A ERA DAS INCERTEZAS E O VIR-A-SER PÓS-CORONAVÍRUS

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A crise mundial deflagrada a partir do coronavírus gerou as bases de uma nova era. De um lado, um debate quase histérico entre as medidas preventivas (isolamento, distanciamento …) e, de outro, a necessidade de manter as economias aquecidas evitando colapsos financeiros e sanitários. Mas, também, colocou em xeque os pressupostos teóricos do debate entre a social-democracia e o neoliberalismo. É evidente, na esteira da pandemia mundial, onde os sistemas de saúde entraram em bancarrota, pela concepção do Estado mínimo, redução de investimentos em saúde, por exemplo, que as teses intervencionistas da social-democracia, socialismo e até comunismo de Estado (o caso da China) ganham uma força incrível. A direita mundial, que se confunde com o liberalismo econômico, perde espaço na mesma proporção do avanço do vírus. Friso, que sou avesso ao maniqueísmo, pois é factível a direita ser interventora. Aí estão os exemplos de Israel e Japão.

Agora, no auge da crise, mesmo a direita e os liberais, incluindo aí os neoliberais, adotam medidas de socorro de dinheiro para as famílias, gostem ou não, exatamente dentro da proposta de renda mínima defendida no Brasil pelo ex-senador Eduardo Suplicy.

O discurso de direita, liberal e neoliberal, a rigor, tenta minimizar os estragos do vírus, e toda narrativa é no sentido de que as pessoas (eventuais mortes) vêm antes da economia. Nesse aspecto, pode-se dizer, claramente, que o discurso de esquerda interventor já domina a cabeceira dos principais chefes de Estado e de Governo do mundo inteiro. (É claro que também existe esquerda liberal na economia).

JOGOS E DILEMAS

O primeiro dilema é uma discussão acerca do que antecede o que. O isolamento quebra a economia e logo estará instalado o caos social. O discurso do Presidente Bolsonaro é nesse sentido. No outro polo das narrativas e  das construções discursivas, aparece um outro discurso, de esquerda e intervencionista, que defende que o Estado deve pagar o custo da pandemia e bancar o isolamento.

Fica evidenciado, a factibilidade de dois discursos bem nítidos. Um, representa a direita liberal e, o outro, o socialismo e a social-democracia.

No momento em que Trump e Bolsonaro cedem à concessão de auxílio do Estado, fica evidenciado a preponderância nítida das teses intervencionistas. Pode-se dizer, nesse espectro ideológico, que há uma nítida vitória dos intervencionistas de esquerda, embora a totalidade do povo sequer saiba discernir um espectro do outro.

DILEMA REAL

Os países ricos e industrializados da Europa ardem o custo de retirada do Estado da economia. Quem sempre defendeu um sistema de governo forte e interventor, especialmente a esquerda, já ganhou esse debate, e, por consequência, arrastará amplas camadas e extratos populacionais para o campo de esquerda. A direita já perdeu esse debate e o neoliberalismo, desde o consenso de Washington, foi nocauteado pelo coronavírus. É claro, atrás deste debate vem à questão da educação e da pesquisa, onde se travam os mesmos enfrentamentos. Habitação, qualidade de vida, saneamento, será a pauta dos confrontos mundiais.

Médicos cubanos chegam na Europa e cravam a imagem de Fidel Castro. A Europa de joelhos.

A China comunista e a Cuba de Fidel e Tchê Guevara aparecem como redentores de uma Europa de joelhos, especialmente a Itália, Reino Unidos, Espanha, França …  Nem vamos falar no leste europeu.

O vírus expôs a fragilidade dos sistemas de saúde dos países liberais e neoliberais. Médicos cubanos e chineses socorrem a população europeia, que sempre os hostilizou. Caiu o charme da França, os italianos estão em pânico, os espanhóis, enfim, não só a Europa, mas os duzentos e seis* países do mundo e suas diferentes nações**.

(*A ONU reconhece 193 países. Desde que eu cursei Demografia e População e Desenvolvimento, no curso de Sociologia, 1986, já havia essa imprecisão e se estende até nossos dias.

**Dentro de um país podem existir várias nações. Embora, o inverso também seja verdadeiro (pode existir uma nação em vários países).

DA SOCIOLOGIA A TEOLOGIA

Até aqui fiz várias incursões analíticas e brevemente comparativas, para traçar um paralelo do embate ideológico (na acepção gramsciana) que existe em torno dos sistemas de saúde no mundo, todos desfigurados e abalados (com raras exceções) pela pandemia do coronavírus.

Entretanto, o debate que sempre existiu entre a Medicina e a Ciência, inclusive no Direito, é relativo à cura divina. Sinceramente, todos nossos pastores e teólogos, especialmente evangélicos, ganharam asas em cima da cura divina. Eu sempre vi pessoas sendo curadas de câncer, de AIDS, demônios sendo expulsos das pessoas … E agora, vejo os pastores rendidos, impotentes, de joelhos, derrubados por um vírus. Ora, quem expulsa um demônio e cura um câncer, também pode expulsar um vírus? Ou não? Agora vão dizer o que para os fiéis? Que o vírus é um demônio diferente?

