da informação.
Pesquisa de opinião pública é coisa muitíssimo séria. Passei vários anos na faculdade de sociologia me debatendo sobre isso, desde os primeiros conceitos em Introdução a Pesquisa, Pesquisa I, II, III…chegando nas disciplinas de Estatística. Assombra-me a facilidade  com que fazem pesquisas locais. Assombra-me as mentiras e malversação dos números. O rigor científico das Pesquisas, aqui não existe.
Uma emissora de Rádio, jamais, jamais, jamais…pode imaginar que tem audiência absoluta de todos os habitantes de um município. Quem faz isso mente e engana-se abertamente. Raciocinemos por hipótese como é a influência dos 50 mil moradores de Santiago? Tem uma parcela desses habitantes, que recebe influência das rádios; afinal, é sabido o público que gosta de rádios. Aí temos uma múltipla fragmentação, e essa envolve as AMs, inclusive de Porto Alegre que são bem ouvidas em Santiago e todas nossas FMs, atualmente em número de 4. A rigor, ninguém sabe a extensão da influência de nossas rádios, pois até hoje nenhuma pesquisa séria foi feita.
Temos a influência das Redes de Televisões. Aqui, da mesma forma, não temos uma estratificação correta, nem entre o sinal aberto e o fechado, embora se saiba, pela decorrência socioeconômica, que a hegemonia da TV aberta é dominante, e isso explica a influência dos jornais da Globo, SBT e Band. Sendo assim possível traçar linha de audiência ao sabor do empirismo, pois mais uma vez não temos e nunca tivemos a instalação eletrônica dos medidores de audiências televisivas. Agora, recentemente, temos uma explosão das TV Webs, parece que temos 45 em Santiago, mas é tudo muito precário e rudimentar, por enquanto.
Sobre os jornais, mais uma vez incide o mesmo raciocínio, do papel ao visor do computador, com a babel de informações, embora seja possível medir a influência de um ou de outro pela tiragem e pelo número de assinantes, quando não reine a malversação e o engodo.
É claro, a fatia da mídia é apenas uma face do debate. E os outros formadores de opiniões, professores, escritores, analistas, advogados, médicos, políticos, economistas…??? Têm a tendência de influenciarem fortemente o pensamento local. Esse é apenas um exemplo de expressão de formação pela imprensa, mas que nem por isso deixa de ser um nicho interessante.
Por todo o exposto, não acredito numa opinião pública local uníssona; existem núcleos de opiniões convergentes e núcleos de opiniões divergentes. Existe uma tendência majoritária a congregar fatias opinativas. Do bolsa família à reforma agrária, assentados, FIES, seja qual for o assunto em pauta, existe uma linha, uma diretriz…mas tênues. A elite santiaguense é fantástica no sentido de reproduzir seu modo de vida e sua influência nas classes mais pobres. Essa é uma tendência visível.
Qualquer embate de troca de ideias e reflexões na sociedade santiaguense passa, necessariamente, por um embate no seio das classes dominantes e por isso é necessário saber estudá-las, compreendê-las, identificar sua origem e as fontes de suas influências. O maior erro estratégico (não tático) de todos os tempos é tentar combater uma elite com suas próprias armas. Exemplifico-me: temos uma direita local que adora o COTURNO NOTURNO. Como alguém pretende combater essa direita usando os mesmos expedientes e até as mesmas fontes?
Chega a ser risível citar HABERMAS, mas ele defende (o óbvio, diria) que a integração de uma sociedade se dá por meio do poder comunicativo dos seus cidadãos que a compõem.
O dia que entendermos bem isso, já teremos avançado muito. Somos todos produtos de nossas influências, de nossas ideologias e de nossas visões de mundo. Pela fragmentação, pela dispersão, pelas diferentes correntes de expressão, é fácil concluir que não existe uma opinião pública santiaguense, embora existam os formadores locais de opiniões. Existe uma opinião pública dominante, a rigor, mas …apenas isso. Essa é facilmente desfeita, mas aí reside o impasse de todos os que se opõem ao establishment .