Minha filha e suas histórias e minhas histórias

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Ontem, sexta-feira, eu fui buscar minha filhinha no Colégio onde ela estuda. Não sei por que razão, Nina pediu-me para esperá-la no bar. Os alunos saem todos em fila e a professora,  na frente.

O colégio é o Sagrado Coração de Jesus, um colégio cristão, dirigido pelas irmãs católicas. Um excelente colégio, tudo funciona com harmonia. Tendo chegado um pouco antes, observo o perfil dos pais. Pelos trajes, etiquetas, é fácil notar que se trata de uma classe média alta. Ninguém me conhece, aliás, poucos me conhecem. Porém, noto que são pessoas bem educadas. Todos me cumprimentam. Alguns devem me conhecer. Muitos pais e muitas mães. Todos esperando por seus filhos. Não vejo negros, são todos brancos, loiros e muitos olhos azuis. É claro, são famílias dominantes, devem ser todos Bolsonaro e PP do Heinze. Imagino algum trabalhista perdido. Os petistas devem estar com seus filhos nas escolas públicas. (Lá tem bastante greve, matação e despreocupação com a qualidade do ensino).

O ambiente é muito saudável, as crianças brincam em harmonia.

Não tenho dúvidas que dali saem todos para as federais. A qualidade do ensino é altíssima. Minha filha sempre me relata sobre as aulas, a qualidade dessas, e o que estão aprendendo. É a Rede Verzeri. Dispensa maiores apresentações. As crianças são educadas num ambiente cristão, os shorts das guriazinhas são longos, nada de ficar mostrando as pernas. Ali aprendem a educação formal e subjacente, bons hábitos, na linguagem, nos modos, na postura. Devem ser ligados ao Papa Francisco, um Papa progressista, sem dúvidas, de esquerda. É a contradição. E viva a Dialética.

Uma mãe lindíssima, com um vestido transparente, por trás a silhueta de um bem formado e escultural corpo. Desvio meu olhar, só a tentação é pecado. Sou evangélico.

Aos poucos, os pais vão chegando. Quando os alunos saem, são agraciados com abraços e beijos paternos e maternos.

Agora, então entendo o porquê de minha filha ter-me pedido para esperá-la naquele local. Não sabia. Sempre a esperava na entrada. Logo, vejo as crianças saindo, alegres. Minha filha me vê e eu a distinguo na multidão. Aquele olhão verde é inconfundível no meio dos demais. Nina beija sua professora e corre me abraçar. Balbucia que está com saudades e me abraça várias vezes. Ela sorri feliz. Subjetivamente, deve ter um significado para ela, que nunca ou quase nunca tem o pai para buscá-la. Está radiante. Sai abraçada em mim.

Carrego suas mochilas no carro e antes vamos comer um pancho argentino, com coca-cola sem açúcar. No bar, o pessoal já nos conhece, são cordiais, amáveis e sabem quem somos. Nina come seu pancho, e pega dois enroladinhos para a viagem. Antes, ela faz vários selfies comigo.

Nina sempre me conta sobre as notas, as notas ainda não saíram, mas ela deve ter ido bem;  me conta que foi na pizzaria com a mãe dela, e que gastaram 60 reais. Quando a avó está lá, comem em casa. São relatos e mais relatos. Uma metralhadora.

A viagem foi tranquila. Ligo o som, ela se tapa pelo frio do ar e logo adormece. Acorda quando estamos em Santiago.

Uma amiga a convida para um aniversário infantil. Ela agradece, diz que prefere ficar em casa. Logo, encontra Sara, uma menina amiguinha.

Filha cósmica da Renata, pega sua prancheta, folha e lápis coloridos e brincam até perto da meia noite…dezenas de desenhos.

A seguir vem para casa. Pede-me um pedaço da pão com chester de peru e suco de uva. Pega meu computador de mesa e vai assistir seu canal preferido no youtube: ACONTECEU MESMO.

Marcelo Brum conversa comigo ao telefone. Está vibrante e eufórico com a recepção em Ijuí, onde foi levar uma emenda de milhão e meio. Marcamos uma conversa para hoje, o objetivo é apenas dar boas risadas.

Nina não perdeu a mania de dormir abraçada no meu braço.

Quando, finalmente, ela dorme, eu fujo da cama. Vou para o computador assistir aos golpistas pregarem o fechamento do STF. Leio o Le Monde e vejo o quanto a situação no Chile está explosiva. Confrontos com o Exército, povo rebelado. Massacraram o povo ao extremo e agora jogam a culpa na esquerda.

Perto das 4 horas da manhã, já bem informado, decido dormir. Minha filhinha dorme tranquila e serena. Ela sempre diz que eu a passo confiança. Ela me surpreende sempre: agora me diz que acredita em reencarnação. Não a contrario. Dou-lhe (emprestado) um livro que ganhei da amiga Marceli Machado Belmonte, o Espiritismo Segundo Allan Kardec. Mas antes pergunto de quem é a influencia: não é a mãe, não é avó, não é o avô e nem sou eu. Eu mereço, imagino que seja uma fase. Logo ela vai dar razão ao Stephen William Hawking. Se o Olavo de Carvalho já foi mulçumano, e todos os ícones da direita nacional já foram comunistas, alíás, o próprio Olavo, não me preocupo muito com as fases na vida de uma criança de apenas 9 anos.

Deixo fluir a vida. Nunca fui de me meter nas decisões de minha filha. A liberdade ainda é a melhor escolha e escola.

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