Os iranianos não são árabes. São persas. A Pérsia antiga hoje é onde fica o Irã. O indu-europeu persa é mais próximo do português que do árabe

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Incrível os erros da nossa imprensa. Os persas são os mesmos iranianos de hoje, e não são árabes, muito antes pelo contrário, são indu-europeus e o persa é muito mais próximo do português que do árabe.

Busquei um velho texto da Superinteressante, muito didático, de autoria dos próprios redatores da revista, para esclarecer nossos leitores nesse emaranhado de confusão.

Vejamos a Superinteressante:

Qual a diferença entre árabe, curdo, turco, persa, sunita e xiita?

Árabes, curdos, turcos e persas são grupos étnicos que habitam diferentes países; já sunitas e xiitas são vertentes da religião islâmica.

Para começar, é preciso fazer uma distinção básica: árabes, curdos, turcos e persas são grupos étnicos, enquanto xiitas e sunitas são seguidores de correntes do islamismo. Nem todo muçulmano é árabe, nem todo árabe é muçulmano.

Os árabes são o maior grupo étnico do Oriente Médio. São maioria no Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Iraque, nos países da península Arábica e nos territórios sob a Autoridade Palestina. Também estão presentes nos países do norte da África, reunindo ao todo 415 milhões de pessoas. O grupo é originário da península Arábica, de onde se espalharam, a partir do século 7, em uma grande corrente migratória provocada pela expansão do islamismo. O principal fator que os une, porém, não é a religião, mas a língua, que pertence ao tronco semítico (assim como o hebraico).

Os persas são descendentes de povos indo-europeus que chegaram à região do Irã através da Ásia Central por volta do ano 1000 a.C. A língua é escrita em caracteres árabes. “Sendo uma língua indo-europeia, o persa é mais próximo do português que do árabe”, afirma Paulo Daniel Farah, professor de Língua, Literatura e Cultura Árabes da Universidade de São Paulo.

Os turcos são originários da Ásia Central, de onde migraram por volta do século 10. Eles formam mais de 80% dos habitantes da Turquia. O idioma era escrito em caracteres árabes até 1929, quando se adotou o alfabeto latino. Não confunda árabe com turco. Durante seis séculos, até a Primeira Guerra Mundial, os árabes do Líbano e da Síria foram dominados pelo Império Turco-Otomano. A confusão veio dos passaportes que eles usavam para entrar no Brasil – o documento era turco, mas o portador era árabe.

Os curdos são o maior grupo étnico sem Estado do mundo. Embora não haja um número exato dessa população, o Instituto Curdo de Paris, uma entidade que se dedica a estudar esse grupo, estima que existem entre 36,4 milhões e 45,6 milhões de curdos no mundo. Eles ocupam um território de cerca de 500 mil quilômetros quadrados – maior que o do Iraque – que engloba parte da Turquia, Irã, Iraque, Síria, Armênia e Azerbaijão. O idioma curdo é indo-europeu, como o persa, mas a grafia varia. “Os curdos da Turquia usam o alfabeto latino. Os da Síria, Iraque e Irã usam o árabe”, diz Farah.

Religião

Mais de 90% da população do Oriente Médio professa o islamismo. A religião, que conta com 1,8 bilhão de fiéis em todo o mundo, tem duas principais vertentes: o sunismo e o xiismo. Os sunitas são maioria, cerca de 85% do total. A palavra vem do árabe sunnat annabi (“tradição do profeta”). Os xiitas são maioria apenas no Irã, Iraque e Barein. Entre as diferenças, Farah, que é autor do livro O Islã, destaca o gestual realizado durante as orações.

A seguir, conheça as cidades que são símbolo dessa religião:

1. Meca

É a cidade mais sagrada para todos os muçulmanos. Ali está o santuário da Caaba, local de peregrinação anual (hajj) construído por Abraão, o patriarca bíblico. Todo fiel deve fazer suas cinco orações diárias voltado para Meca.

2. Jerusalém

O maior centro de tensão do Oriente Médio é a terceira cidade mais sagrada para os sunitas (cristãos e judeus também a têm como santuário). Lá está a mesquita do Domo da Rocha, de onde Maomé teria ascendido aos céus.

3. Karbana

Santuário xiita onde está o túmulo de Hussein, neto de Maomé. Ele acreditava ser o sucessor do profeta, mas quem assumiu o trono foi Yazid. Seu assassinato marcou o cisma entre os xiitas – seguidores de Ali, pai de Hussein– e os sunitas.

4. Najaf

A cidade é o terceiro local de adoração dos xiitas. Lá está o túmulo de Ali, genro de Maomé e pai de Hussein. Os xiitas consideram Ali o sucessor de Maomé. A cidade é aberta a não muçulmanos, ao contrário de Meca e Medina.

5. Medina

Guarda os restos mortais do profeta Maomé e foi a cidade para onde o profeta fugiu. Essa fuga, no ano de 622, é chamada de Hégira e marca o início do calendário muçulmano. É o segundo local mais sagrado para qualquer fiel do Islã.

6. Mashad

É onde está o túmulo do imã Ali al Rida, mártir para os muçulmanos xiitas. Centro importante de peregrinação no Irã, Mashad é considerada a quinta cidade mais sagrada do xiismo (o quarto lugar é ocupado por Karbala).

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