Santiago: crítica e reflexão na alienação, sobre a 3ª tese de Feuerbach

O curso de Direito da URI segue atolado em suas próprias engrenagens contraditórias. O último exame de ordem apresentou um índice de aprovação que é muito abaixo da média nacional. Entra exame e sai exame e ninguém tem coragem de traçar um diagnóstico sério. Amiguinhos, fingidinhos, não sabem nem por onde começar a reflexão. Aqui, sempre foi assim.  Quem crítica, logo é alçado à condição de inimigo. Não vivo para agradar a ninguém, por isso…escrevo.

Sempre tive consciência disso, sou parceiro e aliado de quem compreender a extensão desse atraso e a necessidade de ruptura com o arcaísmo, pois só assim poderemos dar um salto na modernidade. O primeiro passo é não mentirmos para nós mesmos e admitirmos nossas limitações. A honestidade acadêmica é um Princípio que deve nortear nossos rumos. Aversão à mentira, combate à fraude a ao estelionato, seriedade com a busca intelectual, aceitação e reconhecimento de nossas limitações: são grandes indicativos de passos sinceros.

Até hoje o Plano ambiental de Santiago sustenta que temos salmão em nossa ictiofauna. É. Duro admitir, que é a Santiago do Chile que se referem. Patético.

As notas do ENEM revelam o caos, a mediocridade, a pobreza intelectual e a miséria acadêmica de nossa gente. As péssimas notas revelam que temos péssimos professores.

Se por um lado, grassa essa escola de empulhação e embuste, onde a tapeação e a farsa andam de mãos dadas, nossos horizontes intelectuais não passam a ponte do rio Rosário. O que farão essas crianças, produto dessa onda docente medíocre, quando concluírem seus estudos? Pagarão para entrar numa universidade sem critérios, e isso é privilégio para poucos, ou vão engrossar o patético exército industrial de reserva santiaguense, vivendo das benesses públicas e tocando uma vidinha aboletada com as novelas da globo e o show do Faustão ou do Gugu, ou nos games ou canais da rede? Ou – se preferirem – rindo das pegadinhas do SBT.

Vivemos em estágio absoluto de alienação. Triste alienação, onde a pessoa, pouco a pouco, vai nadificando-se na medida em que o complexo superestrutural se constitui na totalidade do Estado. Assim, ficamos todos acomodados na miséria material e moral, tornando-nos incapazes até de sonhar com a concepção utópica de uma sociedade de luzes.

A grande maioria dos professores que levaram os alunos de Santiago ao caos, revelado nas sucessivas notas oficiais, ainda não acordaram do sono infantil do comunismo e das decorebas prontas de catecismos pedagógicos esquerdistas e direitistas, vivendo de fachada, de chavões. Mal têm consciência que são ocos, vazios, medíocres. Julgam-se donos da verdade e fazem das salas de aulas o laboratório de reprodução da ideologia que os conforta, a repetição discursiva que esconde obtusidades intelectuais e reduz o saber às suas heresias e crenças.

Ensinar pressupõe uma disposição constante a reflexão e ao debate. Entretanto, aqui em Santiago a crítica, a reflexão e o debate são vistos como sinônimo de polêmica, de confusão. Fingimos que somos todos bons, poetas, gente de conhecimento. Mas as notas dos nossos alunos estampam nossa vergonha maior. Não temos conhecimento acumulado, não temos pesquisas sérias, não temos saberes tecnológicos e nem fontes produtoras. Somos um lupenzinato, nada mais que isso. E nossos professores precisam estudar mais, descobrirem outros horizontes intelectuais e lerem menos catecismos, sejam eles da ideologia que forem.

É duro tudo isso? Sim ! Mas esse é o primeiro passo para uma decisão. Ou ficamos onde estamos, dando voltas em torno de nós mesmos, ou transcendemos. A transcendência, é o caminho mais difícil, mais longo e mais doloroso. O dia em que tivermos uma livraria e público para comprar livros, estaremos dando o primeiro passo. Por enquanto, é melhor fazer como fizeram comigo logo após o post de dias atrás. Atacarem-me. É sempre melhor e mais cômodo assassinar simbolicamente quem futrica e fuça do que assumir os erros coletivos, que só os que fuçam sabem identificar.

