DAVI DAMIAN*
O livro “Ilíada” de Homero relata a Guerra de Tróia como também acontecimentos posteriores. Vemos vários personagens notórios como Aquiles e Ulisses (ou Odisseu como preferirem) este último, depois do término da guerra, o livro mostra a Odisseia de Ulisses na tentativa de voltar ao seu reino, Ítaca, posto que rei.
Um dos pontos marcantes é o duelo entre Ulisses e Ajax para receber a armadura do falecido Aquiles, sendo que um dos últimos desafios eram de oratória e argumento, Ulisses ganhou, Ajax desesperado acaba por “finalizar” a si, já que fora a primeira batalha que perdera na vida e não foi na força bruta, perdeu pela palavra.
Ulisses era perspicaz, ele deu a idéia do cavalo de madeira para invadirem sorrateiramente Tróia já que sabia que troianos louvavam Poseidon o deus dos mares gostava de cavalos símbolo da liberdade como Pégaso, cavalo com asas.
Apos o embate, Ulisses parte para casa enfrentando vários desafios como a ilha da bruxa Circe que transformou seus amigos em porcos e eles gostaram, pois não precisavam trabalhar, passaram pelo barqueiro do Submundo chamado Caronte que cobrava duas moedas (uma para cada olho) para atravessar o Submundo. Bem como um ciclope, que acabou cego por Ulisses que disse ter o nome de Ninguém, gritou o ciclope “ninguém me cegou!”. Além dos encantos de vozes de sereias belas, porém mortíferas.
Finalmente Ulisses chega a Itaca, a rainha já escolhendo um novo rei o põe a prova já que não o reconhecia após anos, “tire a cama real e traga até aqui”, ele disse que sua cama nupcial não pode ser removida do quarto, pois era de um tronco de arvore que só o casal saberia ninguém mais, ela percebeu a veracidade e enfim ele ficou em casa.
Vemos briga e cavalos de Tróia nas eleições (retorno de alguém desejado?), cotidiano em geral, trabalho, trânsito, família, escolas, “amigos”, por exemplo, neste momento, uma guerra virtual e física.
Em uma guerra não existem vencedores, apenas batalhas cotidianas, desgaste de si, físico e mental, um dia de cada vez, noite após noite, lua e sol, perseverança e vingança que remete a Hamlet: “Ser ou não ser, eis a questão! Que é mais nobre para alma: sofrer os dardos e setas de um destino cruel, ou pegar em armas contra um mar de calamidades para pôr-lhes fim, resistindo? Morrer… dormir; nada mais!” (Ato III, Cena I).
Aquilo que eu desejo ou aquilo que querem/desejam de mim. E eu sou o que/m?
Uma odisseia diária, descobrir a si compreensão.
*PSICÓLOGO, MESTRE E DOUTOR EM PSICANÁLISE PELA UFRGS.