Quase todas as cidades pólos do Rio Grande do Sul e do próprio Brasil têm organizado debates e celebrado confrontos de ideias nesse momento crucial da humanidade, especialmente pela guerra Rússia x Otan, com reflexos na economia de quase todos os países. Mais recentemente, o conflito entre o Estado de Israel e os garotos do Hamas também é debate. Mais que isso, é importantíssimo debater e analisar os prós e os contras, o acirramento quase inconciliável dos EEUU com a Rússia e a iminência de uma guerra nuclear, tese sempre levantada, Nossas gerações jovens sequer sabem bem os efeitos do impacto de uma guerra nuclear, seja nas pessoas, seja nos animais, seja nas plantas, em suma, seja na própria natureza.
É claro, o assunto é pertinente e deveria ocupar o lugar de nossas atenções … temos 5 potentes rádios FMs, uma universidade pólo regional, a URI, quase 60 campus virtuais atuando no mercado local, com algumas universidades com pólos presenciais, temos dois jornais de alta qualidade , colégios de vanguarda, como o Medianeira e a URI, grandes igrejas evangélicas, algumas com pastores-teólogos, mas um debate esclarecedor, que é bom, até hoje não existiu.
Temos uma casa do poeta santiaguense e a academia santiaguense de letras. Academia é um centro efervescente de debates e troca de ideias. Antes que me linchem, eu sou santiaguense, tenho seis livros escritos e 22 editados e nunca fui convidado, sequer para a feira do livro. Aqui, os critérios são a subserviência e a submissão ao partido e a dinastia que comanda Santiago que determina quem pode ou quem não pode participar da Feira do Livro.
Por que será tudo isso Professor Rodrigo Neres, conceituado historiador? Eu gosto muito do talento e da visão do professor Rodrigo, sou seu fã. Apreciaria saber sua opinião.
Santiago tem um Rogério Anése, um economista do melhor quilate, com mestrado e doutorado em economia, tem um Júlio Garcia, historiador e advogado que realmente conhece política internacional. Quantos historiadores temos formados pela URI? Temos 2 padres que realmente sacam bem de política internacional e uma gama de geógrafos, com iguais conhecimentos. Mas todos preferem o silêncio.
Só que abafar um debate dessa natureza é certo que se esconde algo mais sério que mera obtusidade intelectual e acadêmica?
Nosso povo alimenta-se da CNN, FOX, dessas redes midiáticas manipuladas pelos EEUU e ninguém sabe uma linha acerca do contraditório e da ampla defesa nessa questão que assola o mundo. Santiago merecia um debate, venho dizendo isso há tempos … Um debate alimenta ideias, gera consciência crítica e alarga os horizontes civilizacionais do nosso povo.
E a nossa OAB? CREA, CRECI … E os conselhos e entidades classistas?
Lembro-me no ano de 2012. Eu dizia que era necessário debater o futuro da água em Santiago. Ninguém acreditava. Então, a mãe de minha filha assumiu a organização de um workshop, eu não aparecia, apenas auxiliava-a. O evento foi tão gigante que o auditório da URI ficou pequeno e, dos 11 vereadores de então, 9 compareceram, é claro, a professora Michele Noal Beltrão, como diretora acadêmica da URI, flertou com o impossível e fez tudo virar realidade. Uma grande liderança.
Daquele evento sai com o claro indicativo que o nosso povo gosta de reflexões coletivas e os workshops são o melhor canal.
Por outro lado, os militares – como sempre – não demonstram para que existem. Os aposentados, só servem para fazer conchavos escondidos e lacônicos, como se a maçonaria fosse um ente a parte da própria sociedade (estou falando de oficiais superiores, embora alguns sargentões). Nossa elite só se reúne para tramar negócios e defender seus interesses pessoais e de grupelhos. Ninguém cultua o horizonte macro e nem a ampliação do debate social, mesmo que altamente pertinente.
Os partidos políticos são formados por alienados e integram a mesma massa de manobra, nem mesmo o PDT e o PT conseguem entabular reflexões. A direita aposta sempre na desinformação mesmo, até aí nenhuma novidade.
A pós-modernidade pós-pandêmica e no auge de uma guerra enseja um debate claro e sem medo. Só que estamos atolados, servindo-nos da mesma lata e sem um viés crítico.
Esse governador e essa secretária de educação já deveriam ter incendiado o debate no meio jovem, pois todos são carentes. Será que os jovens de 15, 16, 17 e 18 anos se furtam de saber o que está acontecendo com o mundo? O que houve na eleição do Thaiwan, quem venceu? Por que o Brasil decidiu apoiar a tese da África do Sul contra o genocídio de Israel em Gaza?
Não acredito. A culpa é dos agentes políticos incapazes e alienados, e do conjunto todo citado nesse artigo. Do contrário, seríamos bem diferentes, mais lúcidos e mais informados.