“A doutrina materialista advoga que os seres humanos são produtos das circunstâncias e da educação, [de que] seres humanos transformados são, portanto, produtos de outras circunstâncias e de uma educação mudada, esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos e que o educador tem ele próprio de ser educado”. (3ª tese sobre Feuerbach).

Coquetel Molotov e a origem das garrafas incendiárias

Nos dias atuais, fala-se muito em COQUETEL MOLOTOV, sem que saibamos exatamente do que se trata. Com a visita a Rússia do nosso presidente Bolsonaro, emergiram novos debates sobre a Rússia.

Na verdade, os primeiros registros que se têm são relativos a Revolução Russa de 1917, onde um integrante do Partido Bolchevique de nome Vyacheslav Mikhailovich Molotov ( na foto com  Stálin) bolou a ideia de garrafas incendiárias. É simples. Coloca-se no interior da garrafa nitroglicerina ou gasolina, lacra-se tudo, se faz uma bucha de pano, também molhada no combustível. Acende-se a bucha e joga-se a garrafa de vidro. Com impacto, ela quebra-se e devido ao fogo na bucha, espalha-se o fogo de largo impacto.

A arma, amplamente usada contra o Czar Nicolau II e a Monarquia Russa de então, espalhou-se pelo mundo e fez escola em nosso país. Hoje é usada para fins criminosos, como esse incêndio as viaturas da Brigada Militar gaúcha, nessa manhã de segunda-feira.

Da correia de transmissão ao espontaneísmo e o amadurecimento de um pensamento de direita de tendências anarquistas e confuso

Minha formação em ciência política, no curso de sociologia, certamente foi ortodoxa e – sob certos aspectos – repito essa ortodoxia nos dias atuais.

Uso os instrumentais de análise de que disponho e observo que devido à hegemonia do PT e dos partidos do espectro de esquerda sobre os movimentos sociais, sindicais, associativos/classistas e estudantis, as manifestações ficavam à mercê do controle desses e os corações e as mentes ficavam subjugados a esses.

Lembro-me das últimas grandes manifestações do país e todas elas eram dirigidas e direcionadas, da campanha das diretas ao movimento fora Collor, havia a clássica direção e orientação de partidos, de sindicatos, de associações e de organizações estudantis, no caso, a UBES, as UEEs e a UNE. Não sem razão, os partidos políticos sempre apostaram, definiram e mapearam os grandes e principais aparelhos ideológicos. Sindicatos, sempre foram objeto de disputas entre os partidos de esquerdas. A UNE, por exemplo, sempre foi objeto de grandes disputas entre o PC do B e o PT, principalmente. Em nosso Estado, a UGES e a UEE sempre foram alvo das mesmas disputas.

Não sem razão, a teoria leninista pura chega ao extremo de propor o controle do partido bolchevique sobre os clássicos aparelhos e Vladmir Ilitch Ulianov falava que devia haver “uma correia de transmissão” entre o partido e as organizações da sociedade civil.

Na mesma linha, surgem também às teorias de conquista de hegemonia do italiano Antônio Gramsci; e o francês Louis Althusser sistematizou a lógica dos aparelhos ideológicos da sociedade. Aqui na América do Sul, tivemos o privilégio de termos uma Marta Harnecker, no Chile, que foi a maior intérprete e sintetizadora do pensamento althusseriano.

O certo é que todas essas teorias clássicas, passando por Gaetano Mosca, François Châtelet, Evelyn Pelissier, Jacques Derrida com suas desconstruções … todos sempre entenderam a emergência das massas, a eclosão de multidões,  dentro das fórmulas tradicionais, especialmente com as grandes experiências internacionais, da Comuna de Paris, aos bolcheviques da 1917, ao maio de 1968,  na França; não tínhamos a emergência de movimentos sem comandos, tipo isso que Marilena Chauí denomina de “espontaneísmo”.

Mesmo que falem em Malatesta e outros grandes teóricos do anarquismo, sejamos francos, esses também não pregam um movimento sem comando?

