Santiago na contramão

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Noite passada, alta madrugada, detive-me para ouvir as versões da esquerda e da direita sobre  resultado eleitoral. Sinto-me a vontade para falar sobre o assunto, mas é surpreendente.

Há consenso entre os analistas de esquerda que Bolsanaro cresceu muito, estão surpresos e existe uma reação da sociedade brasileira que marcha à direita.

A análise não é apenas em cima da votação de Bolsonaro, mas também incide a formação do futuro congresso nacional, pois a ala direitista surpreendeu além do imaginado pela esquerda, que só se pauta pelos resultados das pesquisas. Ironia? Não, constatação pura de um cidadão brasileiro.

Como todo o cidadão bairrista, é claro, devo sempre voltar a minha aldeia. Enquanto todo o Brasil caminha à direita, em Santiago, o PT vira o jogo e Pretto desbanca Eduardo Leite e Heinze e aponta em segundo lugar na apuração dos votos.

O eleitorado do PT é quieto. Não usa adesivos em carros e nem tem camionetões. Em Santiago, uma semana antes do pleito, todos constatávamos que Bolsonaro teria uma vitória exorbitante sobre Lula no município de Santiago. Falavam os números superiores a 70%, afinal era raro um carro adesivado de Pretto. Os petistas falavam em Lula e Olívio. Davam Pretto como morto.

Escrutinados os resultados, os candidatos do PT surpreendem, seja Lula, seja Pretto.

A consatatação óbvia é que Santiago marcha em direção à esquerda, cada vez mais. Quem diria que Lula teria a votação que teve?

Vejam que os resultados surpreendentes não foram apenas de Lula. O segundo lugar no resultado ao governo do Estado consagra o entendimento que o petismo está fortalecido em Santiago, pois Pretto obteve um insondável segundo lugar.

É óbvio. Marchamos sempre na contramão da história. O eleitorado silencioso do PT e da esquerda é maior do que se possa imaginar.

Não são elucubrações minhas. São apenas constatações dos resultados eleitorais.

O filme é velho e antigo. Nas eleições municipais ninguém bate ninguém do PP. Nas eleições para governo do Estado e presidência emerge o que pensa mesmo o povo de Santiago?

Saudável contradição, mas quem esteve no lançamento do meu livro PAMPA EM PROGRESSO, dia 3 de janeiro de 2005, talvez agora me entenda melhor. A direita municipal é de esquerda. Só finge que é direita para continuar dominando tudo em Santiago.

Nina estará com 30 anos e Santiago continuará exercendo sua inexplicável contradição.

Há que sacar muito de Dialética para entender tudo isso, inclusive para explicar a emergência da direita extremada que assombra a Europa.

Mas é ou não é uma direita que a gente sente vontade até de engolir?

E quando a coisa começa na Itália, eu até tremo muito. Pois a compreensão do presente, implica na mesma compreensão acerca do passado.

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