Eu, que acredito em cura divina, sou obrigado a questionar, por que não expulsam o coronavírus?


Missionário R.R. Soares

Quem vê o Missionário R.R. Soares, pregando de máscara, justamente ele, que sempre curou doenças, em nome de Jesus, por que não faz o mesmo com o vírus? Se um corpo é mesmo ungido, fechado, não tem essa de vírus.

Olha, o pós-pandemia vai colocar em xeque, no mundo inteiro, não só formas e sistemas de governos, mas também as concepções religiosas. A menos que surja, nesse interregno, alguém capaz de expulsar o vírus pela oração. Senão, a sensação que todos vão ficar é que as curas divinas são blefes. E aí caem os edifícios teóricos das bases teológicas (e ideológicas) de todas as religiões, da Índia aos EEUU.

A CULPA É DO ANTI-CRISTO

O Anti-Cristo dominará o mundo através da internet?

Bem, o discurso mais empregados nos dias atuais é que a pandemia é parte do cumprimento das profecias bíblicas e estamos em pleno Apocalipse (restringindo o debate apenas para o nosso meio cristão-judeu). Será o vírus o próprio Anti-Cristo ou ele está apenas pavimentando as bases para a vinda ou volta*** do Messias?

(Em Israel é grande o movimento pela construção do terceiro templo no Tomo da Rocha, em Jerusalém, de onde o Messias dos Judeus vai reinar na face da Terra. Os judeus não acreditam que Jesus é o Messias, a despeito de Jesus ser judeu).

GOVERNANTE MUNDIAL

Os cristãos, católicos, evangélicos, ortodoxos … dizem que o messias judeu governaria o mundo a partir do terceiro templo, aliás, até a coroa do messias está pronta.

Absurdo por absurdo, teorias de conspirações, verdade ou mentiras, a capa da Folha de São Paulo, dessa madrugada, sustenta que falta um governante mundial.

LÍDER MUNDIAL

Existem centenas de matérias, filmes, escritos, etc … onde o Papa Francisco realmente diz o líder mundial será apresentado ao mundo dia 14 de maio de 2020.

Isso sempre me pareceu absurdo, até porque não existiam condições objetivas e subjetivas de um pacto global de governantes para aceitarem uma única liderança mundial. Agora, nessas alturas, nem eu duvido.

EXTERMÍNIO DE PARTE DA POPULAÇÃO MUNDIAL

Então os Iluminattis e as teses das Pedras da Geórgia não são tão absurdas como se imaginava? Os caixões da FEMA, as cidades-cavernas nos EEUU, tudo faz sentido?

Custo a crer, mas começo a ver algum fundamento.

Vou reler Saramago e a cegueira na madrugada de isolamento.

O PÓS-CORONAVÍRUS

Acabou o debate sobre pós-modernidade e era termo-nuclear. O debate que pautará a imprensa, cientistas, filósofos, sociólogos, teólogos … será o pós-coronavírus.

Pedras da Geórgia – Apologia à redução da população mundial.

O ARMAGEDON não será nuclear, será virológico.

Alguém se atreve a fazer uma previsão?

Quando o curso da curva será decrementista? Haverá cura? Haverá uma vacina? Quantas pessoas vão morrer? Qual o destino dos infectados?

Estamos navegando na imprevisibilidade.

Especulações:  é o que mais pauta quem se atreve a fazer este debate; o certo é que tudo é incerto. Ninguém sabe até onde vamos morrer, até onde haverá cura e quais as consequências  para os países do mundo  após essa pandemia.

Se nada sabemos, exceto suposições, sobre a intervenção do Estado na economia, liberalismo ou social-democracia, futuro dos países, não somos, da mesma forma, capazes de prever o futuro das religiões, das crenças e seus pressupostos ideológicos (claro, teológico está como elemento superestrutural dentro da ideologia).

PERGUNTAS

Ninguém sabe ao certo quantos milhões de caixões os EEUU construíram e estocaram. Nem quantas cidades cavernas foram construídas e estocadas de alimentos e sementes

Muitas perguntas permanecem sem respostas.

– O Papa sabia o que estava dizendo ao afirmar que um líder mundial será apresentado ao mundo dia 14 de maio de 2020?

– Existirá uma conspiração mundial para a eliminação de parte da população do planeta?

– Diante de tudo isso, esse vírus é muito mais que os cientistas conseguem descrever, ou será apenas uma gripezinha?

– Quantas pessoas terão suas vidas tragadas?

– O que será o vir-a-ser pós-coronavírus?

Nina, minha filha, uma aposta no futuro.
Jandira de Lima Prates, minha falecida mãe. A foto é de 1966
Nina …
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