Odi et amo

O poeta romano Catulo, numa de suas odes, produziu essa magnífica expressão. Traduzindo, quer dizer: odeio e amo. Aparentemente, há um desacerto e a primeira vista as pessoas, que são movidas por raciocínios mecânicos, não aceitam a possibilidade possível dessa dicotomia. Nossas almas, no entanto, são eivadas dessas contradições, afinal, amamos e odiamos numa mesma dimensão temporal. Contudo, raramente admitimos a coabitação desses sentimentos.

Eu odeio e amo muitas coisas, amo outras tantas e odeio outras. Não prevalece em mim só o amor ou só o ódio, prevalece em mim o misto dicotômico.

E não estou me referindo a amor inter-sexual, que é o suposto amor que une um homem e uma mulher ou duas mulheres e/ou dois homens, embora nessas uniões conjugais também esteja presente os extremos.

O exemplo, a rigor, sintetiza os dramas que habitam nossas almas. Nossas indefinições, incertezas, dúvidas e certezas. Bondade e maldade habitam o mesmo corpo. Pessoalmente, não acredito em pessoas boas, só boas o tempo todo. E nem em pessoas más o tempo todo. Acredito em pessoas que sejam boas e más, dependendo do caso, da situação e das conjunções envolvidas.

E creio que tudo é assim na vida. Acredito no cinismo, no fingimento e na falsidade. Acredito e cultuo o sarcasmo, pois vejo nesse valor um precioso instrumental de argumentação. Não gosto de definições prontas e acabadas. Gosto de tudo que está em vias de construção. Não vejo o conflito com ruim, gosto do caos para dele dar a luz uma estrela cintilante, parafraseio aqui o filósofo alemão niilista.

Existem épocas no ano que aflora um processo de descarga coletiva de consciência e quem nunca foi socialista, experimenta pelo menos nessas épocas, um pouquinho do ser solidário. Pena a solidariedade desencarne logo, assim como a páscoa, dia das mães, dia das crianças, dia dos mortos… tem até o dia das mulheres.

Também amo e odeio. Não poderia ser diferente, sou emoção e uma síntese entre a razão e a incerteza, um caos entre as luzes e as trevas. Poderia ser diferente?

A relação entre a resistência de nossas construções e a velocidade dos ventos

Interessante essa discussão aberta sobre a relação que se estabelece entre o vento e a resistência de nossas casas. Nesse tornado que atingiu a cidade de DOM PEDRITO tempos atrás, a velocidade dos ventos foi de 171 km/hora. E centenas de casas foram danificadas, tetos arrancados inteiros.

Um arquiteto, amigo meu, me disse que o ideal era que nossas construções fossem feitas para resistir ventos de até 150 km/hora. Ademais, ele acha que a média de nossas construções locais, especialmente no que tange as moradias populares, a resistência quando muito fica entre 100 e 110 km/hora.

Traduzindo, se nossos conjuntos habitacionais mais pobres forem atingidos por ventos de até 110 km/hora podem saber que o estrago estará feito. O que ocorre está relacionado com os custos baixos dessas obras e – segundo ele – “hoje o problema está todo no cintamento…essas tesouras que recebem os brazilites, o que acontece? Os caras passam uma ponta de arrame em roda da viga de periferia e tá feita a matação…ademais, as madeiras são frágeis, deixam umas longe das outras para pouparem e aí quando vem um vento um pouco mais forte levanta tudo”.

Por mais que se venha com esse papo de que a tragédia é imprevista, a grande verdade é que existem estudos técnicos que estabelecem essa relação entre a resistência das construções e a força dos ventos. Em  passado recente, um tornado similar, embora em velocidade mais baixa, atingiu as imediações de Unistalda, Iguariaçá, Maçambará e parte de Manoel Viana. O estrago foi bem conhecido de todos nós.

Ora, se tal fenômeno climático doravante vai acontecer com mais frequência em nosso meio, está na hora de as autoridades, especialmente o pessoal do CREA, abrir um debate com os profissionais, com a sociedade, com os políticos e até com a imprensa, visando formar uma cadeia crítica sobre o assunto.

É claro que quem deveria puxar um debate dessa natureza era a URI, através do curso de Arquitetura. Prefeitos, vereadores, imprensa regional, agentes políticos, defesa civil, bombeiros, PMs, todos deviam ser envolvidos.

Da destruição ao preconceito. Aquilo que não entendem, o rótulo, é loucura …

A amplitude da assertiva de John Locke, que assevera que o  “O homem é lobo do próprio homem“,  revela-se muito maior no campo psicanalítico que no campo político propriamente dito.

Apesar dos freios morais que as religiões impingem-nos, e aqui devemos nos render a tomística e a escolástica, as pessoas têm uma sede de destruição com relação ao seu semelhante. Parecem que cultivam o prazer em fomentar a torpeza e esse conjunto de sentimentos vis relacionados com à depreciação, com o ato de desfazer, incentivar o ódio e semear sementes de discórdias.

Ninguém gosta de cultivar o elogio às virtudes, apostar na grandeza da alma e valorizar o que temos de bom dentro de nós. O apelo à destruição sempre fala mais alto; o ciúme é um sentimento torpe, que até hoje, com todo o avanço no campo da ciência mental, ainda não conseguimos domesticar, nem estou falando em reprimir, estou falando apenas em domesticar.

