O que é o inferno❓ De onde saiu o inferno❓ E para que serve o inferno❓

Osvaldo Luiz Ribeiro é Teólogo, Mestre, Doutor em Teologia e Pós-Doutor em Princeton,EEUU,  e também na Universidade Federal Fluminense. É o maior teólogo brasileiro de todos os tempos.

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Anatomia

*JULIO PRATES

 

Iniciei a faculdade de sociologia com uma grande definição em minha vida: queria ser professor. A sociologia dos anos 80 não era somente esquerda, havia muita gente de direita, mas tanto esquerda quanto direita era tudo muito moderado, todos se davam bem e não haviam esses conflitos pós telemáticos. Embora eu não estudasse na PUC fui grande amigo da Salete e da Andreia, judia, que estudavam na sociologia da PUC. 

Era bastante jovem, recém chegado em Porto Alegre. Logo, defrontei-me com um dilema horrível. Eu olhava os salários dos jornalistas e via o horror que eram os salários dos professores. Era o início dos anos 80. Essa história vai custar muito para mudar.

No curso que eu fazia, tínhamos duas opções, o bacharelado, voltado para Pesquisas, e a licenciatura, voltada para o magistério. Neófito, mal entendia como um professor ganhava tão pouco. Também não entendia, como, eu, sem ser jornalista, ganhava tão bem e como os demais colegas também ganhavam muito bem.

Não sei bem quem sou eu até hoje. Enquanto estudava sociologia pura, escolhi dirigir-me para Pesquisas, mas também estudava língua hebraica no Instituto Marc Chagall e francês, na Aliança francesa.

No Instituto Judaico Marc Chagall, conheci e firmei grandes amizades. Leonardo Grabois, sobrinho de Maurício Grabois, virou meu grande parceiro e amigo. Leonardo era médico-psiquiatra, longa vivência na França e em Israel. Embora, boa parte da comunidade judaica seja de direita e pró-Netanyahu, embora os vínculos firmados sejam muito fortes até hoje e as amizades persistem.

Grabois (foto) formou-se em medicina há muitas décadas, na Universidade Federal do Paraná, figura humana amável e maravilhosa. Criou a dirigiu a Associação Paranaense de Psiquiatria e faleceu dia 23 de dezembro de 2023. Judeu militante e altamente respeitador das demais religiões. Não achem estranho, todas as manhãs converso longamente com meu amigo Aléssio Viero, que tem 95 anos, sendo que  sou 30 anos mais novo que ele, embora não tenha a saúde de ferro dele e nem sua volúpia alimentar.

Grabois adorava girar pelo Vale do Sinos. Ele tinha uma tese sobre a mulher: “Júlio César, mulher é como socialismo, não tendo a ideal, se fica com o quem se tem”. Girar pelo vale do Sinos era perambular pelos bares de Campo Bom, Novo Hamburgo … nós tínhamos grandes ligações com o sindicato dos sapateiros … sindicatos poderosos, fortes. O Vicente, a quem eu conheci em Campo Bom, modesto operário, acabou sendo eleito Deputado Federal naquela época.

Mas Grabois gostava de olhar e analisar os comportamentos. Embora médico, ele tinha uma veia sociológica forte e por alguma razão escolheu-me para ser seu amigo.

Quando ainda cursava sociologia, comecei a abrir contato com o Mestrado em Sociologia rural, na UFRGS. Era meu sonho. Escrevia longos textos sobre o impacto do Mercosul nas pequenas propriedades familiares do Rio Grande do Sul.

Imperceptivelmente, creio hoje, comecei a misturar economia com sociologia e a mergulhar num enredo complexo. No mestrado, em Sociologia, cheguei a receber críticas por ter uma veia econômica muito forte e até hoje não consegui dissociar a economia da sociologia.

Mas eu também passava enfiado com o Direito. E acabei fazendo Direito. Mas, mal entrei para o Direito, liguei-me a nova escola jurídica, conheci pessoalmente Roberto Lyra Filho* e aí passava mais envolvido com Filosofia do que o Direito propriamente dito.

*Jusfilosofo ROBERTO LYRA FILHO (FOTO), Professor Doutor pela UNB, criador da Teoria Dialética do Direito e da Nova Escola Jurídica. Autor de obras como O QUE É DIREITO. Faziam-lhe companhia: Warat (O Saber Crítico e Senso Comum Teórico dos Juristas) , Wolkmer, Agostinho Ramalho Marques Neto …

Lia Foucault, mas também lia a anti-psiquiatria. No direito, nas cadeiras de medicina legal, voltei-me para a psicanálise e comecei a estudar Freud e Lacan. Achava Jung muito místico. Mas sempre amei Cooper e Laing, especialmente sua crítica a psiquiatria tradicional, tanto que são conhecidos, hoje, como fundadores da anti-psiquiatria e -recentemente – um idiota me disse que eu citava autores que ele não conhecia, paciência, não posso responder pela insipiência alheia.

