Entenda os motivos que pesaram para Lula demitir Cida Gonçalves
CNN – MANOELA CARLUCCI
Ministério das Mulheres será comandado por Márcia Lopes, que já foi ministra de Lula em 2010, quando chefiou o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tomou a decisão de demitir, nesta segunda-feira (5), Cida Gonçalves do cargo de Ministra das Mulheres.
Em fevereiro, Cida revelou à Comissão de Ética da Presidência da República que costumava interromper agendas para atender Janja.
A ex-ministro das Mulheres também chegou a dizer, na ocasião, que ignorava chamados de Alexandre Padilha (à época, ministro das Relações Institucionais; hoje, da Saúde) e de Márcio Macêdo (secretário-geral da Presidência).
Além dos desgastes políticos com o Palácio do Planalto, Cida também vinha sofrendo críticas no governo sobre sua atuação no ministério, que não estaria trazendo visibilidade à pasta.
Assédio Moral
Cida depôs à Comissão de Ética da Presidência em fevereiro pois respondia a um processo em que era acusada de cometer assédio moral.
Segundo relatos de servidoras — que gravaram situações anexadas ao processo –, as denúncias envolviam ameaças de demissão, cobrança de trabalho em curto prazo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos.
Na época, o Ministério das Mulheres chegou a soltar uma nota afirmando que não havia registro formal das ocasiões nos canais de denúncia da Corregedoria da pasta, “da mesma forma que não foi notificado sobre denúncias realizadas em outros órgãos”.
Além disso, conforme apurou a CNN, Cida também teria sugerido apoio financeiro a uma servidora para que ela se candidatasse na eleição de 2026, em troca de silêncio em uma denúncia sobre racismo.
Posteriormente, o processo acabaria sendo arquivado.
“Troca de rumo”
Apesar das críticas e rusgas já existentes, em conversa com jornalistas nesta segunda, a ex-ministra disse que nada disso pesou na decisão de Lula.
“Estou tranquila, leve, feliz, acho que não é uma troca por incompetência, por assédio, por rixa, não é isso. É uma troca de rumo, de momentos. Tem hora que você está no limite do esgotamento daquilo que você pode avançar, ampliar. E gente nova chega com um olhar novo e com uma outra perspectiva”, afirmou.
Para o lugar de Cida, Lula convidou Márcia Lopes. Ex-ministra do Desenvolvimento Social, ela é assistente social, professora e filiada ao PT.
* Com informações de Gabriela Prado, Jussara Soares e Tainá Falcão, em Brasília
Anatomia
*JULIO PRATES
Iniciei a faculdade de sociologia com uma grande definição em minha vida: queria ser professor. A sociologia dos anos 80 não era somente esquerda, havia muita gente de direita, mas tanto esquerda quanto direita era tudo muito moderado, todos se davam bem e não haviam esses conflitos pós telemáticos. Embora eu não estudasse na PUC fui grande amigo da Salete e da Andreia, judia, que estudavam na sociologia da PUC.
Era bastante jovem, recém chegado em Porto Alegre. Logo, defrontei-me com um dilema horrível. Eu olhava os salários dos jornalistas e via o horror que eram os salários dos professores. Era o início dos anos 80. Essa história vai custar muito para mudar.
No curso que eu fazia, tínhamos duas opções, o bacharelado, voltado para Pesquisas, e a licenciatura, voltada para o magistério. Neófito, mal entendia como um professor ganhava tão pouco. Também não entendia, como, eu, sem ser jornalista, ganhava tão bem e como os demais colegas também ganhavam muito bem.
Não sei bem quem sou eu até hoje. Enquanto estudava sociologia pura, escolhi dirigir-me para Pesquisas, mas também estudava língua hebraica no Instituto Marc Chagall e francês, na Aliança francesa.
No Instituto Judaico Marc Chagall, conheci e firmei grandes amizades. Leonardo Grabois, sobrinho de Maurício Grabois, virou meu grande parceiro e amigo. Leonardo era médico-psiquiatra, longa vivência na França e em Israel. Embora, boa parte da comunidade judaica seja de direita e pró-Netanyahu, embora os vínculos firmados sejam muito fortes até hoje e as amizades persistem.
Grabois (foto) formou-se em medicina há muitas décadas, na Universidade Federal do Paraná, figura humana amável e maravilhosa. Criou a dirigiu a Associação Paranaense de Psiquiatria e faleceu dia 23 de dezembro de 2023. Judeu militante e altamente respeitador das demais religiões. Não achem estranho, todas as manhãs converso longamente com meu amigo Aléssio Viero, que tem 95 anos, sendo que sou 30 anos mais novo que ele, embora não tenha a saúde de ferro dele e nem sua volúpia alimentar.