O que as pessoas não entendem, elas preferem rotular de loucura. O que escapa ao seu alcance, não é parte da cultura limitada de suas vidas, nem da razão e nem do seu conhecimento parco. A loucura é o rótulo mais fácil para destruir e desqualificar com uma pessoa.

Não sei como esses seres se defrontam com Deus em suas intimidades. Não sei como trabalham perante Deus, se é que têm consciência do mal que praticam ao destruir uma pessoa, aniquilando com ela, seus valores, seus conhecimentos e reduzindo toda uma complexidade de saberes e conhecimentos a um simples rótulo de satisfação intimista subjetiva: “aquilo é louco”, “aquilo é loucura”.

Eu vivo num meio triste, onde citar um simples autor e refletir sobre esse, implica em receber uma carga de depreciações; não sou irracional, pelo contrário, mas não tenho prazer em viver numa sociedade onde não há sintonia, onde as pessoas não estudam e criticam com virulência e destruição, os que ousam estudar e tentam partilhar com os demais reflexões que podem somar e ter alguma utilidade na vida.

A pobreza de espírito é a maior das misérias humanas. A riqueza material existe somente aos olhos de quem quantifica os valores da vida em pedaços de matérias. Haverá o dia, se é que haverá, que todos cairemos na realidade, primeiro, que somos todos iguais, uma só raça na face da terra, que nada dos difere uns dos outros, a doença e a impiedade da morte atinge aos adeptos da matéria e de todo o conjunto de bens materiais. Não importa a casa, a mansão, o casebre ou mesmo o chão do morador de rua, não importa o carro, a marca do carro, o ano, o valor, o certo é que todos nós, os possuídos e os despossuídos, arderemos o mesmo destino, a mesma fatalidade da vida que a tudo e a todos consome.

Eu me exponho com a escrita. Sou um alvo fácil. Por ler e estudar, fora dos manuais e por buscar outras fontes de saberes, sou o alvo preferido, sou o ataque mais fácil, nunca ninguém viu virtudes, não que as busque, mas porque reconheço que sempre pesa e fala mais alto contra a mim é a voz da destruição. Todas as pedras sociais têm em mim um endereço. O endereço de minha vida, é o ponto cativo do carteiro-destino.

Minha filha, quando vai tirar fotos comigo, insiste: sorri papai. Domingo quando a levei, sentamos num campo. Rolamos no chão, ela brincou tempo comigo, sorriu, me beijou, mas ela já mimetizou o quadro social da minha dor, por isso me entende e – nos limites de sua compreensão – procura passar-me o afago e o afeto tão necessários para eu sobreviver, enquanto perdurarem meus dias na face da Terra.

O mais, a voz e a ação dos destruidores e dos que se perturbam pela existência alheia, somando aos que abominam o que não entendem, formam um caratujo coral diabólico, esses – sim – são os agentes do demônio, esses fazem o papel do diabo, às vezes, pessoas do nosso próprio sangue, lastimavelmente.

Da mesma forma, de pessoas que convivem ao nosso lado, de pessoas que conviveram embaixo do nosso mesmo teto e fizeram de nossas vidas escadas para suas subidas.

Por fim, temos ainda aqueles e aquelas, que, compreendendo, mas não conseguindo captar a dimensão além dos seus próprios limites, esquecendo-se de que a limitação está em si e não nos outros, partem para o mesmo ataque de depreciação e destruição. É sempre mais fácil e mais cômodo destruir com palavras e juízos do que enfrentar com os mesmos argumentos, arquétipos e arqueologias, pois um aporema mal sabem se é manteiga ou geleia, se é de passar no pão ou recheio de um peixe.

A cruz e o madeiro de Cristo é um fato histórico. Contudo, o cruciato de vidas na vida em sociedade é um fato diário, real e concreto. Basta não gostarmos do que uma pessoa escreve ou mesmo não entendermos o que ela quer dizer, que emerge o cruciação da depreciação, do rótulo de louco, dos juízos despudorantes contra a honra e do achincalhe como resposta às próprias insipiências do espírito humano.

Não me lamento, enfrento. Tenho a consciência consciente. Sei de mais coisas que os vulgos imaginam. Os ataques pueris e destrutivos caberão ao Eterno julgar, não a mim. Os que se perturbaram com a minha presença e existência e investiram pesado, Deus sabe de tudo, Ele tudo vê. Estou sereno. A dor, se aprende a conviver com ela. Aprendi a conviver com toda a sorte de retaliações e perseguições. Sobrevivo. Estou nas mãos de Deus, O Eterno.

O mais grave erro de Moro: privatizar tudo

Sérgio Moro foi claro, ignorando o peso dos setores corporativos no pleito nacional. Promete privatizar tudo: Petrobras, Banco do Brasil, Caixa. Ele disse ontem: “A Petrobras teve papel importante para o país, mas é uma empresa atrasada”. 

Com essa postura, Moro atrai para si o ódio direto de todos s setores corporativos da política nacional, mesmo os setores corporativos estaduais e municipais. Não soube dosar.