VOCÊ NÃO É MALUCO: Fraude da Conafer no INSS teve ameaça a delator e blindagem de servidor ex-PL

THE INTERCEPT – Thalys Alcântara

AMEAÇAS, LIGAÇÕES COM UM SERVIDOR com histórico em partidos de direita e até um banco digital compuseram a estratégia da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais, a Conafer, para operar fraudes bilionárias no Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS, durante quase cinco anos.

Carlos Lopes, presidente da Conafer, Leonardo Rolim, então presidente do INSS, e Thiago Lopes, vice-presidente da Conafer, em março de 2020, na sede do INSS | Divulgação
Carlos Lopes, presidente da Conafer, Leonardo Rolim, então presidente do INSS, e Thiago Lopes, vice-presidente da Conafer, em março de 2020, na sede do INSS | Divulgação

A entidade, que se apresenta como defensora de indígenas e pequenos agricultores, mas pertence a um empresário do agronegócio, é investigada por aplicar descontos indevidos diretamente nas aposentadorias de milhares de brasileiros, utilizando autorizações falsas ou sem validade.

Quando questionada pelo INSS e cobrada a apresentar documentos, em 2020, culpava a pandemia e dizia enfrentar dificuldades logísticas. Nos bastidores, porém, representantes da Conafer contavam com o apoio de servidores estratégicos do INSS — incluindo um coordenador que já foi filiado ao PL e ao Democracia Cristã e é conhecido como “Soldado do Proerd” — e até ameaçou quem sugeriu revelar as irregularidades para manter o esquema ativo.

É o caso do empresário Bruno Deitos, que prestou serviços de informática a uma terceirizada da Conafer, mas levou um calote. Ao ameaçar denunciar o que sabia, ele diz ter sido intimidado por Thiago Lopes, vice-presidente da confederação e irmão do presidente Carlos Lopes.

Intercept Brasil teve acesso com exclusividade ao teor dessas ameaças. Tudo começou em 10 de junho de 2021, quando Deitos entrou na 5ª Delegacia de Polícia de Brasília para fazer uma denúncia que mudaria sua rotina e, quatro anos depois, seria o centro de uma mega-operação da Polícia Federal contra fraudes no INSS.

Representante da empresa Premieer Recursos Humanos, Deitos contou aos investigadores que havia prestado serviços de informática para uma terceirizada chamada Target, ligada à Conafer. Em vez de receber os R$ 700 mil contratados, levou um calote. O serviço feito pela Premieer, segundo Deitos, foi de atualização do cadastro de associados da Conafer em seis estados. O empresário participou de reuniões com a Conafer e com a Target em que teria ouvido sobre a relação promíscua com o INSS.

Quando ameaçou expor o que sabia, segundo o relato que fez à polícia, Deitos foi intimidado. “Você não é maluco de fazer essa denúncia”, teria dito Thiago Lopes, vice-presidente da Conafer e irmão do presidente da entidade, o pecuarista Carlos Lopes.

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A IGREJA CATÓLICA É MELHOR DO QUE A IGREJA PROTESTANTE? – DR. OSVALDO LUIZ RIBEIRO

OSVALDO LUIZ RIBEIRO, é teólogo, Mestre, Doutor e Pós-Doutor em pela Universidade de Princeton, EEUU.

Entrevistador é DANIEL CONTIJO, Psicólogo, Mestre e Doutor em Neurociências pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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