Grabois adorava girar pelo Vale do Sinos. Ele tinha uma tese sobre a mulher: “Júlio César, mulher é como socialismo, não tendo a ideal, se fica com o quem se tem”. Girar pelo vale do Sinos era perambular pelos bares de Campo Bom, Novo Hamburgo … nós tínhamos grandes ligações com o sindicato dos sapateiros … sindicatos poderosos, fortes. O Vicente, a quem eu conheci em Campo Bom, modesto operário, acabou sendo eleito Deputado Federal naquela época.
Mas Grabois gostava de olhar e analisar os comportamentos. Embora médico, ele tinha uma veia sociológica forte e por alguma razão escolheu-me para ser seu amigo.
Quando ainda cursava sociologia, comecei a abrir contato com o Mestrado em Sociologia rural, na UFRGS. Era meu sonho. Escrevia longos textos sobre o impacto do Mercosul nas pequenas propriedades familiares do Rio Grande do Sul.
Imperceptivelmente, creio hoje, comecei a misturar economia com sociologia e a mergulhar num enredo complexo. No mestrado, em Sociologia, cheguei a receber críticas por ter uma veia econômica muito forte e até hoje não consegui dissociar a economia da sociologia.
Mas eu também passava enfiado com o Direito. E acabei fazendo Direito. Mas, mal entrei para o Direito, liguei-me a nova escola jurídica, conheci pessoalmente Roberto Lyra Filho* e aí passava mais envolvido com Filosofia do que o Direito propriamente dito.
*Jusfilosofo ROBERTO LYRA FILHO (FOTO), Professor Doutor pela UNB, criador da Teoria Dialética do Direito e da Nova Escola Jurídica. Autor de obras como O QUE É DIREITO. Faziam-lhe companhia: Warat (O Saber Crítico e Senso Comum Teórico dos Juristas) , Wolkmer, Agostinho Ramalho Marques Neto …
Lia Foucault, mas também lia a anti-psiquiatria. No direito, nas cadeiras de medicina legal, voltei-me para a psicanálise e comecei a estudar Freud e Lacan. Achava Jung muito místico. Mas sempre amei Cooper e Laing, especialmente sua crítica a psiquiatria tradicional, tanto que são conhecidos, hoje, como fundadores da anti-psiquiatria e -recentemente – um idiota me disse que eu citava autores que ele não conhecia, paciência, não posso responder pela insipiência alheia.
Mas eu também vivia uma contradição terrível. Se de um lado achava Jung místico, de outro, vivia atolado nos livros de Valdomiro Lorenz, sobre Cabala. Acabei na sociologia das religiões. O judaísmo é fascinante. Boa parte dos meus amigos judeus, são ateus. Contradição? Não, grandes líderes mundiais também o são: Marx, Lenin, Trotsky, Freud … quem não é?
Quem acompanhou bem essa minha trajetória, em Porto Alegre (antes de me mudar para São Paulo) foi o nosso colega, Advogado local, Cilon Pinto, ele é bem anti-judeu e era amigo íntimo do Bernardo e sabe bem da sinagoga que frequentávamos no bairro mais judeu de Porto Alegre, o Bonfim.
Cada vez que encontro o Dr. Cilon Pinto (foto) ele vem me provocar com o Protocolo dos Sábios de Sião. Inteligentíssimo, gosto muito do Cilon Pinto, homem também muito curioso e sagaz.
Aí …
… Desisti da ideia de ser professor. Pensei que eu seria um homem completo quando dominasse os arquétipos das principais ciências e assim comecei e incursionar pela ciência política, pela sociologia, pela filosofia, e tudo me levou – naturalmente – a economia, direito, psicanálise, antropologia … logo, conclui que o saber sistematizado em cada curso superior era uma robotização da pessoa, eu imaginava um ser humano com conhecimentos mais amplos … um curso superior só aliena e pessoa dentro daquela armadilha.
Fico escandalizado com as cabeças de juízes e promotores dessa geração mais jovem. São altamente mecanicistas, embora não saibam sequer quem foi Althusser ou Marta Harneker. Se me escandalizo com o mecanicismo, não é diferente meu juízo sobre o maniqueísmo. Isso é impossível no Rio Grande do Sul? Ximango ou maragato? Grêmio ou inter? Arena ou MDB?
Tive a felicidade de conhecer Bárbara Freitag e sua proposta de interdisciplinaridade. Conheci-a pessoalmente, assim como seu esposo Sérgio Rouanet, diplomata, tucano, que vive sendo atacado pelos tucanos que acham que ele é PT, pela lei de incentivo à cultura que leva seu nome. Foi aí que comecei a descobrir meu verdadeiro eu. Mas já era tarde demais.
