Oposição e situação em Santiago. Nomes e legendas, virtudes e devaneios…

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O futuro da oposição em Santiago é – certamente – o mais nebuloso possível. A última eleição municipal demonstrou cabalmente a extensão dos erros oposicionistas.

Miguel Bianchini

As lideranças mais fortes são Miguel Bianchini, Guilherme Bonotto e Marcelo Brum. O advogado Paulo Rosado, em que pese a bela performance de notável orador e preparo técnico, já declarou que não concorre mais, e isso é uma perda para todos nós.

Guilherme Bonotto, a quem apoiei, entusiasticamente, embora derrotado, fez uma votação bem expressiva para os padrões das oposições santiaguenses. Conseguiu unir amplo espectro de forças em torno de si e constituiu-se uma liderança exemplar. Entretanto, logo após a performance eleitoral, abandonou completamente a política partidária, abdicou do próprio capital político que constituiu e deixou órfãos todas as pequenas lideranças emergentes, mas com futuro.

Guilherme não fez nenhum trabalho e nenhum esforço para manter unido o seu pessoal; isso foi um grande erro. Certamente ficou magoado com as questões pessoais derivadas do insucesso e de sua brevidade na leitura. Mas tinha um grande futuro, até por ser jovem, muito preparado e tido como um amigo leal e muito fraterno. Construiu-se pelos seus méritos e suicidou-se – politicamente – pelo abandono de tudo e de todos, embora o escopo de sua opção seja o trabalho.

Marcelo Brum

Marcelo Brum é um desastre completo, não soube nem organizar um diretório em Santiago, inobstante ter a máquina e o poder derivado de um mandato legislativo federal. O PSL em Santiago amargou um grande fracasso em 2020. Ademais, atua em cima de máxima que sua preocupação é com as pessoas e não com os partidos. Um lindo epiteto, mas que contraria a lógica do sistema eleitoral atual, que sequer admite candidaturas avulsas. Marcelo teria tudo para firmar-se no campo oposicionista local. Porém, preferiu uma carreira solo, não aglutina e cometeu o terrível erro de sair de sua terra natal e do berço que lhe premiou generosos seis mil e tantos votos.   É claro que terá um reconhecimento individual pela importância das emendas que carreia ao hospital, o que é o ponto alto de sua atuação parlamentar.

Miguel Bianchini sofre do mesmo mal e tem uma trajetória um tanto ziguezagueante. Mas ainda é a maior liderança que temos em Santiago no campo oposicionista. Não se rendeu, soube assimilar os resultados desfavoráveis, não abandonou a vila onde mora, anda de cabeça erguida, e tem tudo para reverter o quadro desfavorável. Ademais, é extremamente honesto. É o tal honesto até demais. Pessoalmente, tenho uma leitura que ele crescerá na eleição de 2022, pois foi elegante na derrota, não fugiu de Santiago, e segue firme na luta ao lado do Vereador Gildo. As pessoas observam o comportamento dos políticos. O Bianchini tem demonstrado firmeza e convicção e isso amplia o seu poder de convencimento e persuasão. É só fingir que ama a todos e sair distribuindo beijos em velhinhas que nem o Thiago.

José Shulte

Temos um fato novo em Santiago, pouquíssimo explorado, mas que tem potencial e bala na agulha. É o médico neurocirurgião José Shulte. Altamente formado, referência em amplos grupos bolsonaristas espalhados pelo Estado, bem situado financeiramente e potencial candidato em 2022. Soube uma reunião do grupo que o apoia em Santiago com o grupo afim de Cruz Alta. Tudo indica que concorrerá a deputado federal, tendência maior do grupo, ou a estadual, tendência menor do grupo…. mas é o fato novo emergente dentro de Santiago. Ademais, carismático, atencioso e atende em 21 municípios. Todos sabemos do poder de influência que os médicos exercem nas comunidades. Shulte é de direita, é bolsonarista e não é ligado ao grupo tradicional do PP. Ademais, tem voo próprio, tem luz própria, não é falcatrua, é um médico muito sério e honrado. É um potencial candidato.

O PP ainda vai se digladiar. Tiago Lacerda quer largar o cargo de prefeito e empreender uma carreira de deputado estadual. Corre o risco de repetir o fenômeno Vanderlan Vasconcelos, ex-prefeito de Esteio, que após uma belíssima vitória largou tudo e apostou numa candidatura a deputado estadual e foi massivamente reprovado pela população.

Tiago, na minha opinião, deveria cumprir o mandato para o qual foi eleito, pois corre o risco de repetir o fenômeno Vanderlan e se matar precocemente por ter ido com muita sede ao pote. O PP está tão bem que só se matando entre si é que podem naufragar. Num confronto direto Tiago contra Bianchini, a população pode se vingar por Tiago ter abandonado o cargo e votar no Bianchini. É um risco que ele corre e ninguém do staff pensa nessa hipótese.

Júlio Ruivo

O melhor do PP seria Ruivo ir a estadual. Está sem mandato, se ferrou sozinho na última eleição, mas está vivo, é bem formado, relativamente novo ainda e agora já sabe quem são os jacarés dentro do próprio lago.

Também, o desgaste de Bolsonaro, curiosamente, agora o beneficiará, pois ele e seu grupo mais próximo foram todos de Haddad. Agora, para presidente, vai de Eduardo Leite.

Ruivo é o páreo mais duro para Bianchini, por incrível que pareça. Só vai ter que largar a tetinha do IPE Saúde, mas sabendo que será deputado estadual, vale a pena.

Creio que a dobradinha Ruivo e Tiago, indo um para federal e outro para estadual não emplaca dentro de Santiago. Embora isso é o que passe na cabeça do Heinze, que é o mais forte candidato ao governo do Estado, hoje.

Em suma, as cartas no PP estão postas e a hegemonia é absoluta. Para morrerem, só se matando entre si.

Restará a Bianchini a tarefa de ser o grande pai das oposições de Santiago. É claro, pessoas morrem e alteram o curso da história. Ainda temos muita coisa pela frente até outubro de 2022. Temos COVID semeando desgraça, acidentes de carros, escândalos sexuais, mortes naturais, maridos traídos matando candidatos ( já tivemos isso, nunca esqueçamos) enfim, a história não é absoluta. Aqui em Santiago, em nosso Estado e no país … tudo são hipóteses.

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