Tortura infantil e a inútil psicopedagogia. Sobre o sofrimento das crianças no dias dos pais

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Quem leu meu livro O PAPEL DO JORNAL, lançado em 1994, leu minha crítica aos erros grassos da psicopedagogia. Na ocasião,  referia-me ao suicídio de alunos.

Só alguém muito tolo para não entender o protesto do rosto pintado
Só alguém muito tolo para não entender o protesto do rosto pintado

Transcorridos tantos anos, volto ao assunto; dessa vez, pela insensibilidade das direções de escolas, principalmente de ensino fundamental e infantil, com as comemorações alusivas ao dia dos pais.

Tempos atrás, a médica-psiquiatra Karine Peixoto contou-me sobre um colégio em Santa Maria, que aboliu tais comemorações para evitar a tortura e o sofrimento das crianças que não têm pais, são mortos,  que têm pais separados, e muitos que sequer sabem que são os seus pais.

No final de semana passado vivi um pesadelo ao ouvir de minha filha um relato tão assustador quanto chocante. Ela me disse que todos os coleguinhas faziam cartões e preparavam presentes aos pais. Aos poucos, ela começou a ficar triste, aos poucos foi sendo invadida pela angústia e desabou em lágrimas, tanto, que a tiraram da sala de aula.

Ela foi meticulosa no relato que me fez. “Eu via meus colegas, todos fazendo os cartões e preparando os presentes e eu não tinha meu pai ali para eu entregar e não resisti”; eu imagino o quanto foi doído e torturante isso para a cabeça e o psique de uma pobre e indefesa criança; o quanto os seus sentimentos foram lesados, o quanto foi longa e prolongada a tortura.

Nessas horas, me vem à mente o quanto é falha a psicopedagogia, pois bancam os moderninhos falando em bullyng, e sequer se tocam do bullyng institucionalizado.

É claro, já ouvi críticas: mas quem mandou vocês se separarem?

Existe o outro lado também, os pais que se separaram não pensam nos filhos; eu não eximo minha parcela de culpa. Mas entre punir os pais e punir as crianças vai um abismo.

Creio que é preciso repensar estas questões. A realidade social posta, de pais irresponsáveis, dentre o quais eu, de pais mortos, de pais ausentes, deveria ser objeto de uma reflexão desse lixo de ideologia que chamam de psicopedagogia, pois sequer notam que a tortura na cabeça de inocentes não é culpa desses, jamais será. Se preocupam com tantas coisas, com tantos fatos sociais, mas não olham para dentro de si, do íntimo da criança e nem se tocam que existe um fenômeno muito além do próprio bullyng, que é tortura infantil institucionalizada por datas afetas à mercantilização do papel do pai e da mãe.

Sequer sei que escola é esta de Santa Maria, mas é uma iniciativa louvável, pois visa preservar a integridade psíquica da criança e poupá-la de uma tortura indescritível. Chorei tanto pela minha filha, imaginando sua dor. Quantas crianças não sufocam o mesmo choro pelos cantos, pelas escolas, pelas casas.

Tenho consciência que sou partícipe de tudo isso e não omito minha responsabilidade. Lastimável é ausência de consciência e a falha brutal na psicopedagogia.

É necessário refletirmos. Depois não entendemos a rebeldia adolescente, a desagregação familiar, a drogadição, os crimes, os abortos … começamos a matar as crianças dentro de nossas casas e nas próprias escolas. O que podemos esperar de tudo isso?

Hoje tenho bem claro que o nazista que articulou tudo para destruir com minha vida e impedir o contato com minha filha, merece pagar, assim como seus asseclas. Com nazistas, meu jogo é bem diferente e sou um homem que sei onde começa e onde termina  o direito. Cheguei num estágio da vida que só o que me move é o desejo de vingança e aí o jogo fica bom. Quanto maior o império, mais fácil é o meu desafio, pois não tenho limites quando quero destruir quem destruiu comigo e pior, quem faz uma criança inocente sofrer, merece sofrer a mesma dor. Abriram a guerra, agora sustentem e não se escondam atrás de desculpas, como sempre fizeram na hora do enfrentamento. Eu não lavo sangue com água.

Poderia ser cálido?

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