Para mim, francamente, a OAB é uma entidade que não precisava existir. Cobra mensalidade dos advogados e toda a infraestrutura de suporte jurídico aos operadores do Direito é concentrada em Porto Alegre. Tudo é Porto Alegre e beneficia a Grande Porto Alegre.
Os servidores da Subseção de Santiago (RS) são pessoas fabulosas, fantásticas. Talvez nem a diretoria local tenha culpa. Talvez a culpa seja da acriticidade da categoria. Aliás, sociologicamente é um erro falar em classe.
O que não é Porto Alegre está concentrado dentro do Poder Judiciário Estadual.
A sala da OAB de Santiago (RS) na Justiça do Trabalho local não tem um chá, um cafezinho, não tem cadeiras decentes e tem uma máquina de datilografia.
Acreditem, não sobrou ainda para comprar um computador. O único equipamento disponível, é do TRT-4, com quase tudo bloqueado (Facebook, correio de mensagens, etc.). Imaginem, com centenas de advogados pagando mensalidade e a sala da OAB no prédio da JT não tem uma impressora, um computador e ainda mantém uma máquina de datilografia dos anos 80, 70 … sei lá … Mas não tem papel, uma folha sequer.
Não entendo como os advogados são tão acríticos, tão pacientes, tão lenientes. O dinheiro das mensalidades precisava ser investido aqui na Subseção local e pronto.
Ao contrário, vai tudo para Porto Alegre… lá eles têm tudo. Não há do que se queixar. Na prática, os advogados do interior trabalham para pagar mensalidade, para sustentar quem opera em Porto Alegre e Grande Porto Alegre.
E nem estou falando na parte política da OAB, que de tradição gloriosa de resistência democrática, virou no que todos nós bem sabemos. Um sabão, sabonete, qualquer coisa do gênero.
Tem bico de tucano e aquele painel com o logo-símbolo da OAB de um lado, e o ´G´ da maçonaria de outro, pelo amor de Deus, Eterno, Alá, Jeová, Grande Arquiteto do Universo, seja lá o deus que for, ultrapassaram as raias do bom senso.
Se já é ridículo disporem uma máquina de datilografia numa sala da OAB num prédio público federal, o que dizer de usar os símbolos privativos da Ordem com os da maçonaria?
A OAB não precisa mudar. O que precisa mudar é o modo de pensar dos advogados. Se até os juízes federais dão exemplo de luta pelos seus interesses, os advogados aceitam tudo … tudo … tudo … acriticamente.
Mudando o modo de pensar dos advogados, a OAB – por si só – será diferente. O advogado tem prerrogativas legais e constitucionais, exerce múnus público e – no interior – é um grupo que não passa de massa de manobra para dar legitimidade às ações dos que vivem nas capitais … Tentem encontrar, para uma consulta emergencial, um NCPC comentado na sede da OAB?
Aliás, onde fica a biblioteca da OAB em nossa Subseção?
Tudo tem que ser repensado. Ou desconstruído. Para das cinzas, depois do caos, ver se surge uma estrela cintilante. Do contrário, a Nina (milha filha, 7 anos de idade) vai ser advogada daqui 15 anos e a sala da OAB na Justiça do Trabalho vai continuar com uma máquina de datilografia…