Aqui em Santiago todos são alimentados pelo mídia corporativa e atlanticista, só repetem o que assistem na CNN, na Globonews, e ninguém ousa pensar fora dos esquemas tradicionais de dominação midiática. Hoje assisti a um vídeo do professor João Lemes afirmando que os repórteres de rádios não mentem. Lamentável essa afirmação, eles só repetem mentiras das grandes emissoras, ninguém assiste ao Brasil 247, DCM, Nassif, TV Boitempo, Meteoro, Senso Comuna … … e nesses canais estão grandes nomes das mais diferentes áreas do saber.
Se ninguém conhece nada alternativo, como pode um jornalista afirmar que os radialistas não mentem, se eles só repetem o que eles acham que é verdade?
Primeiro, em nosso meio, devido a pressão dos evangélicos, ninguém ousa questionar o genocídio que Israel promove em Gaza. Está aí a primeira mentira. Segundo, ninguém ousa questionar a bíblia judaica, esquecendo-se do contraponto islâmico com o Alcorão. Nunca ouvi ninguém falar em Santiago no Zoroastrismo, embora todos falem na bíblia hebraica, esquecendo-se que muita coisa dos hebreus foi copiada dos próprios persas.
De todas as afirmações do jornalista João Lemes essa de hoje foi, seguramente, a mais perigosa, pois atribui aos radialistas no monopólio da verdade, como se existisse verdade fechada, pronta e acabada.
Li, atentamente um livro: O Resgate da Verdade, tão badalado no meio evangélico.
É uma versão adventista, sem a menor sombra de dúvida.
É irracional querer discutir com quem tem verdades prontas, fechadas, acabadas, dogmáticas e definitivas.
As razões dos conflitos entre islâmicos e cristãos, atestam meu pessimismo. Ademais, eu divirjo totalmente da ideia de achar que somente as nossas verdades sejam verdadeiras. Existem verdades regionais, núcleos, fragmentos de verdade. Por exemplo, se a Nina tivesse nascido na China ou na Índia, certamente ela seria taoísta ou budista; e, se fosse na India, seguiria, talvez o sihismo, o jainismo, o hinduísmo ou até mesmo o budismo.
A China é um país apenas, com 1 466 650 342 habitantes. A India é um país com 1 444 203 383 de habitantes.
A cifra mais confiável, hoje, da ONU, nós temos 8 bilhões de habitantes no planeta terra. Temos, hoje, 193 países no mundo. Na verdade podem ser 195 países, pois o Twaian é, ainda, parte da China e a ONU não reconhece o Vaticano como país.
O cristianimo, o islamismo e o hinduísmo são apenas as 3 maiores religiões do mundo.
A ONU reconhece mais budistas no mundo, 367 milhões de pessoas, que a população dos EEUU, que é de 340 167 538 milhões de habitantes.
O que eu quero dizer com isto?
Cada um quer provar para o outro que sua verdade é absoluta, verdadeira, definitiva, fechada e única.
O cristianismo tem 2000 mil anos. O Zoroatrismo, na Pérsia, hoje, Irã, tem quase 4 mil anos e segue firme, embora os judeus manipulem e mintam a idade real da religião.
Os vedas, hinduístas, tem mais de 3 mil e 500 anos.
Existe uma estimativa dentro da ONU que temos hoje mais de 10 mil religiões no mundo.
E estou falando apenas de planeta terra.
O que eu quero te dizer com isto?
Eu respeito as demais pessoas. Mas existem verdades locais e regionais, seja na índia, na China, na Tailândia … que todos também acham que têm o monopólio da verdade e todos acham que suas verdades são verdadeiras, como os autores do livro que li nesta tarde.
Os islâmicos são tão radicais quanto os autores do livro, que acham que estão resgatando a verdade. Os judeus, da mesma forma, eles acham que a verdade deles é absoluta. Os zoroastras, os hinduístas, enfim, qualquer que seja a religião, ele sempre vai achar que sua verdade é única, absoluta, verdadeira e definitiva.
Os orientais pensam que nem nós, eles botam em nosso meio as religiões deles, especialmente o budismo, mari-kari, seicho-no-ei …e eles também pensam que estão pregando suas verdades noutra ponta do mundo, como os evangélicos fazem pregando nos países orientais.
Com o devido respeito aos autores, eu seria o maior idiota do mundo se acreditasse na tese de que nós temos o monopólio da verdade. Para mim, que não sou nada, existem verdades relativas mundo afora.
Se o cristianismo, que é uma religião altamente infiel, totalmente rachada, é só ver evangélicos e católicos, ortodoxos gregos e russos, como eu terei garantia que a minha verdade é definitiva, verdadeira, única?