Mas eu também vivia uma contradição terrível. Se de um lado achava Jung místico, de outro, vivia atolado nos livros de Valdomiro Lorenz, sobre Cabala. Acabei na sociologia das religiões. O judaísmo é fascinante. Boa parte dos meus amigos judeus, são ateus. Contradição? Não, grandes líderes mundiais também o são: Marx, Lenin, Trotsky, Freud … quem não é?

Quem acompanhou bem essa minha trajetória, em Porto Alegre (antes de  me mudar para São Paulo) foi o nosso colega, Advogado local, Cilon Pinto, ele é bem anti-judeu e era amigo íntimo do Bernardo e sabe bem da sinagoga que frequentávamos no bairro mais judeu de Porto Alegre, o Bonfim.

Cada vez que encontro o Dr. Cilon Pinto (foto) ele vem me provocar com o Protocolo dos Sábios de Sião. Inteligentíssimo, gosto muito do Cilon Pinto, homem também muito curioso e sagaz.

Aí …

… Desisti da ideia de ser professor. Pensei que eu seria um homem completo quando dominasse os arquétipos das principais ciências e assim comecei e incursionar pela ciência política, pela sociologia, pela filosofia, e tudo  me levou – naturalmente – a economia, direito, psicanálise, antropologia … logo, conclui que o saber sistematizado em cada curso superior era uma robotização da pessoa, eu imaginava um ser humano com conhecimentos mais amplos … um curso superior só aliena e pessoa dentro daquela armadilha.

Fico escandalizado com as cabeças de juízes e promotores dessa geração mais jovem. São altamente mecanicistas, embora não saibam sequer quem foi Althusser ou Marta Harneker. Se me escandalizo com o mecanicismo, não é diferente meu juízo sobre o maniqueísmo. Isso é impossível no Rio Grande do Sul? Ximango ou maragato? Grêmio ou inter? Arena ou MDB?

Tive a felicidade de conhecer  Bárbara Freitag e sua proposta de interdisciplinaridade. Conheci-a pessoalmente, assim como seu esposo Sérgio Rouanet, diplomata, tucano, que vive sendo atacado pelos tucanos que acham que ele é PT, pela lei de incentivo à cultura que leva seu nome. Foi aí que comecei a descobrir meu verdadeiro eu. Mas já era tarde demais.

Fiquei 30 anos lendo quase de tudo. Maduro, consciente, não há mais espaço na minha vida para ler Humberto Eco e como elaborar uma tese. A vida segue em frente. O que eu fiz foi uma loucura luxuosa de obter prazer com o conhecimento. É como ser necessário a delícia de um Henri Jayer Cros Parantoux-Vosne Romanee Premier cru numa bela taça de cristal olhando o por do sol do Guaíba … com caviar ou pão torrado com patê francês de coração de aves … e quem sabe ouvindo Bach, Tocata e Fuga, em ré menor …

Tive o privilégio do contato com a melhor literatura alemã, francesa e russa … pude comprar os livros que desejei …

Seguindo …

Um dia, eu percebi que cada campo das ciências, tem seus paradigmas. Obviedade ululante, diria Nelson Rodrigues. Levei anos para entender isso.  Eu não entendia a antropologia. Mas também não tinha método para chegar nos paradigmas. Por favor, não confundam Método com metodologia. Método é produto raro. Foi incursionando com Método que descobri que tudo se assentava num tripé: fonologia, psicanálise e marxismo. Saussure, Freud e Marx,  Darcy Ribeiro (e Roberto da Mata) estavam debulhados em minhas mãos, até a semiologia e a construção e desconstrução de cortes epistemológicos, à Japiassu.

Fiz como Olavo de Carvalho e comecei a estudar por conta. Não pensem que é fácil a vida de estudos por conta.

Um dia descobri: Tudo Começou com Maquiavel, de Luciano Gruppi, aí comprei um dicionário de ciências políticas, de Norberto Bobbio e descobri uma obra fascinante: As concepções políticas do século XX, de François Chatelet e Evelyne Pisier-Kouchner, de onde derivou-se minha melhor visão acerca do Estado. Embora, ressalve, no curso de sociologia, tive uma boa base anterior, em ciência política, estudando a origem do poder e as primeiras formas primitivas de Estado.

