Aqui em Santiago, Unistalda e região, ainda não caiu a ficha sobre o fim da bolha imobiliária.
As facilidades de empréstimos para construções e reformas foi um ciclo. Este, acabou. Não existem mais aquelas barbadas dos governos Lula e Dilma.
É claro, ainda vão continuar sonhando por mais dois ou três anos. Talvez até mais. Mas, mais dias, menos dias, a ficha vai cair.
A consequência mais evidente de que a ficha não caiu, é que o mercado está emperrado. Nunca se viu tanta oferta de lojas, lojinhas, lojões para alugar. A oferta de imóveis para a venda assusta. Experimentem descer a Bento Gonçalves, por exemplo. É uma fileira interminável. O mesmo se vê na Vila Nova, no Alto da Boa Vista …O centro está minado.
Por outro lado, os imóveis, casas e terrenos, foram ultra valorizados, dentro de um campo meramente especulatório do mercado imobiliário, que inflacionou tudo. São preços irreais. Quase surreais.
Quem lê alguma coisa sobre o mercado imobiliário em Porto Alegre, sabe perfeitamente que os preços de imóveis vem despencando aceleradamente, não se falando no déficit exagerado de quem contraiu os empréstimos fáceis dentro da bolha imobiliária.
A classe C e D (não sei se a classe E atingiu esse ápice) endividou-se também com a linha de financiamentos para carros e linha branca de eletrodomésticos. Não sem razão o nível de endividamento está nas nuvens.
Como tudo foi inflacionado no mercado imobiliário, ninguém ainda percebeu que estamos numa estagnação sem precedentes, justamente porque a ganância de sempre faturar mais e mais, jogou os preços todos para padrões estratosféricos.
É necessário um choque de realidade. Entender o novo ciclo da economia e nova realidade da política governamental.
O mesmo raciocínio vale para o mercado de campos.
Honestamente, eu conheço locais à venda há mais de 4 anos. Onde estão os compradores? Alugueres, assombram…é uma quantidade exagerada. Garagens com porta de vidros converteram-se em lojas e o mercado inflacionado de oferta.
Os terrenos em Santiago e Unistalda estão com preços fora da realidade. A bolha imobiliária passou, anos atrás. As pessoas ainda não se tocaram que vivemos um novo ciclo econômico. Salas e prédios apodrecem com a oferta exagerada de imóveis. Já escrevi sobre o assunto, mas o problema insiste em permanecer. A URI não é mais a propulsora do mercado imobiliário que sonhávamos. A URI foi duramente atingida pela crise. Hoje, mal consegue pagar os salários parcelados de quem sobrou. E não é questão de gestão, o problema são as políticas públicas para a educação superior e o avanço de telemática, pois – hoje – temos mais de 60 universidades e faculdades virtuais atuando dentro de Santiago, algumas formalmente instaladas e outros somente pela telemática. A concorrência nesse setor, derruba os preços, diferentemente do setor imobiliário.
A migração pendular que sonhávamos com a URI ampliando nossa vocação de polo regional, acabou. O diagnóstico era correto, mas falharam as políticas, de Temer a Bolsonaro, só ficaram saudades daquela época. É como os cinemas, quem não souber fazer a leitura, vai seguir tateando no escuro.
Existe uma conjunção de fatores, a saber, a telemática, que propulsiona e incentiva o ensino virtual; a própria guerra das operadoras vem nesse caldo; os preços dos materiais de informática são incentivadores, basta um olhar mais apurado no facebrick. Some-se a isso a facilidade dos crediários.
Santiago é conhecida fora daqui como a capital das farmácias e dos mercados. Aliás, outro mercado saturado e que começa a dar os sintomas de cansaço nos consumidores.
Gostemos ou não, a pandemia foi uma mão na roda do ensino virtual e da própria rede. Aliás, mercado aquecido é esse da robo-telemática. Mas estão aqui só para captar e gerar meia dúzia de empregos.
As entidades empresariais de Santiago não promovem um debate sério sobre os mercados em ascensão e os decrépitos. Existe uma erro de avaliação mercadológico que assusta. A leitura da conjunção de todos esses fatores requer teóricos e não ufanistas.
Eu tenho um amigo que há 4 anos atrás botou a venda um apartamento com 3 quartos, dois banheiros e uma lareira. Começou pedindo 400 mil reais. É um prédio simples, sem condomínio. Imaginou que venderia em 3 meses. Ontem me disse que se alguém lhe pagasse 250 mil reais à vista, venderia na hora, pois já perdeu o sonho de vendê-lo bem.
A tendência é o achatamento desse mercado, e, cada vez maior.
A frustração de safras também soma nesse invólucro. E o caos nem começou ainda a assustar, pois a falta de dinheiro ainda vai nos assombrar mais pós eleição de outubro.
Esse ano de 2022 tem tudo para passar despercebido. Agora vem carnaval; depois, o surto de COVID vai dominar as mídias. Os evangélicos vão dizer que é coisa do diabo e os carnavalesco virarão a cara. Depois, começam as políticas ( eleições) e depois, o entorpecimento ficará por conta da Copa Mundial, aí todos terão assunto e reinará a felicidade.
2023 será complicado.