O homem que tem uma visão cosmológica, planetária, ele até deve e pode ter sua religião. Mas deve entender o contexto religioso no mundo e saber conviver com a adversidade, sem querer impor a sua sobre as demais, como Maomé fez com o Islã e a espada, como fazem os falcões do pentágono com os mísseis e a bíblia, assim comos os judeus com o Toráh.
Mesmo os ateus, devem ser respeitados. Eles não são diabólicos, pelo contrário, os ateus, por não acreditarem em nada, não lidam com magia negra, com nada…são os mais inofensivos do ponto de vista religioso.
Existe, nisso eu acredito, manipulação das forças do mal, isso é evidente que existe, desde a manipulação da matéria até as energias negativas. Só que lidar com o mal e a prática do mal, todos os religiosos assim o fazem. Só quem não faz isto são os ateus e os agnósticos (não os gnósticos).
A pior coisa que existe no mundo religioso são os donos da verdade. Isso é horrível. Até acho que nós nunca vamos saber se existe mesmo alma, espírito … tenho um amigo que vem todas as tarde aqui e ele tenta me convencer de que somos uma alma reencarnada. Isso não entra na minha cabeça, por mais boa vontade que eu tenha.
Eu acredito que exista vida e que a vida se separa do corpo, num dado momento, por alguma razão e nós morremos. O que vem depois, até hoje ninguém sabe. Pode ser que exista alma. Pode ser que exista mesmo inferno, pode ser até que sejamos almas reencarnadas, pode ser até que nem exista alma e nem espírito.
E mais: o que as pessoas mais acreditam é em verdade absoluta. Isso é mundial. Qualquer que seja a religião, em qualquer um dos 195 países do mundo, a pessoa que segue uma religião vai sempre achar que sua religião é verdadeira, definitiva, absoluta e que só suas verdades são verdadeiras.
Eu NÃO tenho certeza de nada. Apenas sou um curioso, leio e procuro ser informado.
Se eu não encontrasse tantas verdades absolutas, talvez até cresse em alguma verdade … mas, hoje, para mim, todas as verdades religiosas são relativas, até o ateísmo e o agnosticismo, que são formas de crenças, embora não deístas, mas nem por isso deixam de serem crenças.
Ademais, vivemos numa época perigosa, onde os apocalípticos passam anunciando o fim do mundo, a volta de Cristo e ficam todos insandecidos por causa de uma simples guerra, Cada qual quer ser mais profeta que o outro. Todos, em comum, anunciam o final dos tempos e o cumprimento das profecias. Profecias de quem? Dos judeus, apenas e tão somente dos judeus, que são inimigos dos persas, que seguem o Alcorão. A propósito: Jesus Cristo pregava para os judeus, queria derrubar o rabinato judaico, assim como o império romano, à época, dominante. Quem deu visibilidade ao cristianismo foi Constantino, que precisava de uma religião que unificasse o império romano, isso no início dos anos 300 até meados dos anos 340, embora a unificação do cristianismo romano persistiu. É de sua autoria o Édito de Milão, que praticamente unificou o cristianismo.
O problema crucial hoje do cristianismo são os evangélicos, que incentivam a guerra, defendem o genocídio de Israel em Gaza e esquecem-se que o mundo não é somente dos cristãos e nem de suas verdades. Os números sobre os islâmicos são vivamente mentirosos, pois querem reduzir, para os incautos, o número de islâmicos somente como se se fossem todos mulçumanos. Nada mais errado, o próprio Irá, um país Persa, foi tomado pelos mulçumanos nos anos 640, mas até hoje existem cristãos, judeus e outras religiões menores, mas os persas sequer são árabes, embora tenham árabes, hebreus, assírios, fenícios e aramaicos em seu meio. E bom nunca esquecer que Jesus Cristo era aramaico, falava aramaico e nunca sequer falou em hebreu. O país que mais tem aramaicos, hoje, que inclusive falam aramaico, é a República Àrabe Síria, país presidido por Bashar al-Assad, embora sejam grupos minoritários, são alauitas (xiitas), algo em torno de 15% dos sírios.
O grande erro dos estatísticos é pesquisadores de internet é apresentarem os islâmicos como mulçumanos, pura e simplesmente. O exemplo do Irã, que é o tradicional país Persa, é o exemplo vivo de islâmicos que não são mulçumanos, assim como temos várias vertentes islâmicas na África e na Ásia, em diferentes país. A África islâmica é – hoje – representada pelo Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia.
Por fim, considero que é tênue a diferença entre islamismo e mulçumanismo, mas continuo reafirmando que islâmicos não são necessariamente mulçumanos. Michel Foucault, por exemplo, chegou a se converter ao islamismo e era um cidadão francês, nunca foi mulçumano.
*Autor de 6 livros, jornalista nacional com registro no MtB nº 11.175, Registro de Jornalista Internacional nº 908 225, Sociólogo e Advogado inscrito na SA OABRS sob nº 9980.