Debilitando a filosofia, por Franklin Cunha*

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DEBILITANDO A FILOSOFIA

Gianni Vattimo e “Il pensiero debole”.

2013.11.05 – Porto Alegre/RS/Brasil – Entrevista com Franklin Cunha. Foto: Ramiro Furquim/Sul21.com.br

Desde Vico, Croce, Gramsci, Bobbio agora com Gadamer, Losurdo e Vattimo a Itália continua a nos surpreender com a grande qualidade intelectual invectiva de seus filósofos. Gianni Vattimo é um dos filósofos mais importantes do mundo. Os ensaios Debilitando a Filosofia com a colaboração de grandes figuras como Umberto Eco, Richard Rorty e Charles Taylor, todos introduzem suas ideias a um público cada vez maior na Europa. Vattimo pergunta se é possível ainda se falar de imperativos morais, direitos humanos, individuais e liberdades políticas? Reconhecendo a força do Deus que morreu de Nietzsche, Vattimo insiste e se manifesta por uma filosofia del pensiero debole, “pensamento débil”, onde afirma que valores morais podem existir sem ser garantidos por autoridades externas. Sua interpretação secularizante acentua elementos antimetafísicos e coloca a filosofia em relação com a cultura pós-moderna.

Vattimo explica que a expressão pensamento débil foi tirada de um ensaio de Augusto Viano, onde este anuncia especificamente que nunca ninguém tinha interpretado a ontologia da decadência como uma ontologia débil, incompleta, porque os interpretadores continuavam pensando em termos metafísicos do Ser como pensava Heidegger.

No entanto, o pensamento débil em sua atual concepção, inclui justificações políticas, sociais e ideológicas muito claras. O seu livro O Sujeito e a máscara (1974) foi escrito como um manifesto filosófico-político para a nova esquerda democrática e para as pessoas que não somente querem mudar as relações de poder como também a estrutura subjetiva do sujeito. Uma condição não se torna possível e factível sem a outra.

Vattimo sempre prefere uma interpretação niilista de Heidegger,dita esquerdosa, a uma a uma interpretção teológica negativa,direitosa. Esta leva o retorno do Ser no sentido de sua superação da metafísica como uma tentativa com grandes esforços e dificuldades insuperávies e a esquerdosa conduz à resignação, à uma leitura da história do Ser como um natural debilitamento político do mesmo. Em suma, Vattimo justifica essas interpretações assinalando que as diferenças ontológicas servem para por fim à identificação do Ser com entes apenas metafísicos e/ou, alternativamente, à submissão dos seres humanos às férreas engrenagens do tempo, do espaço e da alma, o que resulta em organizaçoes e sociededes totalitátias como Chaplin bem mostrou em Tempos Modernos.

E se tivermos olhos para ver, ouvidos para ouvir e cérebros para pensar e interpretar , poderemos chegar às mesmas conclusões do gênio de Gianni Vattimo à vista das atuais realidades políticas, econômicas e culturais de nosso país.”Et urbi et orbe”

*Franklin Cunha, Médico, Membro da Academia Rio-Grandense de Letras

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