Fiquei 30 anos lendo quase de tudo. Maduro, consciente, não há mais espaço na minha vida para ler Humberto Eco e como elaborar uma tese. A vida segue em frente. O que eu fiz foi uma loucura luxuosa de obter prazer com o conhecimento. É como ser necessário a delícia de um Henri Jayer Cros Parantoux-Vosne Romanee Premier cru numa bela taça de cristal olhando o por do sol do Guaíba … com caviar ou pão torrado com patê francês de coração de aves … e quem sabe ouvindo Bach, Tocata e Fuga, em ré menor …
Tive o privilégio do contato com a melhor literatura alemã, francesa e russa … pude comprar os livros que desejei …
Seguindo …
Um dia, eu percebi que cada campo das ciências, tem seus paradigmas. Obviedade ululante, diria Nelson Rodrigues. Levei anos para entender isso. Eu não entendia a antropologia. Mas também não tinha método para chegar nos paradigmas. Por favor, não confundam Método com metodologia. Método é produto raro. Foi incursionando com Método que descobri que tudo se assentava num tripé: fonologia, psicanálise e marxismo. Saussure, Freud e Marx, Darcy Ribeiro (e Roberto da Mata) estavam debulhados em minhas mãos, até a semiologia e a construção e desconstrução de cortes epistemológicos, à Japiassu.
Fiz como Olavo de Carvalho e comecei a estudar por conta. Não pensem que é fácil a vida de estudos por conta.
Um dia descobri: Tudo Começou com Maquiavel, de Luciano Gruppi, aí comprei um dicionário de ciências políticas, de Norberto Bobbio e descobri uma obra fascinante: As concepções políticas do século XX, de François Chatelet e Evelyne Pisier-Kouchner, de onde derivou-se minha melhor visão acerca do Estado. Embora, ressalve, no curso de sociologia, tive uma boa base anterior, em ciência política, estudando a origem do poder e as primeiras formas primitivas de Estado.
Se eu fosse pedreiro, faria casas, sentaria tijolos. Como não sei bem ao certo quem sou até hoje, vou trabalhar com quem não sabe nada ao certo, aqui todo mundo crassa a pretensão e o exílio daquilo que não compreendemos.
Logo, punimos, quem pensa diferente. É melhor rotular, depreciativamente, aquilo que não compreendemos do que tentar entender aquilo que nos parece distante.
Quero voltar à Sinagoga do Bonfim, seguir com minhas amizades, rever velhos amigos e trabalhar, trabalhar, com meu ofício.
Amizades que ficam, pois a política passa.
Eu sou mortal, erro muito, tenho grandes limitações, sou frustrado em muitas coisas, perdi uma família que eu amava muito e que por ela daria minha vida, enganei-me terrivelmente com pessoas que amei muito e de forma pura e sincera. Enganei-me muito com pessoas que se diziam amigas, mas eram ávidas em cravar um punhal nas minhas costas.
Curiosamente, contava isso ao amigo Julio Garcia, tenho amizades e vínculos com a direita, seja do PL, pois Bianchini, Magdiel, sempre foram muito meus amigos e com o Republicanos, pela amizade de mais de 30 anos com o Marcelo Brum … detalhe: o Colega e amigo Cilon Pinto também é de direita.
Mas, chega a hora que uma decisão precisa ser tomada. Uma conjunção e uma série de fatores colidiram na conspiração cósmica para que tudo acontecesse.
O amor existe, é lindo. É conjunto de afeições profundas. Pouca gente sabe o que é amar por completo. É tudo tão complexo. Nossas almas são inquietas. Irrequietas. Buscamos sempre a mansão do amanhã. Minha filha, Nina (foto) me faz repensar tudo.
*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro Internacional de jornalista nº 908 225, Sociólogo 1983/1987, 99/00, Advogado 1994/2004 e Teólogo 2021/2024.
O que é o inferno❓ De onde saiu o inferno❓ E para que serve o inferno❓
Osvaldo Luiz Ribeiro é Teólogo, Mestre, Doutor em Teologia e Pós-Doutor em Princeton,EEUU, e também na Universidade Federal Fluminense. É o maior teólogo brasileiro de todos os tempos.
Mensagem de whatsapp
Recebi essa gentil menção de uma amiga de Capão da Canoa, onde ela estava no domingo. Agradeço muito e fico imensamente grato. É claro, jamais publicarei seu nome até para evitar constrangimentos.
A vida não tem piedade para certas pessoas.
Muito lindo o texto que vc escreveu no teu blog.
Como a gente sofre mais por querer às coisas todas certinhas.
Mas o que é afinal a verdade?
Eu tenho a minha e cada um tem a sua com esse tal livre arbítrio
Bom final de domingo.
E continue forte pois o resto pouco importa.