O curso de Direito da URI segue atolado em suas próprias engrenagens contraditórias. O último exame de ordem apresentou um índice de aprovação que é muito abaixo da média nacional. Entra exame e sai exame e ninguém tem coragem de traçar um diagnóstico sério. Amiguinhos, fingidinhos, não sabem nem por onde começar a reflexão. Aqui, sempre foi assim. Quem crítica, logo é alçado à condição de inimigo. Não vivo para agradar a ninguém, por isso…escrevo.
Sempre tive consciência disso, sou parceiro e aliado de quem compreender a extensão desse atraso e a necessidade de ruptura com o arcaísmo, pois só assim poderemos dar um salto na modernidade. O primeiro passo é não mentirmos para nós mesmos e admitirmos nossas limitações. A honestidade acadêmica é um Princípio que deve nortear nossos rumos. Aversão à mentira, combate à fraude a ao estelionato, seriedade com a busca intelectual, aceitação e reconhecimento de nossas limitações: são grandes indicativos de passos sinceros.
As notas do ENEM revelam o caos, a mediocridade, a pobreza intelectual e a miséria acadêmica de nossa gente. As péssimas notas revelam que temos péssimos professores.
Se por um lado, grassa essa escola de empulhação e embuste, onde a tapeação e a farsa andam de mãos dadas, nossos horizontes intelectuais não passam a ponte do rio Rosário. O que farão essas crianças, produto dessa onda docente medíocre, quando concluírem seus estudos? Pagarão para entrar numa universidade sem critérios, e isso é privilégio para poucos, ou vão engrossar o patético exército industrial de reserva santiaguense, vivendo das benesses públicas e tocando uma vidinha aboletada com as novelas da globo e o show do Faustão ou do Gugu, ou nos games ou canais da rede? Ou – se preferirem – rindo das pegadinhas do SBT.
Vivemos em estágio absoluto de alienação. Triste alienação, onde a pessoa, pouco a pouco, vai nadificando-se na medida em que o complexo superestrutural se constitui na totalidade do Estado. Assim, ficamos todos acomodados na miséria material e moral, tornando-nos incapazes até de sonhar com a concepção utópica de uma sociedade de luzes.
A grande maioria dos professores que levaram os alunos de Santiago ao caos, revelado nas sucessivas notas oficiais, ainda não acordaram do sono infantil do comunismo e das decorebas prontas de catecismos pedagógicos esquerdistas e direitistas, vivendo de fachada, de chavões. Mal têm consciência que são ocos, vazios, medíocres. Julgam-se donos da verdade e fazem das salas de aulas o laboratório de reprodução da ideologia que os conforta, a repetição discursiva que esconde obtusidades intelectuais e reduz o saber às suas heresias e crenças.
Ensinar pressupõe uma disposição constante a reflexão e ao debate. Entretanto, aqui em Santiago a crítica, a reflexão e o debate são vistos como sinônimo de polêmica, de confusão. Fingimos que somos todos bons, poetas, gente de conhecimento. Mas as notas dos nossos alunos estampam nossa vergonha maior. Não temos conhecimento acumulado, não temos pesquisas sérias, não temos saberes tecnológicos e nem fontes produtoras. Somos um lupenzinato, nada mais que isso. E nossos professores precisam estudar mais, descobrirem outros horizontes intelectuais e lerem menos catecismos, sejam eles da ideologia que forem.
É duro tudo isso? Sim ! Mas esse é o primeiro passo para uma decisão. Ou ficamos onde estamos, dando voltas em torno de nós mesmos, ou transcendemos. A transcendência, é o caminho mais difícil, mais longo e mais doloroso. O dia em que tivermos uma livraria e público para comprar livros, estaremos dando o primeiro passo. Por enquanto, é melhor fazer como fizeram comigo logo após o post de dias atrás. Atacarem-me. É sempre melhor e mais cômodo assassinar simbolicamente quem futrica e fuça do que assumir os erros coletivos, que só os que fuçam sabem identificar.
“A doutrina materialista advoga que os seres humanos são produtos das circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser educado”. (3ª tese sobre Feuerbach).