A crise financeira que se abateu sobre as categorias profissionais

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Tenho conversado com colegas advogados e os relatos da precária situação financeira são assustadores. O advogado, liberal autônomo, sem outra renda, vive um caos sem precedentes. Houve um movimento em Porto Alegre e não sei os desdobramentos, mas pediam um auxílio de um salário mínimo ao tribunal de justiça. Sugeri ao movimento que era mais prático se inscrever no auxílio emergencial do governo federal, dado nossa condição de autônomos.

O OAB de São Paulo passou a distribuir cestas básicas para os advogados mais prejudicados pela extensão da crise, com o assim chamado auxílio alimentar.

Como muito bem me relatou o colega Paulo Bandeira, com honestidade e transparência, o último ingresso de receita em seu escritório ocorreu em setembro do ano passado.

Comigo, aconteceu exatamente isso. O último ingresso que eu tive de atividades jurídicas propriamente ditas, aconteceu – também – em setembro de 2019. Participo de dois grupos de whatsapp e os relatos de quem vive – exclusivamente – da advocacia são todos semelhantes. As pessoas pararam de pagar e o caos tomou conta. Paralelo a isso, enfrentamos a greve, férias forenses e agora a pandemia.

Enfrentar a dificuldade de frente, sem mascarar a realidade, é admitir que um trabalhador jurídico é um trabalhador como outro qualquer; o mesmo está acontecendo com os jornalistas, com demissões em massa nos grandes veículos (só a Editora Abril demitiu 800 profissionais de mídia).

Outro dia um colega advogado, no auge de sua seriedade, me disse que se não fosse beneficiado com o auxílio emergencial, estava prestes a assumir uma outra atividade, pois sua situação era desesperadora.

Mesmo com a volta das atividades forenses e a reaberturas dos escritórios, ainda vai um bom tempo para a situação normalizar. É patético que estejamos passando por tudo isso. Mas é o custo de quem opta por trabalhar por conta e a grande maioria dos advogados são pessoas decentes, honradas, que vivem do suor do seu trabalho. É claro, têm advogados ricos, com poupança, com outras rendas, mas estes são uma minoria, perto do grande contingente da categoria.

Tenho recebido relatos de advogados militantes de Sapucaia, Canoas e Guaíba. A situação é mesma. Alugueres atrasados, contas atrasadas, em suma, a situação é a mesma nas regiões metropolitanas, talvez até pior, dado ao elevado custo de vida.

É claro, a crise atingiu em cheio diversas categorias profissionais, regulamentadas ou não. Eu sei dos colegas de gráficas, onde eu participei, que praticarem fecharam as portas.

Não sei se nesse ano de 2020 conseguiremos voltar à normalidade. Temo que não. E o peso de uma realidade socioeconômica que se abateu sobre todos nós que vivemos do nosso trabalho autônomo. Quem ainda tem uma renda fixa, não estão sendo tão atingidos. Mas e se o pior ainda acontecer?

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