Em São Borja, não basta ser da família de João Goulart

Por Nairo Alméri /Além do Fato/PORTAL UAI

Terra natal dos ex-presidentes Getúlio Dornelles Vargas João Belchior Marques Goulart, São Borja (RS) não elege mais pelo cabresto. A notoriedade política local ganhou peso por ser local onde foi sepultado também o ex-governador (RS e RJ) Leonel de Moura Brizola (PDT).

Nestas eleições municipais, Christopher Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, experimentou o tempero da rejeição samborjense. Nascido em Londres, em 1976, levou balaiada do prefeito Eduardo Bonotto (PP). Recebeu 8.205 votos (24,62%), contra 22.152 (66,48%), dados ao candidato reeleito.

Formado em Cinema na antiga União Soviética (URSS), Christopher foi vereador por Porto Alegre. Conquistou esse mandato após passagem por uma diretoria da Secretaria estadual de Esportes.

O outro candidato derrotado neste pleito, também carrega sobrenomes que entrelaçam os dos ex-presidentes: advogado João Luiz Marques Dornelles (DEM). Vereador eleito (QP) em 2016, ele obteve 2.966 votos, ou seja, 8,90%.

Lula perdeu também

Christopher concorreu pelo PDT, aliado ao PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ao PCdoB. O PT indicou o vice, Renê Ribeiro.

Dos 48.583 eleitores do município, 31,34% (15.213) não escolheram candidatos. Formaram, portanto, o coletivo dos ausentes e votos brancos e nulos.

Vexame do pai

Em 2018, o pai de Christopher, João Vicente Goulart, 64 anos, usando o nome João Goulart acrescido de Filho (João Goulart Filho), levou surra nacional.

Formado em Filosofia e ex-deputado estadual (eleito pelo PDT-RS, em 1982), amargou a última colocação na disputa para Presidência da República (30.176 votos ). Ou seja, recebeu míseros 0,03%. Assim, assegurou última posição.

Em São Borja, o filho de Jango ficou na antepenúltima posição. Os conterrâneos do ex-presidente dedicaram a ele apenas 59 votos. Portanto, acreditou nas propostas dele somente 0,12% dos 48.485 habilitados. Destes, 35.592 (73.41%) compareceram às urnas.

O pai de Christopher coleciona mais derrotas. Em 2010, tentou uma cadeira na Câmara Legislativa do Distrital Federal. Levou para casa minguados 674 votos, ou seja, 0,5%.

Primeira surra dos samborjenses

Nas eleições de 2014, Christopher figurou como 1º suplente ao Senado. O PDT se aliou ao PSC, DEM, PV e PEN. A chapa venceu. Ele, então, é suplente até 2022.

O senador eleito na coligação foi Lasier Martins. Abocanhou 2.145.479 votos. Derrotou, portanto, nada menos que o ex-governador gaúcho e ex-ministro Olívio Dutra (PT). Este reuniu 2.024.417 votos.

Todavia, se a coligação dependesse exclusivamente do tal legado do neto de Jango na votação de São Borja seria derrotada. Os samborjenses deram 13.218 para Olívio e, 13.196, para Lasier.

O ex-governador (1999-2002) se empenhou na instalação de duas universidades públicas para o município: UERGS e da Unipampa – Universidade Federal do Pampa.

Tarso Genro, ex-governador e ex-ministro(2011-2014 – PT), também nasceu em São Borja.

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Bibo Nunes, Lasier Martins e ex-prefeitos de Porto Alegre não conseguem se eleger no RS

Personagens da política gaúcha que tiveram relevância local e nacional nos últimos anos não conseguiram se eleger no pleito de 2022. Nomes como o último prefeito de Porto AlegreNelson Marchezan Júnior (PSDB), e o senador Lasier Martins (Podemos) não conquistaram votos suficientes e ficarão sem cargos públicos a partir do ano que vem.

O ex-prefeito da capital gaúcha, que chegou ao cargo em 2016 com 213.646 votos, já havia sido derrotado na tentativa de reeleição, em 2020, quando foi escolhido por 136.063 eleitores e ficou em terceiro lugar no pleito. Agora, na tentativa de um cargo na Câmara dos Deputados, Marchezan recebeu 62.599 votos e será suplente.

Já o senador Lasier Martins, que chegou ao cargo em 2014, escolhido por 2.145.479 de eleitores, conquistou 26.692 votos na tentativa de se eleger deputado federal em 2022. O número representa cerca de 1% dos votos que o jornalista havia recebido oito anos antes.

Quem também fracassou na tentativa de se tornar deputado federal foi José Fortunati (União Brasil), que foi prefeito da capital gaúcha por seis anos, e Bibo Nunes (PL), deputado federal que foi um dos maiores apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nos últimos quatro anos e que deixará de fazer parte do Congresso Nacional em 2023.

Fortunati chegou à liderança do Poder Executivo de Porto Alegre em 2010, após a renúncia de José Fogaça, de quem era vice, e ficou no cargo até o final de 2016, após ser reeleito em primeiro turno com 517.969 votos. Agora, na tentativa de se tornar deputado federal, o ex-prefeito conquistou 24.298 votos, cerca de 9 mil a menos do que em 2018, quando ficou como suplente em uma vaga ao mesmo cargo.

Bibo Nunes, um dos mais célebres bolsonaristas do Congresso Nacional, havia sido o 21º mais votado em 2018, quando conquistou. 91.664 votos. Agora, com cerca de 15 mil votos a menos, o candidato escolhido por 76.521 eleitores também será suplente.

Esportistas e herdeiros políticos

 

Nomes conhecidos do grande público, seja pela atuação como esportistas ou por herdarem sobrenomes históricos na política nacional, também não foram eleitos.

Ex-jogadores de futebol do Grêmio, como Douglas (União Brasil, que usou o apelido “Maestro Pifador” nas urnas), ou do Internacional, como Fabiano (PSDB, sob o apelido “Uh Fabiano”), não conseguiram conquistar as vagas que pretendiam na Câmara dos Deputados. O ex-gremista teve 35.538 votos, enquanto o ex-colorado teve 2.139 votos.

Fonte – G1RS.