Se eu fosse pedreiro, faria casas, sentaria tijolos. Como não sei bem ao certo quem sou até hoje, vou trabalhar com quem não sabe nada ao certo, aqui todo mundo crassa a pretensão e o exílio daquilo que não compreendemos.

Logo, punimos, quem pensa diferente. É melhor rotular, depreciativamente, aquilo que não compreendemos do que tentar entender aquilo que nos parece distante.

Quero voltar à Sinagoga do Bonfim,  seguir com minhas amizades, rever velhos amigos e trabalhar, trabalhar, com meu ofício.

Amizades que ficam, pois a política passa.

 

Eu sou mortal, erro muito, tenho grandes limitações, sou frustrado em muitas coisas, perdi uma família que eu amava muito e que por  ela daria minha vida, enganei-me terrivelmente com pessoas que amei muito e de forma pura e sincera. Enganei-me muito com pessoas que se diziam amigas, mas eram ávidas em cravar um punhal nas minhas costas.

Curiosamente, contava isso ao amigo Julio Garcia, tenho amizades e vínculos com a direita, seja do PL, pois Bianchini, Magdiel, sempre foram muito meus amigos e com o Republicanos, pela amizade de mais de 30 anos com o Marcelo Brum … detalhe: o Colega e amigo Cilon Pinto também é de direita.

Mas, chega a hora que uma decisão precisa ser tomada. Uma conjunção e uma série de fatores colidiram na conspiração cósmica para que tudo acontecesse.

 

O amor existe, é lindo. É conjunto de afeições profundas. Pouca gente sabe o que é amar por completo. É tudo tão complexo. Nossas almas são inquietas. Irrequietas. Buscamos sempre a mansão do amanhã. Minha filha, Nina (foto) me faz repensar tudo.


*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro Internacional de jornalista nº 908 225, Sociólogo 1983/1987, 99/00, Advogado 1994/2004 e Teólogo 2021/2024.

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Mensagem de whatsapp

Recebi essa gentil menção de uma amiga de Capão da Canoa, onde ela estava no domingo. Agradeço muito e fico imensamente grato. É claro, jamais publicarei seu nome até para evitar constrangimentos.

A vida não tem piedade para certas pessoas.
Muito lindo o texto que vc escreveu no teu blog.
Como a gente sofre mais por querer às coisas todas certinhas.
Mas o que é afinal a verdade?
Eu tenho a minha e cada um tem a sua com esse tal livre arbítrio
Bom final de domingo.
E continue forte pois o resto pouco importa.

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A honra de um homem e o peso da palavra empenhada

*JULIO PRATES

Lembro-me de quando tinha 12, 13, 14 e 15 anos. Sábados a tarde sempre ficava encerrado no meu quarto lendo os livros da biblioteca do Partido Comunista que me eram emprestados pelo senhor Aparício Gomes da Silveira. Muito cedo li Jorge Amado, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Tolstoi e Dostoiévski.

Meu caráter foi formado lendo sobre a vida de Luiz Carlos Prestes, a quem eu vim conhecer, anos mais tarde, quando trabalhava na assessoria na Assembleia Legislativa.

Curiosamente, hoje sou bem amigo de uma neta dele  e ela sabe o quanto me inspirei nele para formar meu caráter.

Nunca botei um cigarro em minha boca, e até hoje sequer conheço maconha ou cocaína. E não me arrependo de nada em minha vida.  Conheço o Direito e sei bem onde começa e onde termina o direito.

Com ele aprendi que nada é maior na vida de um homem que a honra e a palavra empenhada. Homens sem palavras, mentirosos, para mim perdem o valor.

Um dia contei para Nina sobre um senhor que houvera limpado nosso pátio. Ao chegar em casa Eliziane me disse que tinha ficado devendo 10 reais para o seu Otacílio, que morava na Vila Rica. Na mesma hora, tirei o carro da garagem  fui até a casa dele pagar os 10 reais que havíamos ficado lhe devendo.

Anos passados, prestando serviço militar obrigatório, eu era líder do pelotão de Comando, onde tinham apenas 6 soldados. Havia uma manobra fora do quartel e houve um incidente com 3 soldados, Procópio, Sales e Norberto, que fugiram das manobras e foram fumar maconha. Presos, foram submetidos a uma série de torturas pelos oficiais. Esta caso está aberto até hoje.

