A escravidão espiritual e a batalha por luzes no império das trevas

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Dentre os sebos que frequento e compro alguns livros, em Porto Alegre, tenho um, em especial, onde encontro muita literatura rara. O proprietário é judeu, temos uma certa amizade, trocamos algumas idéias sobre Cabala, sociedade secretas, seitas, iluminattis, maçons…
Quando eu presidi a comissão estadual de ética do Partido Socialista Brasileiro, em 1988, conheci o médico psiquiatra judeu Leonardo Grabois. Por alguma razão, ele tornou-se meu amigo, parceiro de viagens e confidente. Grabois era sobrinho do líder Maurício Grabois, da Guerrilha do Araguaia e quando inciamos nossa amizade, fazia pouco tempo que ele tinha voltado de Israel.
Grabois gostava de perambular pelo Vale dos Sinos, Paranhana e região metropolitana. Ademais, gostava de sentar nos bares operários de Campo Bom, Sapiranga e analisar os hábitos e costumes, desde a música à comida.
Foi Grabois quem levou-me nesse sebo pela primeira vez e mentiu para o nosso amigo proprietário que eu era iniciado; nessa ocasião, comprou dois livros de Papus, tratado de ciência oculta elementar, volumes I e II e presenteou-me, apesar de minha resistência em estudar tais literaturas.
Na ocasião, descobri que os livros de Papus integravam uma coleção da revista planeta. Apenas guardei-os  pelo carinho do amigo. Passados uns anos, num outro sebo, na João Pessoa, em Porto Alegre, por acaso, encontro um outro exemplar da mesma coleção, Paracelso, “A chave da Alquimia”. Comprei o livro e guardei.
Com o passar dos anos, mais velho, mais maduro, lendo Paracelso e Papus, senti um relativo desejo de comprar toda a coleção, pois nela havia algum significado fora da simples concepção de compra e venda de livros.
Em março de 2010, no velho sebo onde se respira judaísmo, deixei meu cartão e a pedi ao amigo proprietário se algum dia ele tivesse tal coleção, que me ligasse, que a compraria.
Quase quatro anos depois, em janeiro desse ano, ele ligou-me. Contou-me que estava com muitos livros de uma biblioteca particular de um velho iniciado, porém, de origem russa, não era judeu. Foi desse falecido que caiu em suas mãos os 20 volumes da coleção planeta. Ofereceu-me tudo. Achei caro o valor pedido, mas pensei na Nina e decidi fazer o depósito; o fiz nos últimos dias de fevereiro.
Sexta-feira recebi o pacote. Os livros são bem conservados. Mas – finalmente – reuni KRISHNAMURTI, PARACELSO, ALLAN KARDEC, NOSTRADAMUS, BLAVATSKY, ROSO DE LUNA, BORREL, PAPUS, FIGANÍERE, MOLINERO, GUAITA, KOSMINSKY, LEPRINCE/FOUGUÉ, NICOLAS FLAMEL, SHIMON HALEVI, AUROBINDO e IDRIES SHAH.
Aproveitei a noite de sábado para ler o até então desconhecido Idries Shah, na verdade, autor de 2 volumes, o primeiro deles intitulado “Magia Oriental” e o segundo “Ritos Mágicos e Ocultos”. Confesso que são teses intrigantes.
Durante muitos anos dediquei-me apenas a ler clássicos; vivi muito sociologia, filosofia e psicanálise (embora a anti-psiquatria tenha me seduzido ao extremo). Assim, nunca fui além de Freud. Entretanto, voltei muitos anos no tempo. Num grupo de estudos freudianos que tínhamos me São Leopoldo, nos idos de 86/87/88…debochávamos de Jung, justamente pela crítica que o apresentava como místico, ligado às ciências ocultas…Curiosa minha volta, alguns diriam: curioso corte epistemológico, mas a verdade é que iniciei uma transição de Freud para Jung, um fato que jamais teria admitido anos atrás. Imaginem eu com uma biblioteca de ocultismo em casa? Mas é, aconteceu, são tantas coisas mágicas acontecendo em minha vida, minha filhinha e tantas questões sem respostas, que estou abrindo-me a novas literaturas, a novos entendimentos, a novas buscas.
Como o ser humano é complexo. Transitei do cristianismo para o marxismo, desse para a psicanálise e identifico-me, agora, numa outra transição, de volta a Cabala judaica e lendo ciências ocultas. Talvez eu nunca tenho abandonado a Cabala, não sei exatamente, apenas notei que com o nascimento da Nina voltei a refletir sobre suas bases teóricas e pressupostos metodológicos, pela base, transmissão de valores e plano ético diante da vida. Até entre os bandidos é preciso ética, não sem razão a máfia faz escola com seu ethos. Aqui em Santiago os bandidos são tão medíocres que não conseguem nem ter uma ética de mínima, que é a ética de cumprirem os acordos e manterem a palavra empenhada. Fora disso, são esgotos correndo a céu aberto com a exposição pública da charneca, por onde correm fezes, urinas, cuspes e catarros, sangue e até fetos.
Durante muitos anos acreditei que o Arqueômetro de Saint-Yves d’Alveydre contivesse mesmo todas as chaves das nossas religiões. Cheguei inclusive a aceitar um apêndice de apoio literário de Yves-Fred Boisset, que foi a agradável leitura do seu livro “Saint-Yves d`Alveydre: A Sinarquia, o Arqueômetro – As chaves do Oriente”. Contudo, na minha cabeça, no meu cérebro, esse livro de Boisset provocou um efeito contrário, pois muitas coisas foram desconstruídas. E depois…não consegui juntar os cacos, os fragmentos dispersos de informações que se apresentavam concatenadas, de alguma forma, em harmonia na minha mente.
Essa desconstrução foi horrível por um lado, mas de outro foi muito libertador. Durante anos parei de tentar entender tais sistemas por dentro e prendi-me mais na análise discursiva aparente. Agora, de alguma forma, estou voltando, ou dando voltas em torno de teorias, porém sempre sozinho, sem pessoas para encetar reflexões. Num terrível acaso, descobri que Steiner era discípulo de Goethe e suas teorias evolucionistas e foi quando rasguei tudo que sabia sobre antropologia num terrível nó existencial. No curso de ciências sociais, eu estudei muito, aprendi muito e pude dissecar bem o pensamento dos padres jesuítas sobre antropologia. Mas foi no marxismo que encontrei respostas bem mais sedimentadas. Apenas fiz uma junção de ambas as visões. Meu primeiro professor de Antropologia, cujo livro mantenho em minha biblioteca, era um padre que renunciou à batina, casou e morreu enfiado embaixo de um caminhão junto com suas filhinhas.
Por tudo, tenho me cuidado muito, estou perto de chegar a algumas conclusões sobre o ocultismo como uma transição de mundo superiores, mas vou indo, talvez eu morra antes, não sei. Quando a Nina fica longe de mim, sobra-me muito tempo, abandono o Direito e finco-me nessas leituras que levam-me a análises complexas. Agora, estou feliz com os livros que recebi nessa semana. Apenas escrevo em busca de compreensão e quiça de algum iniciado sincero disposto a tais reflexões. E que não seja desse grupo macabro local que não me suporta e que passa tentando me matar. Só eu sei como recebo suas energias. Eles passam tentando, mas não será fácil. Mal entendem que o ódio deles contra mim e a Eliziane acaba se voltando contra eles próprios. Acabam sofrendo sem entender a razão da escravidão espiritual de que são vítimas.

Eu conheço suas armas e seus dardos de Pirro.

Há muitos anos li e compreendi Maquiavel e Sun Tzu.
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