Minha filhinha trava um choque de concepções comigo relativamente à moral e aos costumes.
Eu perguntei se ela sabia lavar camisa?
A resposta veio fulminante:
– Claro que não!
Aí eu levo a discussão adiante (mais tom de provocação).
– Como, uma mulher precisa saber lavar e passar roupa.
Nina reage:
–Credo, pai, como tu é machista. Eu sou feminista.
Não sei quem a ensinou os valores do feminismo, mas ela sabe que é tudo que eu abomino.
Creio que foram os resgates dos valores familiares conservadores que me reaproximaram da direita e, não sem razão, sempre vi tais nos evangélicos.
Mas minha filha é altamente contraditória. Passaram-se os anos e ela não mudou. O pai dela precisa ser um santo. E sempre deixa bem claro: – tu escolhe, tu arruma uma namorada tu, perde a filha.
Aí eu pondero:
–Mas e tua mãe, pode?
– A mãe é mulher, é outra coisa.
Acho que é um novo tipo de conservadorismo feminino-machista.
Na realidade, desde minha separação, embora um pequeníssimo envolvimento com a amiga Karine, meu lado moral (intimista) é complicadíssimo.
Lembrei-me quando criança. Eu devia ter 9 ou 10 anos. Estava no culto na minha Igreja e recebemos a visita de um presbítero de Assembleia de Deus, acho que era Falcão o patronímico dele.
O que rolava nos bastidores era um escândalo, ele tinha traído a esposa e ficado com uma moça mais nova.
Daí, como é a regra à cortesia, o Pastor Aldo o convidou para saudar a Igreja.
Quando ele começou a pregar, a minha repulsa foi tão grande que me levantei e fiquei no lado de fora da Igreja. Repito: eu devia ter entre 9 ou 10 anos. Não tenho certeza.
Eu não sou machista com minha filha … apenas oriento-a a usar roupas decentes, falo para ela sobre a importância do amor e da família. Ela sabe o quanto eu acho abominável o comportamento promíscuo de uma mulher.
Aliás, ou muito meu engano, ou noto que nenhum homem sério aceita tais comportamentos. Isso não dizer que – movidos pela concupiscência carnal e a força do instinto – não haja tais relações. Mas na hora da constituição do lar, de formarem uma família, os homens são altamente seletivos. Vejo isso – nitidamente – em todos os meus amigos.
Agora, quem está no embalo, no festerê, aí vai de qualquer jeito, e a regra vale para mulheres e para homens.
Ontem, na pregação, no culto, fiquei muito chocado. O pregador lembrou que o pai não deve desistir nunca e deve levar ao extremo ao luta pelos filhos.
Não sei se ele me conhecia ou não. Pessoalmente, acredito que não. Mas ele contou a própria história dele, da separação e depois o resgate do filhinho para o lado dele. Muito chocante e muito emocionante.
Com razão, ele abordou toda a humilhação que eu passei com a minha separação. As versões conflitantes, nas narrativas díspares, o Estado e o aparato legal fortemente contaminados pelo viés do feminismo/esquerdista. Por tal, saúdo a proposta de Bolsonaro de indicar para o STF um Ministro terrivelmente evangélico. Assim, morro de amores pela bancada evangélica.
Todo o discurso é de ocasião. Já escrevi isso no meu livro A ARTE DE …
Distante e muitos meses sem ver minha filha, noto que ela não perde o hábito. Sempre dá uma vasculhada no facebook e whatsapp. Quando ela, por acaso, encontra alguma cliente ou amiga logo vem chumbo: – quem é essa aqui. Paiê, a verdade.
Sou vítima e refém do feminismo.
Mas Nina é o máximo. Quando ela sente o perigo, apela: – mas é uma mulher decente?