Quando eclodiu a primavera árabe, principalmente as agências de noticias ocidentais, insistiam na tese da eclosão de movimentos espontâneos, livres e sem um comando formal. Entretanto, sempre tive uma objeção a tudo isso, pois lendo a Voz da Rússia e as fontes da Al Jasseara, sempre notava um forte comando sobre os movimentos, especialmente da irmandade muçulmana e nunca me convenci totalmente do espontaneísmo desses movimentos.

Agora, contudo, em nosso país, surge um movimento de protestos desafiador. A rigor, é um movimento sem lideranças formais e a adesão popular – em certo momento – surpreendeu a todos e gerou grandes equívocos de interpretações. É identificável, sim, a adesão anarquista (disse isso nos primeiros documentos que produzi), mas também havia outros, tais como os punks e os neonazistas.

Se formos considerar que partidos de esquerda, como os trotskystas PCO, PSTU e outros, veremos uma  grande confusão sem precedentes. Contudo, mesmo nessa confusão ideológica, que reúne de troskos a neonazistas, havia um chamamento ao protesto e a adesão popular foi o coro que engrossou tudo e gerou a perplexidade nacional.

E é exatamente a partir dessa adesão de massas, com bandeiras difusas, que os rumos dos protestos descambaram para o imprevisível. E agora, com essa queda astronômica da Presidenta Dilma nas pesquisas de opiniões, surge um fato novo em tudo isso: o efeito dos protestos na opinião pública do país.

Se tudo isso se confirmar, estaremos diante de um extraordinário fenômeno de ciência política e aí certamente vamos operar um bom tempo com o campo das subjetividades e especulações. Por exemplo, a construção de estádios afrontou o povo que sofria nas filas do SUS. A proteção que Dilma deu aos políticos envolvidos com o mensalão gerou a revolta das pessoas. 

Tá, mas e aí, mas quando houve o despertar dessa consciência?

Bem, temos que dizer, também, que os estudos sociológicos e filosóficos de Georg Lukács  e consciência de classe com seus níveis de amadurecimento estão decididamente em xeque, pois uma consciência coletiva de uma nação, como o Brasil, não desperta do dia para a noite ou por uma simples convocação em redes sociais. Santa ingenuidade imaginar isso. Esse movimento acaba sendo hegemonizado pela direita.

Por tudo, temo que os desdobramentos desses protestos ainda não foram compreendidos em sua extensão e ninguém sequer sabe a origem e nem como despertou-se essa consciência coletiva, que rasga todas as teorias do húngaro fantástico que povoou nossa fertilidade sociológica fazendo-nos crer que o amadurecimento de consciências obedeciam níveis bem delimitados. História da consciência, reificação, foi tudo para o saco os próprios paradigmas dos nossos cursos de Mestrados e Doutorados em ciências sociais estão cruamente abalados. Ou mentiram o tempo todo ou foram tolos o tempo todo.

É claro, ante a ausência de uma explicação razoável, ficamos traçando paradigmas (questionáveis) com as explosões árabes. O certo é que se estávamos desorientados até a última sexta-feira, essa Pesquisa eleitoral botou tudo em xeque e de forma ainda mais precisa.

Tem um segmento teórico do PT que insiste em dizer que esse movimento é fomentado pela direita, concordo até certo ponto. Não tenho a mesma convicção, não creio que seja assim. Creio apenas que estamos operando num campo de imprevisibilidades. De enormes imprevisibilidades, até porque se quisermos sermos honestos, temos que admitir que nossa crise de paradigmas é espantosa e nossa impotência está expressa em nossa incapacidade de leitura social.

Pesquisa PoderData divulgada hoje mostra Bolsonaro se aproximando de Lula, cai muito a diferença

Agora no primeiro turno Lula tem 40% e Bolsonaro tem 31% das intenções de votos pelo PoderData. Em um mês a distância entre os dois diminuiu 5 pontos percentuais e Bolsonaro se aproxima muito de Lula.

Lula e Bolsonaro seriam os candidatos que iriam para o 2º turno, se as eleições fossem hoje…Não existe mais a hipótese de Lula vencer no primeiro turno.