Henry Borel, 4 anos, o aprendizado que não ensina

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“Perfeitas” famílias de facebook

O assassinato do infante Henry Borel, 4 anos, acontece, pari passu, com a prisão, aqui em nosso Estado, na cidade de Esteio, de um padrasto que estuprava as crianças de cinco, seis e nove anos de idade e que tudo começou em 2009.

Tempos atrás, reportei-me a uma postagem de Alyne Araújo, onde ela fez uma crítica ao desfile de padrastos dentro dos lares recém desfeitos. Foi aquele caso de confusão dos namorados da mãe, onde um resultou assassinado.

Existem muitos erros e gravíssimos erros sociais nas separações de casais e no destino dos filhos.

Primeiro, é a banalidade da separação e a forma superficial com que tratam os interesses das crianças; onde são divididas como sacos de batatas e não seres humanos sensíveis, em formação e altamente fragilizadas. O egoísmo dos adultos não nos permite pensar nos pequeninos, que são sempre vítimas.

Somos uma sociedade sem valores morais rígidos e banalizamos a separação da mesma forma e com a mesma facilidade com que se constituem famílias arranjadas do dia para a noite.

Eu conheci um casal, nas Missões, ela médica e ele advogado, que tomou a decisão de separar-se. Havia um impasse no meio. Tinham uma filha com 4 anos. Então, o que fizeram? Decidiram ficar juntos, como se nada tivesse acontecido, até a filha completar 15 anos. Tiveram uma grandeza hérculea. Resolveram seus impasses, mas nunca afetaram a cabecinha da criança, que acabou amadurecendo em companhia dos pais. Até hoje vivem em harnomia, paz e civilidade.

Eu noto, muita mais com minha formação específica em sociologia, que mais de 90% dos casais separados, geram traumas terríveis nos filhos. Muito mais. Aliás, é raro, o casal separado, com filhos, que não tenha problemas maiores ou menores na formação das crianças. O que é natural para os adultos, não é natural para a cabeça de uma criança.

Por outro lado, o poder judiciário carece de estudos mais sérios e pormenorizados. As juízas (é claro, tem exceções) sempre entendem que a guarda tem que ficar com as mães e aí está a gênese de todos os erros. (Guarda compartilhada é um texto que boa parte dos magistrados ignora). Trata-se de uma ilação mecanicista, baseada no empirismo de gênero, desprovida de qualquer fundamentação científica. Os país, homens, são naturalmente excluídos, como se não fossem dotados de amor, sensibilidade e carinho. A eles, é reservado visitação a cada 15 dias, como se isso não fosse o próprio assassinato da paternidade.

Toda a mãe, ao se separar, a primeira preocupação é arrumar um marido e ao mesmo tempo um pai substituto para os filhos do legítimo pai. Só que os juízos morais da cabeça da mãe separanda, não são os mesmo do filho ou da filha criança. Aí, a outra gênese perigosa demais. A criança, inocente e indefesa, lhe é imposta uma terceira pessoa, estranha, a qual ela sequer tem bases emocionais e desenvolvimento psicológico para assimilar, (mas que têm que aceitar). É a vontade da mãe que interessa. É a verdade da mulher que vale.

Dias atrás, socorri-me de uma postagem da página do facebook da psicóloga (conservadora, coisa rara) Taritsa Barcelos, onde ela abordava o problema de a mãe fazer sexo com o marido novo aos ouvidos das crianças. A criança, filha do outro, é obrigada a ficar ouvindo gritos e gemidos, como se tudo fosse natural.

Já imaginaram as consequências no psiquê destas pobres e indefesas crianças?

O padrasto sempre vai odiar a enteada, até porque ele está sempre vendo nela o fruto do amor da mãe com o marido. Em seu instinto, ele precisa se vingar e o faz com brigas, divergências, boicotes; e o cúmulo da vingança reversa é o estupro, só aí ele encontra satisfação subjetiva. O caso das madrastas é semelhante, embora não igual pela questão fálica. O similitude está na concepção ideológica da vingança, mas expressa num outro nível de satisfação subjetiva.

Henry Borel, Isabella Nardoni e Bernardo Boldrini … quando vamos abrir os olhos para esta trágica realidade?

Decorre daí – também – a alienação parental, pois para agradar ao novo marido, a mãe começa, sistematicamente, a afastar a filha ou o filho do pai. Não raro, o ato de o pai querer ver o filho(a) se torna um incômodo. A maior vítima disso tudo são sempre os pais/homens, o que só não vem à tona pela hegemonia do feminismo tosco que permeia a sociedade brasileira. O pai/homem tem que ser execrado e exposto em suas vísceras aos abutres dos juízos sociais (ou das instâncias morais, como preleciona Gaston Bachelard). O pai nunca presta e a mãe é sempre a santa. Demonizaram a paternidade e santificaram a maternidade, terceiro grande erro da pós-modernidade social e familiar.

Se eu vejo perspectiva de mudança?

Os vícios familiares são estruturais, muito mais sérios e profundos que imaginamos.

Os suicídios adolescentes sequer são investigados … Não temos um David Émile Durkheim para sistematizar estudos para balizar o poder judiciário. E nem teóricos em Direito de família com conhecimento sociológico e psicanalítico. Os JIJs funcionam como uma apêndice de varas criminais e (algumas vezes) civis. Os estudos sociais e laudos se baseiam em pareceres de psicóloga(o)s formadas com base em teorias esquerdistas, feministas e anti-homem, onde tudo é conspiração para o assassinato (mesmo que seja simbólico) da figura do pai/homem.

Quando matarem outra criança, como fizeram com Henry Borel, o assunto volta à baila e depois tudo cai no esquecimento, outra vez.

Só que o problema persiste. Longe de uma solução.

In memoriam …

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