Houve uma rebelião dos soldados e decidimos prender os oficiais dentro da barraca. Imagino que eram 6 deles. Eles tinham munição e nós só o FAL com a baioneta. Seria uma carnifinica, pois eu pedi para que furassem-nos em suas cabeças, para não sobreviverem e alertei que muitos de nós seriam mortos.

Dei minha palavra e foi assim. A carnificina só não aconteceu porque o então sargento Bibi interveio num diálogo comigo, prometeram terminar a manobra, todos voltariam ao quartel e as torturas cessariam.

Na ordem de dia, o capitão comandante pede para os que estavam descontentes saíssem fora de forma.

Apenas eu sai.

Mas começava ali o meu martirio que até hoje não terminou.

Mas naquele momento, jovem, com 18 anos, percebi que eu tinha que manter a minha palavra empenhada, sem me importar com a omissão dos demais.

A lição maior que herdei das histórias de Luiz Carlos Prestes e dos honrados comunistas que me formaram, era que um homem tem que ter palavra e que homem sem palavra não tem valor.

Em meio a uma monumental derrota, certamente a maior de toda a minha vida, passei a tarde desse sábado desocupando móveis que não usei e queria doá-los. Sem notar que chovia, encerrado em casa, separei tudo com detalhes, desde cabides, até lamparinas, birots e roupeiros…Nunca vendo o que não quero, simplesmente dou para alguém que precisa.

Foram momentos de profunda dor, uma dor machucada, mas eu apenas pensava comigo que eu havia honrado minha palavra, quando disse que receberia e acolheria essa pessoa em minha casa. E durante um ano fui comprando tudo para interação num mesmo ambiente. Divisórias, cortinas, wi-fi, ícones, plaquinhas, birots, tudo, em suma, tudo para dar exemplo de que a palavra de um homem define sua honra. Eu sei bem tudo o que houve, quem mentiu, gente que nunca perdoarei porque não admito falta de caráter, graças a um apoio essencial, de meses e anos, tive tudo em mãos e sei bem a extensão da podridão. Meu sangue é um só.  Sei bem mais que demonstro sobre tudo de tudo.

Por instantes, não controlava minhas lágrimas, mas sei que a vida é de feita de pessoas que honram o que dizem e de pessoas sem compromisso com a verdade. Para essas, tudo tanto faz, quanto tanto fez.

Nas horas desse sábado, foram vários filmes em minha cabeça, vários, filmes e lágrimas. Mas nenhum espaço para arrependimento, apenas convicção de que a Verdade deve ser absoluta sempre.

Fiquei encerrado em casa, arrumei tudo, separei tudo, tudo com muita dor, talvez a pior dor de minha alma. Mas é o custo que pagam as pessoas que não mentem e que sustentam suas palavras.

Não me importa mais nada nessa vida, desde que minha honra seja inatacada. E minha honra se associa com minha palavra, com a palavra dada e com a palavra empenhada.

Sei bem como a gente vai morrendo quando se defronta com esses gestos que cortam mais que punhais de duas lâminas. E esses cortes fictos, espirituais, são os piores, pois esses nunca cicatrizam e os carregamos com nossos corpos para o rito final da vida.

Mas são nossas escolhas. E o espaço que separa a honra da não honra.

Vivo numa sociedade em que ninguém mais tem honra. Conheci as pessoas mais sem caráter de minha vida  e notei o quanto tudo é podre, falso e o quanto a mentira se confunde com a Verdade. Entretanto, eu tenho uma vida e só uma ética, prefiro morrer a ter que enganar alguém ou trair minha palavra.

Vivo sozinho e não me abalo por nada. Poucas pessoas sabem o que é ser sincero e honesto o tempo todo.

Estou pronto para qualquer coisa na minha vida, desde que eu não precise mentir e nem trair minha principiologia de honradez.


*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro Internacional de editor/jornalista nº 908 225, Teólogo, Sociólogo e Advogado, Pós-graduado em Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual. Também é Pós-graduado em Sociologia. 

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“Careca do INSS” doou R$ 1 para campanha de Bolsonaro em 2022. Informação consta no site do próprio TSE, onde o nome e o CPF é o mesmo do que consta no relatório da Polícia federal sobre a Operação Sem Desconto

CNN – CAIO JUNQUEIRA

A informação consta no site do próprio TSE, onde o nome e o CPF são os mesmos que constam relatório da Polícia federal sobre a Operação Sem Desconto.

A doação foi feita no dia 12 de setembro de 2022, antes do primeiro turno.

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