O dilema do PP e a exoneração de Gisele Ribeiro

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É estranho o silêncio sepulcral que reina em cima da saída da Sra. Gisele Ribeiro da secretaria municipal de Saúde. Até parece que ninguém sabe, ninguém ouviu falar. Aí reside o impasse: o furo é muito, muito, mais embaixo.

Gisele é esposa do maior líder do PP de todos os tempos. Júlio Ruivo foi vereador duas vezes, vice-prefeito duas vezes, prefeito duas vezes, médico-veterinário formado pela UFSM,pós-graduado latu senso em gestão pública e Mestrado minter na mesma área UFRGS/URI. Afora ser um líder, é também o mais estudado. Não fez esses mestrados frios na Argentina, que têm aulas duas vezes ao ano.

Candidato a deputado estadual pelo PP, em 2018, amargou uma dura derrota e ele próprio desencadeou um auto-questionamento. Errôneo, ao meu ver.

Júlio Ruivo foi um bom prefeito, fez uma gestão talentosa e competente. Ademais, é um ser humano decente, gente muito boa, parceiro e amigo, democrata, sensato e sensível. Porém, o PP não quis me ouvir quando eu anunciei que Ruivo despencava na votação para deputado estadual. Com candidato a prefeito, em 2012, Ruivo fez significativos 18.125 votos, ou seja, 63.20% do eleitorado de Santiago. Estava no mesmo nível de prestígio do saudoso Chicão, era e é seu herdeiro natural. Já na eleição de 2018, dentro de Santiago, caiu para inexpressivos 12.376 votos, ou seja, 43.26%. Caiu 20 pontos percentuais.

Por que o decremento?
Ora, Júlio Ruivo fez um excelente governo, nunca se ouviu falar em falcatruas, foi um prefeito decente, honrado, não dava em cima das servidoras, respeitava as famílias, honrava a sociedade.

Mas, então, o que houve com o PP que seu cerne foi assim tão rejeitado?

Júlio Ruivo, em sua pureza e bondade, invocou a culpa do insucesso eleitoral a si mesmo.Um erro: não foi isso.

Quantas vezes eu escrevi que Júlio Ruivo seria afetado pelo péssimo governo de Tiago Lacerda?

Dezenas de vezes. Júlio Ruivo apenas foi prejudicado pelo governo de Tiago e os elevados índices de rejeição. Nem de longe Bianchini tirou seus votos. Quem é PP é PP. A verdade é que a votação do PP encolheu.

Agora, quando todos começam a cogitar nomes para sucessão de 2020 o nome de Ruivo, excelente gestor, Tiago é bebezinho perto dele, surge o nome de Ruivo com muita força.

Todos sabem que Ruivo tem mais qualificação, mais preparo, mais experiência, e não quis fazer um governo com gente de fora, governava com os seus, era leal e fiel ao PP.

Tiago inaugurou um estilo novo de fazer política. Populista, não fez nada para mudar a matriz econômica de Santiago, grassa a miséria nas vilas, ninguém tem emprego, as finanças públicas são um caos e para dar uma remediada no ano que vem, contraiu um empréstimo milionário na Caixa Econômica Federal, a conta é a sociedade santiaguense quem vai pagar. Tiago é uma aposta de alto risco. Até Bianchini pode derrotá-lo, e, se for Guilherme Bonotto, suas chances se tornam remotas. A única saída do PP é apostar na divisão das oposições.

Como Júlio Ruivo cresceu barbaramente nos últimos dias e os convencionais do PP – nitidamente – preferem o ex-prefeito, Tiago agiu.

Gisele Ribeiro, na pasta da saúde, é uma visível ameaça aos planos de Tiago, afinal é esposa do excelente ex-prefeito.

Tiago sabia que exonerando Silvana Perônio provocaria uma cisão na saúde. Não deu outra. Quebrou o pau. Existem duas versões, ou Gisele foi exonerada ou exonerou-se.

Tiago deve ter lido Maquiavel e está agindo como Stálin, eliminando os companheiros/adversários, mesmo que sejam do próprio partido, cortando na própria carne.

A convenção será uma caixinha de surpresas. Tiago quer controlar o diretório com unhas e dentes. Júlio Ruivo tem uma fatia expressiva consigo. Eu sei com quem está Rodrigo Gorski, meu querido amigo e filho de Chicão.

A situação é de um brete. Tiago pode até ganhar a convenção, mas o PP perderá a eleição. A única chance de o PP seguir o legado de Chicão é com Ruivo.

As cartas estão postas, é fazer uma boa escolha ou entregar a prefeitura para a oposição.

Quem não entender tudo isso, não entenderá o que está por trás da saída de Gisele da pasta da saúde e nem da exoneração da mega-psicóloga Silvana Perônio.

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